O Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento promovido pela UNESCO como forma de destacar o papel da ciência na edificação de um mundo melhor, é celebrado desde 2001.
“A ciência deve estar sempre ao serviço da paz e não vice-versa”. Palavras do Papa Francisco ao receber os 400 participantes no encontro promovido pela Associação Ciência e Vida que se comemorou no passado mês de Maio, em Roma.
O Santo Padre recordou então que “o amor de Cristo nos impele a tornarmo-nos servidores dos pequenos e idosos, de cada homem e mulher, dos quais devem ser tutelados o direito primordial à vida e convidou os membros da Associação Ciência e Vida a manter o olhar à sacralidade da cada pessoa humana, para que a ciência esteja realmente ao serviço do homem e não o homem ao serviço da ciência. No final do encontro lembrou ainda “todos os atentados perpetrados contra a sacralidade da vida: o aborto, a exclusão dos mais necessitados, a morte no trabalho, a morte por desnutrição, o terrorismo, a guerra, a violência, e a eutanásia, convidando-os a “cultivar e respeitar a dignidade transcendente do homem e a realçar uma renovada cultura da vida, que saiba oferecer horizontes de paz, de misericórdia, de comunhão e de diálogo profundo com o mundo da ciência”.
Também na Laudato Si Francisco nos alerta: “A humanidade entrou numa nova era, em que o poder da tecnologia nos põe diante duma encruzilhada. Somos herdeiros de dois séculos de ondas enormes de mudanças: a máquina a vapor, a ferrovia, o telégrafo, a electricidade, o automóvel, o avião, as indústrias químicas, a medicina moderna, a informática e, mais recentemente, a revolução digital, a robótica, as biotecnologias e as nanotecnologias”. É justo que nos alegremos mas não podemos ignorar o poder tremendo dos que detêm o conhecimento e, sobretudo, o poder económico para o desfrutar, um domínio impressionante sobre o conjunto do género humano e do mundo inteiro. Nunca a humanidade teve tanto poder sobre si mesma, e nada garante que o utilize bem sobretudo se se considera a maneira como o está a fazer. Basta lembrar as bombas atómicas lançadas em pleno século XX, bem como a grande exibição de tecnologia ostentada pelo nazismo, o comunismo e outros regimes totalitários, e que serviu para o extermínio de milhões de pessoas, sem esquecer que hoje a guerra dispõe de instrumentos cada vez mais mortíferos”.
Quando a ciência e a técnica ignoram os grandes princípios éticos acabam por legitimar toda e qualquer prática e dificilmente será possível autolimitar o seu poder. É que nem tudo o que pode ser feito deve ser feito e ciência sem consciência será a ruína da alma, da dignidade e da humanidade.
Poderá ser um diálogo difícil entre Ética e Ciência, mas não será de todo impossível, basta que os homens de boa vontade se empenhem na descoberta e concretização dessa epopeia.
José M. Esteves
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