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sábado, 18 de janeiro de 2014

Foi menino pobre, refugiado do Vietname… Fez-se padre e hoje ajuda refugiados japoneses

Centenas de milhares de pessoas escaparam em barcaças do
Vietname, Laos e Camboja depois de 1975
Actualizado 7 de Janeiro de 2014

AsiaNews / ReL

Fugido com a sua família do Vietnam do Sul, acolhido no Japão há 28 anos, hoje é sacerdote. Nguyen Quang Thuan devolve o favor ao país que o alojou, dedicando-se a ajudar psicologicamente aqueles que foram evacuados das suas próprias casas depois do desastre nuclear de Fukushima em Março de 2011.

São pessoas hospedadas em alojamentos provisórios na cidade de Iwaki, prefeitura de Fukushima, que tendem a permanecer isoladas no interior das suas actuais casas e para as quais se criou um lugar de encontro chamado "outreach café", café de sensibilização.

Acompanhamento aos evacuados
O sacerdote vietnamita vai ali todos os dias: reza com os evacuados, escuta-os, trata de ajudá-los a sair do isolamento e a socializarem-se. O padre Thuan dedica-se a 10 dos complexos habitacionais, em colaboração com voluntários da Igreja Católica; juntos falam com os residentes.

"Os evacuados perguntam-se com preocupação se poderão no futuro voltar às suas casas. Eu trato de ser positivo com eles sobre o seu futuro, se bem que é só um pouco o que faço", explica Nguyen Quang Thuan.

Nasceu na periferia daquela que então se chamava Saigão, onde a sua família tinha uma plantação de café; Thuan tinha 5 anos, quando os seus pais decidiram fugir do país, no temor de perseguições por parte dos comunistas, vencedores da guerra do Vietname. 

Os "boat people"
Foi assim que uma noite se encontrou, junto com a sua irmã de 12 anos, numa das tantas barcaças dos "boat people", quase um milhão e meio de pessoas que depois de 1975 escaparam do Vietname, Laos e Camboja.

Na barca havia comida suficiente para três ou quatro dias. Thuan nutria-se com açúcar que os seus padres lhe tinham dado. Durante a viagem, um barco sem bandeira abordou a sua barca. Homens armados subiram a bordo em busca de dinheiro. "Não consigo ver películas de piratas", revela o padre Thuan, que conserva viva a recordação de tal experiência. 

Chega ao Japão
Apesar de tudo, depois de uma semana a barcaça de Thuan chegou à ilha indonésia de Galang. Depois de dois anos num campo de refugiados, junto com a sua irmã conseguiu chegar ao Japão, onde a família inteira conseguiu reunir-se depois de seis anos. O lugar foi a igreja católica da prefeitura de Miyazaki.

Os primeiros anos de escola não foram fáceis para ele: inscrito na escola primária, Thuan foi vítima do mau trato dos seus companheiros e por um lapso de tempo deixou de frequentar a escola. Mas estudou muito e conseguiu ser admitido na faculdade de Nanzan da Universidade de Ciências Humanistas. "Quis dedicar-me aos outros fazendo-me padre como o sacerdote que recebeu a minha família", explica.

"Os evacuados chegam aos alojamentos provisórios para escapar das radiações. Também eu escapei do meu país e cheguei aqui. Muitas pessoas ajudaram-me a chegar onde estou agora. É natural para mim ajudar os outros".

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