Seu filho Naftali foi o primeiro sequestrado e depois assassinado, mas a senhora Rachel se esforça para que o rancor não prevaleça
Roma, 15 de Julho de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci
Esconde palavras claras contra toda forma de ódio, enfatiza a
importância da fé para não "afundar na dor", por fim agradece o Papa
Francisco pelo convite que ele tinha feito de ir visitá-lo. Convite que
Rachel Fraenkel aceitou com entusiasmo, tanto que a sua viagem a Roma já
havia sido planeada. Mas então veio a notícia da descoberta dos corpos
dos três jovens israelitas sequestrados, incluindo Naftali, seu filho.
Em uma entrevista à Família Cristã a mãe, chocada por esta
terrível perda, decidiu mostrar as suas emoções, enviando assim um
monte de mensagens cheias de dignidade. "Nós temos sete filhos - disse a
Sra. Rachel - Naftali é o segundo. Seu irmão mais velho estudou no
mesmo colégio, Makor Haim, em Kfar Etzion, e agora estuda a Torá na
Yeshiva, uma escola rabínica".
A fé, afinal, é um pilar dentro de sua família. Porque - diz a mãe do
menino assassinado - "a religiosidade, profunda e comprometida,
funde-se com a abertura para o mundo e a consolidação da cultura e do
espírito".
É a fé que está ajudando esta família israelita a viver o luto com
os irmãos menores de Naftali. "Com eles, nós, seus pais, falamos da
eternidade da alma e repetimos que Naftali pode permanecer sempre connosco, uma vez que não está limitado por um corpo", explica. Palavras,
mas também acções concretas, como revela: "Os preceitos, os costumes que
regem os primeiros sete dias de luto, a união da família, a capacidade
profunda de orar e até mesmo a regularidade e o hábito das orações,
forçam a pessoa a estar activa e não afundar na sua dor”.
Gestos que não dissolvem, porém, “a nostalgia profunda” que a família
sente por um filho que perdeu a vida. O importante, continua a senhora
Rachel, é evitar que da morte de um jovem surjam desejos de vingança e
sentimentos cheios de veneno. "É muito importante para mim que os meus
filhos não cresçam no sentimento de ódio e de raiva - reflecte -, que
sejam capazes de viver a atitude despreocupada, própria de sua idade, e
um crescimento sereno".
Serenidade que agora tem sido prejudicada por um gesto homicida, o
mesmo que também privou outra mãe, desta vez Palestina, do próprio
filho. Trata-se de Muhammad, 16 anos de idade, assassinado por alguns
colonos israelitas após a notícia da descoberta dos corpos dos três
colegas israelitas. A sra. Rachel não perdeu tempo, logo depois desse
episódio brutal ligou para a família do jovem palestino.
"Ligar para a família de Muhammad foi a coisa mais natural. Fiquei
chocada com esse crime e senti com todo o meu ser o sofrimento dos
pais", disse a sra. Rachel. Em seguida, declara estar "orgulhosa dos
tribunais israelitas" porque "correram para investigar e capturar os
culpados". Uma acção "muito importante", que pôde "enviar a mensagem de
que nenhum inocente deve ser atingido e somente a lei tem o mandato para
lidar com esses casos". Inocentes que nestas horas estão morrendo em
grande número, em Gaza, por causa de mais uma etapa de hostilidades que,
por décadas, afligem o Oriente Médio.
No final da entrevista, a Sra. Rachel finalmente fala do papa
Francisco, da sua peregrinação à Terra Santa, que "para Israel tem sido
um grande evento". Salienta que "o Papa também tinha permitido o
encontro connosco, pais dos jovens sequestrados”. A viagem a Roma já
estava programada. Antes que a descoberta dos corpos bloqueasse tudo.
“Mas, agradecemos muito o Papa Francisco pelo seu convite”, conclui a
mãe israelita. (Trad.T.S.)
(15 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
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