No dia 8 de Fevereiro celebra-se a Primeira Jornada Internacional de Oração e Reflexão contra o tráfico de pessoas
Roma, 03 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org) Rocio Lancho García
Lucy foi forçada a abortar oito vezes, estava apavorada
porque via o sangue jorrar para fora da torneira. Osagje, ficou doente
porque o frio da noite tinha penetrado nos seus ossos e em todo o corpo,
morreu com 25 anos. Edith via homens maus entrar pela janela e por trás
das portas e gritava pedindo ajuda. Gala sempre dizia: “ninguém pode
entender a vergonha que se sente estando na rua. Antes de sair faço o
sinal da cruz e quando volto outra vez, e dou graças a Deus por voltar
viva à casa”. São mulheres jovens, mães de famílias, menores de idades e
todas pedem ajuda, acolhida, um trabalho digno. Pedem compreensão e
oração.
Estes são alguns dos testemunhos que compartilhou a irmã Valeria
Gandini, missionária comboniana, que mora na Sicília há anos. Esta
religiosa faz parte de um grupo religioso de rua que procura
aproximar-se das mulheres vítimas do tráfico pela exploração da
prostituição e conhece muito bem o drama de imigração e das diversas
formas de tráfico que aproveitam desta situação para o lucro.
No dia 8 de Fevereiro - dia de Santa Josefina Bakhita, escrava
sudanesa que outrora se tornou freira – celebra-se a Primeira Jornada
internacional de oração e reflexão contra o tráfico de pessoas. O tema
desta Jornada é "Acenda uma luz contra o tráfico".
Para apresentar este evento, nesta manhã, estiveram na sala de
imprensa do Vaticano os cardeais João Braz de Aviz, prefeito da
Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de
Vida Apostólica; Antonio Maria Vegliò, presidente do Pontifício Conselho
para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e Peter Turkson, presidente
do Pontifício Conselho Justiça e Paz. Também participaram Irmã Carmen
Sammut, MSOLA, presidente da União Internacional das Superiores Gerais e
Irmã Gabriella Bottani SMC, Coordenadora de Talitha Kum (Rede
Internacional da Vida Consagrada contra o Tráfico de Pessoas), irmã
Valeria Gandini SMC e irmã Imelda Poole IBVM, coordenadora da rede
europeia de Talitha Kum.
Durante a apresentação desta Jornada, a irmã Valeria Gandini explicou
que para compreender o que isso significa o tráfico de seres humanos é
preciso encontra-se com as vítimas, escutá-las, olhá-las nos olhos,
abraça-las. “Falar com a mulher que sofreu a violência, que tiraram dela
a sua liberdade, que está constantemente controlada pelos seus ‘donos’,
violentada, ameaçada, comprada e vendida, e obrigada ao silêncio... e
compartilhar com elas os sentimentos, as emoções, os medos, é algo
indescritível... é tocar com a mão o fenómeno do tráfico das pessoas.
Enquanto isso, a irmã Imelda acrescentou que os religiosos não são os
únicos envolvidos neste trabalho, "é um compromisso que partilhamos não
só dentro da Igreja, mas também com outras organizações seculares e
outras confissões religiosas", explicou.
Também observou que esta Jornada é um começo, são os primeiros passos
de uma caminhada. E acrescentou que “certamente a figura do Papa, que
falou deste compromisso contra o tráfico, está nos ajudando”.
A finalidade do tráfico de pessoas, explicou que há ignorância e
medo. Medo de aproximar-se das vítimas e ignorância sobre o que está
acontecendo.
Além disso, a irmã Valeria falou sobre a responsabilidade dos
clientes, porque são eles "aqueles que pagam por sexo, mas o dinheiro
vai para a organização criminosa que está por trás". São avós, jovens,
adolescentes, "existe de tudo e nós o vemos”, disse. Também, acrescentou
que “um homem que precise comprar sexo não é verdadeiro homem”. Embora,
reconheceu a religiosa, “também eles são escravos, do sexo, e não se
dão conta de que se transformam nos primeiros exploradores”. O problema
muitas vezes é que as próprias mulheres não denunciam porque têm medo
das consequências e pensam "melhor que eu morra, em da minha família”.
Por sua parte, o cardeal Veglio lembrou que também existe o tráfico
das crianças, dos jovens nas guerras, existe o de órgãos ... E isso é
algo que não devemos esquecer.
(03 de Fevereiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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