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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Para todos aqueles sacerdotes que dão a vida, a cada dia e silenciosamente...

Em Santa Marta, Francisco fala da unção e lembra os muitos párocos do campo e da cidade que não fazem manchetes, mas que prestam um serviço valioso para o povo de Deus


Roma, 27 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) Salvatore Cernuzio


Não era o centro do seu discurso, mas de qualquer forma Bergoglio, na homilia de hoje em Santa Marta, quis enviar uma indirecta para aquele mundo da comunicação sempre mais atento ao “barulho de uma árvore que cai”, do que “de uma floresta que cresce". Uma metáfora com a qual o Papa questionou a tendência dos jornais e jornalistas de se concentrarem em “um bispo que fez tal coisa ou um sacerdote fez tal outra coisa”, e manter silêncio sobre muitas obras de caridade realizadas por "sacerdotes santos" que dão suas vidas todos os dias e em silêncio.

"Sim - disse Bergoglio, fingindo o costumeiro diálogo com um fiel – também eu o li, mas, diga-me, nos jornais estão as notícias do que fazem tantos sacerdotes, tantos padres em tantas paróquias de cidade e de campo, tanta caridade que fazem, tanto trabalho que fazem para levar adiante o seu povo? Ah, não! Isso não é notícia”.

O 'desabafo' do Papa foi o resultado de uma reflexão sobre o valor da "unção" que Deus concede aos bispos e sacerdotes, fazendo o seu ministério especial. Se a Igreja não é uma ONG ou uma empresa, e bispos e padres não são chefes de escritório (como reiterou repetidas vezes Francisco) é precisamente por causa desta "unção" que lhes dá o poder do Espírito para não agir como uma organização humana, mas prestar serviço ao povo de Deus

Para explicar melhor o conceito, o Papa reflectiu sobre a primeira leitura do dia, quando o profeta Samuel fala sobre as tribos de Israel que ungiu David como rei: "Sem essa unção - disse o Papa - David teria sido apenas o 'chefe de uma empresa’,de uma  sociedade política, que era o Reino de Israel", teria sido um simples 'organizador político’". Com a unção, no entanto, "o Espírito do Senhor" desce sobre o jovem, o qual - narra a Escritura - "andava sempre crescendo em potência e o Senhor Deus dos exércitos estava com ele”.

O ungido é de fato uma pessoa escolhida pelo Senhor, afirmou o Papa. Bispos e padres com o óleo do Crisma recebido durante a ordenação “são ungidos, têm a unção e o Espírito do Senhor está com eles”. Portanto, “não são eleitos somente para levar adiante uma organização, que se chama Igreja particular”. É verdade também que "todos os bispos são pecadores", admitiu o Papa, mas "nós somos ungidos" e portanto “queremos ser mais santos a cada dia, mais fieis a esta unção”.

Isto é o que "dá unidade à Igreja": "a pessoa do bispo, em nome de Jesus Cristo, porque é ungido, não porque foi eleito pela maioria". "Nesta unção - acrescentou Bergoglio – uma Igreja particular tem a sua força. E por participação também os padres são ungidos”. Além do mais, graças a esta unção – continuou – prelados e sacerdotes estão mais próximos do Senhor que lhes dá a força para “levar adiante um povo, ajudar um povo, viver ao serviço de um povo”; mas também a alegria de sentir-se “eleitos pelo Senhor, guardados pelo Senhor, com aquele amor com o qual o Senhor nos guarda, a todos nós”.

"Pelo contrário - disse o Papa - não se pode explicar como a Igreja vai adiante apenas com as forças humanas". Se uma diocese ou paróquia vai para a frente é certamente porque “tem um povo santo”, “tantas organizações, tantas coisas”, mas especialmente porque tem “um ungido que a leva, que a ajuda a crescer”. E a história mesmo se esquece destes “ungidos”, destes “párocos do campo ou párocos de cidade, que com a sua unção deram força ao povo, transmitiram a doutrina, deram os sacramentos, ou seja, a santidade”.

“Conhecemos uma mínima parte”, observou o Pontífice, “mas quantos bispos santos, quantos sacerdotes, quantos sacerdotes santos que deixaram a sua vida ao serviço da diocese, da paróquia; quanta gente recebeu a força da fé, a força do amor, a esperança destes párocos anónimos, que nós não conhecemos. Existem tantos!”. Portanto, concluiu o Santo Padre, “pensando nesta unção de David, vai fazer-nos bem pensar em nossos bispos e nos nossos sacerdotes corajosos, santos, bons, fieis e orar por eles. Graças a eles que estamos aqui hoje".

(Trad. TS)

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