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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Bispos da Bélgica opõem-se à eutanásia de crianças

A Conferência Episcopal questiona o projecto de lei em debate no parlamento e propõe o ponto de vista católico


Roma, 27 de Janeiro de 2014 (Zenit.org)


Reunidos no dia 22 de Janeiro para uma conferência em Grimbergen com especialistas nas áreas jurídica, médica e bioética, os bispos da Bélgica discutiram a legislação do país sobre a eutanásia. O episcopado belga se sentiu fortemente interpelado pelo projecto de lei actualmente em debate no parlamento, que estuda estender a eutanásia aos menores de idade, ou seja, a crianças e jovens.

“Por que legislar sobre um assunto tão delicado”, indagam os bispos, “quando se sabe que, na Holanda, essa lei existe desde 2006 e praticamente nem foi aplicada?".

A primeira reflexão é sobre a proibição de matar, que está na base de qualquer sociedade civilizada. De acordo com os bispos, o perigo é grande porque, ao se abrir a eutanásia para os menores, corre-se o risco de estender o suicídio às pessoas com deficiências, com doenças mentais e às pessoas que se dizem “cansadas de viver”. A lei que autoriza a eutanásia de crianças pode distorcer o sentido da vida humana e favorecer desvios em que a dignidade das pessoas só é reconhecida no caso dos não doentes e de quem não está em posição de fraqueza.

O segundo problema diz respeito às mudanças na prática médica associadas com os avanços na área da saúde. Assim, quando a medicina não encontrar soluções técnicas, ela tenderá a direccionar o foco para a eutanásia. Os médicos e profissionais da saúde, chocados, se perguntam qual é o seu papel entre os extremos do tratamento agressivo e da renúncia aos cuidados com a eutanásia.
A terceira questão diz respeito à passagem para a outra vida. Os bispos indagam: "Pode-se morrer de forma serena, respeitando-se a dignidade da vida humana?". E complementam: como enfrentar o sofrimento? Nas pesquisas, 70% dos entrevistados no país diz ter medo e rejeitar o sofrimento, preferindo "uma morte doce".

Para os bispos, é humano “tentar de todas as maneiras aliviar a dor”. Mas quando a dor está presente no paciente, na família e no pessoal médico, o que fazer? Como lidar com o sofrimento como uma provação a ser compartilhada e vivida em conjunto? Como apoiar uns aos outros nas horas de sofrimento?

Outro tema discutido pela Conferência Episcopal belga foi o da espiritualidade. Quando uma comunidade civil se propõe autorizar e praticar a eutanásia, o que está em jogo é o significado da vida. Por esta razão, os bispos propuseram uma espécie de questionário sobre um tema tão delicado como é a vida humana: "De que modo a experiência cristã nos ajuda a enfrentar a morte e o sofrimento? Antes da Páscoa, os cristãos celebram a Sexta-feira Santa, em que Jesus vive o drama do sofrimento em níveis incomparáveis​​. Durante o Sábado Santo, reflectimos sobre o mistério da morte e do abandono. No Domingo de Páscoa, vivemos a alegria da ressurreição. Como o mistério pascal pode inspirar e iluminar a vida humana? Como as instituições cristãs podem indicar uma atitude sábia e eticamente correta para enfrentar e resolver os problemas relacionados com a morte?".

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