O Patriarca Ecuménico Bartolomeu, líder espiritual da Igreja Ortodoxa, afirmou que o aumento das ondas de calor pelo mundo e os extensos incêndios florestais em regiões como a Amazónia fazem cada vez mais necessárias “mudanças críticas e proporcionais” e tornam os ecossistemas mundiais cada vez mais vulneráveis. Os milhões de árvores que têm estado a arder são “vitais para o solo, para a nossa sobrevivência e para a nossa alma” e as “árvores não são valiosas apenas na sua beleza estética ou no seu benefício comercial, mas essencialmente para a nossa defesa contra as mudanças climáticas”, afirma, num comunicado divulgado no fim-de-semana e citado no ReligionDigital.
A perda de florestas e de selvas não consegue ser remediada pela plantação de mais árvores, por mais “aconselhável” que seja o gesto seja, afirma Bartolomeu, conhecido como o “patriarca verde”, pelo seu empenhamento na causa ecológica já desde há anos. Para o líder espiritual dos ortodoxos, esta crise de incêndios florestais em várias zonas do mundo faz “soar o alarme sobre as repercussões urgentes e graves do aumento do nível de emissões de carbono”.
No mesmo comunicado, o patriarca anuncia a publicação de uma encíclica acerca do cuidado da criação visto numa perspectiva do cristianismo ortodoxo no próximo domingo, 1 de setembro.
O patriarca Bartolomeu promoveu, ao longo de vários anos, simpósios que reuniram cientistas, ambientalistas, líderes religiosos e teólogos em diversos lugares ameaçados pela poluição ou destruição ambiental. Um dos simpósios decorreu precisamente em Manaus e na Amazónia, em 2006.
Terça-feira, 27 de agosto, a Rede Eclesial Pan-Amazónica (Repam), da Igreja Católica, alertou por seu turno para a situação de “extrema gravidade” que se vive na região norte do Brasil, afetada pelos maiores incêndios registados este ano.
“Unimo-nos aos diversos pronunciamentos que, em consonância com o magistério do Papa Francisco, exortam a toda a humanidade a tomar consciência das sérias ameaças desta situação e a esforçar-se por cuidar da casa comum, levantando as suas vozes e encontrando caminhos concretos para uma ação pacífica, mas firme, exigindo que ponha fim a esta situação”, refere o texto, citado pela Ecclesia e assinado pela presidência da Repam.
Este texto teve o contributo de António Marujo
Sem comentários:
Enviar um comentário