Entrevista com Mons. Tomasi, observador permanente da Santa Sé perante a ONU e organismos internacionais
Roma, 24 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
Terminou o primeiro encontro preparatório em Motreux para a
conferência de Genebra 2, destinada a obter com urgência um cessar-fogo
entre actores do conflito na Síria, como primeiro passo para conseguir um
governo de transição, uma nova Constituição e eleições em que o sírios
possam determinar o seu futuro.
A Santa Sé enviou Mons. Silvano Tomasi, representante junto ao
Departamento das Nações Unidas e instituições especializadas em Genebra,
que apresentaram ontem as propostas, e Mons. Alberto Ortega Martín,
oficial da Secretaria de Estado.
Zenit entrevistou por telefone Mons. Silvano Tomasi que indicou os
desafios que se esperam e as esperanças que se abrem, e revelou que o
secretário geral das Nações Unidas, o coreano Ban Ki-moon agradeceu ao
Papa Francisco pelo que está fazendo.
ZENIT: Eminência, como estão as negociações? Há sinais de esperança? Ou é uma babel onde cada um busca o próprio interesse?
- Mons. Tomasi . A situação é extremamente complexa, mas se
vislumbram alguns pequenos sinais positivos. O primeiro é que ontem
(quarta-feira, 22 de Janeiro, n.d.t.) estavam presentes, de fato, seja o
Governo da Síria que a oposição. E a comunidade internacional deu uma
mensagem muito forte, com a presença de uns quarenta Governos e
delegações. Quase todas elas, com excepção da Austrália e da Santa Sé,
foram guiadas pelos seus ministros de Relações Exteriores.
Portanto, manifestou-se a vontade da comunidade internacional.
Começando pela Kerry dos Estados Unidos, Lavrov da Rússia e o secretário
das Nações Unidas, Ban Ki -moon, que ontem guiou a reunião. Vale dizer
que foi um sinal claro que diz basta a esta violência e pressiona os
sírios, já que eles são aqueles que têm que resolver o problema,
começando com o cessar-fogo.
Amanhã (hoje, 24 de Janeiro, n.d.t.) começa aqui em Genebra as
negociações concretas entre as delegações do Governo e da oposição, para
encontrar um futuro acordo. É uma situação difícil, muito complicada
mas é necessário procurar que algo aconteça.
ZENIT: A oposição está profundamente dividida. Entretanto, consegue ter um porta-voz ?
- Mons. Tomasi: a oposição não estava toda representada em Genebra, e
especialmente há uma voz comum que quer que estas forças estrangeiras ,
esses grupos violentos que lutam na Síria vão para casa. Fala-se até
mesmo de mais de sessenta nações de onde provêm esses grupos de
mercenários e pessoas, inspiradas em extremismos, que chegam de países
ocidentais e islâmicos, que são um factor desestabilizador e que
complicam muito as negociações. Mas o ponto importante é que as pessoas
sérias da oposição e os representantes do governo parece que querem
negociar.
ZENIT: Como se faz para controlar essa galáxia de grupos extremistas que vêm de outros países?
- Mons. Tomasi: uma das recomendações da Santa Sé foi a de parar o
fluxo de armas e de dinheiro de todas as partes que estão em conflito,
de modo que seja possível se concentrar no direito humanitário. Ou seja,
cortar o fluxo de dinheiro que chega a este grupos extremistas.
ZENIT: E Assad, a transição é possível?
- Mons. Tomasi: O ponto de partida deveria ser as conclusões da
conferência de Genebra 1 realizada em Junho de 2012. Esta pede
substancialmente um Governo de transição, que seja preparada uma nova
constituição e sejam realizadas novas eleições livres.
Partindo desta parte do primeiro documento conclusivo de Genebra 1, é
preciso dar um passo depois do outro para concretizar aquele acordo que
foi aprovado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
ZENIT: Abre-se uma esperança?
- Mons. Tomasi: Vejamos e rezemos, porque a situação é muito complicada.
Tradução Thácio Siqueira
(24 de Janeiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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