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quarta-feira, 16 de julho de 2025

Igreja de Inglaterra aprova programa com 170 milhões para vítimas de abusos

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Foto do Sínodo Geral anglicano, reproduzida do site da Igreja de Inglaterra: a decisão do fundo passou por aqui.

Site abre a 18 de julho

 | 15/07/2025

No dia 18 de julho estará disponível um site público no qual as vítimas de abusos por parte de membros da Igreja de Inglaterra (Anglicana) poderão inscrever-se para receber todas as informações relativas ao acesso ao programa de reparação que o Sínodo Geral daquela Igreja votou no dia 14 de julho, contendo um fundo de 150 milhões de libras (um pouco mais de 170 milhões de euros).

Phil Johnson, uma das vítimas sobreviventes que participou na elaboração da proposta, citado pelo Christian Today, reagiu à aprovação: “É o culminar de anos de trabalho árduo e, quando for iniciado, fará uma enorme diferença na vida das pessoas. Para a Igreja, é uma oportunidade de retificar parte do dano causado às vítimas e aos sobreviventes.”

De acordo com aquele jornal, o programa de reparação levará em consideração não apenas o abuso cometido por um agressor individual, mas também o impacte sobre alguém causado por responsáveis da Igreja que não deram crédito, ou não agiram, com base nas informações fornecidas sobre abusos.

O bispo de Winchester, Philip Mounstephen, presidente do Conselho do Projeto de Reparação, apresentou a proposta ao Sínodo Geral defendendo que: “Uma vez operacional, este programa independente e focado nas vítimas e nos sobreviventes será uma resposta crucial a uma necessidade imperiosa. Fará uma diferença real na vida das pessoas, oferecendo não apenas reparação financeira, mas também sinceros pedidos de desculpas, reconhecimento e cuidado, tratando as vítimas com a justiça, a compaixão e a dignidade que elas merecem.”

Contudo, algumas vozes chamaram a atenção do Sínodo para que não se pensasse que a aprovação do programa poria um ponto final no tema dos abusos. Entre elas, destacou-se Jonathan Gibbs, bispo de Rochester e sobrevivente de traumas de infância, ao afirmar: “O risco que corremos é o de pensar que podemos ordenar a vida da Igreja de tal forma que o abuso não aconteça, mas a realidade é que tal nunca acontecerá. O pecado acontece, o abuso acontece, e precisamos de uma teologia saudável e realista da humanidade pecadora que nos mantenha constantemente em guarda.”

O programa de reparação foi votado após um longo debate em que foram propostas várias especificações sobre o direito de defesa dos acusados, sendo todas elas rejeitadas a favor do que já vinha consignado no projeto. Após quatro anos de debates e discussões o projeto recolheu apenas uma abstenção e um voto contra. Os votos divididos pelas “três Casas” que compõem o Sínodo Geral ficaram assim distribuídos: Casa dos Bispos 26-0; Casa dos Clérigos 129-1 (e uma abstenção); Casa dos Leigos 140-0.

De acordo com as disposições que regem a Igreja de Inglaterra nas suas relações com o Parlamento e a Coroa, o programa entrará em vigor logo após ter sido aprovado por aquele e ter obtido a subsequente sanção real.

Church Times explica que a publicação, no último outono, do relatório Makin [ver 7MARGENS] sobre os abusos cometidos por John Smyth, um destacado membro da Igreja de Inglaterra, levou à revisão de última hora do programa, dado que se tornou evidente que este, com as regras que então o compunham, poderia não contemplar algumas das vítimas abusadas por Smyth. Os critérios para estabelecer quem pode ser aceite para ser indemnizado foram então ampliados de modo a incluí-las, o que prolongou a última fase de elaboração do programa.




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