Encerrados os trabalhos da comissão internacional de investigação, iniciados em Março de 2010
Roma, 20 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) Ivan de Vargas
O porta-voz da Santa Sé, pe. Federico Lombardi, confirmou
nesta manhã que a última reunião da comissão internacional de
investigação sobre Medjugorje aconteceu ontem. A comissão foi
estabelecida pela Congregação para a Doutrina da Fé em Março de 2010,
sob a presidência do cardeal Camillo Ruini, e os resultados dos seus
estudos serão submetidos agora às instâncias competentes da mesma
Congregação.
Ao criar a comissão, em Março de 2010, a Santa Sé lançou um
comunicado de imprensa informando que “a comissão internacional de
investigação sobre Medjugorje se reuniu pela primeira vez em 26 de Março
e, conforme já anunciado, o seu trabalho se desenvolverá em rigoroso
sigilo. As conclusões serão apresentadas às instâncias da Congregação
para a Doutrina da Fé”.
Medjugorje é um pequeno povoado da Bósnia-Herzegovina que se
transformou em lugar de peregrinação para milhões de pessoas, atraídas
pelas supostas aparições da Virgem Maria relatadas por seis videntes.
No fim de Junho de 1981, um grupo de jovens (Mirjana Dragicevic
Soldo, Ivanka Ivankovic-Elez, Marija Pavlovic Lunetti, Vicka Ivankovic,
Ivan Dragicevic e Jakov Colo) afirmou ter visto uma linda jovem que
lhes confiava mensagens. Desde então, os seis protagonistas declaram que
as aparições se repetem até hoje.
A comissão internacional de investigação sobre Medjugorje, composta
por cardeais, bispos, peritos e especialistas, foi constituída depois
que a comissão diocesana em Móstar considerou que o fenómeno
ultrapassava as competências da diocese. A Conferência Episcopal da
então Jugoslávia tampouco tinha chegado a uma conclusão sobre a
sobrenaturalidade ou não do fenómeno.
Os bispos da ex-Jugoslávia destacaram a necessidade de acompanhamento
pastoral, sob a responsabilidade do pároco e do bispo local, de todos
os fiéis que iam até o local para rezar. Eles pediram que a Congregação
para a Doutrina da Fé assumisse a situação.
O actual prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, dom Gerhard
Müller, declarou recentemente que as aparições da Virgem Maria aos
videntes de Medjugorje não podem ser assumidas como verdadeiras.
Müller recordou aos bispos dos Estados Unidos, em Novembro último,
que a posição da Igreja é a mesma já confirmada em 1991: "não é possível
afirmar se houve aparições ou revelações sobrenaturais". Esta
declaração aconteceu durante a visita de Ivan Dragicevic ao país
norte-americano.
O núncio apostólico nos Estados Unidos, dom Carlo Maria Viganò, a
pedido de dom Müller, enviou uma carta ao secretário geral da
Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, dom Ronny Jenkins.
No texto, ele afirmou que "um dos assim chamados videntes de Medjugorje,
o Sr. Ivan Dragicevic, programou visitas a certas paróquias do país",
nas quais, conforme tinha sido divulgado, "o Sr. Dragicevic receberá
‘aparições’".
Para "evitar escândalo e confusão", Viganò recordou aos bispos
estadunidenses que "os clérigos e os fiéis não podem participar de
reuniões, conferências ou celebrações públicas em que a credibilidade de
tais ‘aparições’ seja tida como certa".
Poucos dias depois, o papa Francisco disse, durante uma homilia na
Casa Santa Marta, em Roma, que a Virgem Maria “não trabalha nos correios
para ficar enviando mensagens todos os dias”.
O Santo Padre enfatizou que "o espírito de curiosidade nos afasta da
sabedoria, porque, com ele, só interessam os detalhes, as pequenas
notícias de cada dia". Esse espírito de curiosidade, que é mundano, leva
à confusão, advertiu ele. Para explicar melhor essa confusão, o
pontífice insistiu: "A curiosidade nos leva a achar que nosso Senhor
está por aqui ou por ali, ou nos faz dizer: ‘Mas eu conheço um vidente,
uma vidente, que recebe cartas de Nossa Senhora, mensagens de Nossa
Senhora’". A este propósito, Francisco acrescentou: "Nossa Senhora é mãe
e ama a todos nós, mas não é encarregada dos correios para ficar
mandando mensagens todos os dias".
Por sua vez, o cardeal Tarcisio Bertone explicou, durante as
investigações, que "as peregrinações privadas [a Medjugorje] são
permitidas e os fiéis podem contar com acompanhamento pastoral. Todos os
peregrinos católicos podem ir a Medjugorje, um lugar de culto mariano
em que é possível expressar-se através de todas as formas da devoção".
As declarações foram feitas em 2007 pelo então Secretário de Estado, em
entrevista ao vaticanista Giuseppe De Carli.
(20 de Janeiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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