Ambos são acusados de furto e
divulgação de informações e documentos reservados. A mulher é ex-membro
de uma comissão vaticana e o sacerdote é ligado ao Opus Dei, que
manifestou "surpresa e dor".
Cidade do Vaticano,
03 de Novembro de 2015
(ZENIT.org)
Salvatore Cernuzio
Após o triste caso de Paolo Gabriele, o mordomo de Bento XVI que
vazou documentos confidenciais do papa em 2012, volta ao Vaticano o
espectro de mais uma venda de notícias privadas à imprensa.
"No âmbito de investigações criminais realizadas pela Gendarmaria do Vaticano ao longo de vários meses sobre a subtração e divulgação de notícias e documentos confidenciais, foram chamadas duas pessoas, nestes sábado e domingo, para interrogatório com base nas provas recolhidas", anunciou na manhã desta segunda-feira o padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.
As duas pessoas em questão são o monsenhor espanhol Lucio Angel Vallejo Balda, secretário da Prefeitura para Assuntos Económicos, e Francesca Chaouqui, italiana de pai marroquino liberada por cooperar com as investigações.
Ambos eram membros da Cosea, sigla em italiano da comissão de estudos e organização das estruturas económicas e administrativa da Santa Sé estabelecida pelo papa Francisco em julho de 2013 e dissolvida após a realização das suas tarefas. Em seu lugar, foram criadas duas novas organizações para centralizar e aumentar a transparência da gestão económica e financeira da Santa Sé: a Secretaria de Economia, liderada pelo cardeal Pell, e o Conselho de Economia. O pe. Vallejo Balda era secretário da Cosea e Francesca era a única mulher da comissão, uma nomeação tinha criado alguma polémica na época.
Se as acusações forem confirmadas, tanto o monsenhor quanto a lobista correm o risco de acabar atrás das grades. A divulgação de documentos confidenciais é um delito nos termos da Lei nº IX do Estado da Cidade do Vaticano, artigo 10 (116 bis), de 13 de julho de 2013, que trata de alterações no Código Penal e no Código de Processo Penal. "Quem se apossa ilegitimamente ou revela informações ou documentos de divulgação proibida é punido com a reclusão de seis meses a dois anos ou com multa de mil a cinco mil euros", diz a norma. "Se a conduta tem por objeto informações ou documentos relativos aos interesses fundamentais ou às relações diplomáticas da Santa Sé ou do Estado, aplica-se a pena de reclusão de quatro a oito anos".
A nota do padre Lombardi também cita dois livros anunciados para esta quinta-feira, 5 de novembro: "Avarizia" (“Avareza”), de Emiliano Fittipaldi, jornalista do diário L'Espresso, e "Via Crucis", de Gianluigi Nuzzi, autor também do livro "Sua Santidade", que recolhia os documentos secretos fornecidos por Paolo Gabriele. "Deve ficar claro que, mais uma vez, como no passado, [os livros] são fruto de uma grave traição da confiança do papa", disse o porta-voz do Vaticano.
O livro de Nuzzi, além de documentos e notícias, traz gravações de conversas privadas do papa sobre as atividades de limpeza e transparência financeira na Santa Sé, em particular no IOR.
Segundo o padre Lombardi, é "uma operação para tirar proveito da entrega ilícita de documentos confidenciais. Publicações deste tipo não contribuem de forma alguma para estabelecer a clareza e a verdade; antes, criam confusão e interpretações parciais e tendenciosas. Devemos absolutamente evitar o equívoco de pensar que esta é uma forma de ajudar na missão do papa".
"Surpresa e dor" foram manifestadas pelo Opus Dei, ao qual mons. Balda é vinculado. Em comunicado, a prelazia informa não ter qualquer informação sobre o caso: "Mons. Vallejo pertence à Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, associação de sacerdotes intrinsecamente unida ao Opus Dei, que não tem o direito de intervir no ministério pastoral nem no trabalho que os seus membros desempenham em suas dioceses ou na Santa Sé. A missão da associação é o acompanhamento espiritual dos seus membros". O Opus Dei declara ainda que "não interveio nem soube desta decisão até que foi tornada público: de fato, os únicos superiores de mons. Vallejo são os da Santa Sé e o bispo da diocese em que ele está incardinado (Astorga)".
Chaouqui falou da sua ligação com Balda em entrevistas de setembro de 2013, nas quais chamava o monsenhor de "o melhor ecónomo que a Igreja já teve no mundo", confirmou seu acesso "aos documentos mais confidenciais" da Santa Sé e manifestou frustração com a polémica a respeito da sua nomeação para o cargo na Cosea. As críticas apontavam, por exemplo, para alguns tweets imprudentes sobre Ratzinger e o cardeal Bertone. Chaouqui as atribuía a pessoas que queriam desacreditá-la aos olhos do Santo Padre.
"No âmbito de investigações criminais realizadas pela Gendarmaria do Vaticano ao longo de vários meses sobre a subtração e divulgação de notícias e documentos confidenciais, foram chamadas duas pessoas, nestes sábado e domingo, para interrogatório com base nas provas recolhidas", anunciou na manhã desta segunda-feira o padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.
As duas pessoas em questão são o monsenhor espanhol Lucio Angel Vallejo Balda, secretário da Prefeitura para Assuntos Económicos, e Francesca Chaouqui, italiana de pai marroquino liberada por cooperar com as investigações.
Ambos eram membros da Cosea, sigla em italiano da comissão de estudos e organização das estruturas económicas e administrativa da Santa Sé estabelecida pelo papa Francisco em julho de 2013 e dissolvida após a realização das suas tarefas. Em seu lugar, foram criadas duas novas organizações para centralizar e aumentar a transparência da gestão económica e financeira da Santa Sé: a Secretaria de Economia, liderada pelo cardeal Pell, e o Conselho de Economia. O pe. Vallejo Balda era secretário da Cosea e Francesca era a única mulher da comissão, uma nomeação tinha criado alguma polémica na época.
Se as acusações forem confirmadas, tanto o monsenhor quanto a lobista correm o risco de acabar atrás das grades. A divulgação de documentos confidenciais é um delito nos termos da Lei nº IX do Estado da Cidade do Vaticano, artigo 10 (116 bis), de 13 de julho de 2013, que trata de alterações no Código Penal e no Código de Processo Penal. "Quem se apossa ilegitimamente ou revela informações ou documentos de divulgação proibida é punido com a reclusão de seis meses a dois anos ou com multa de mil a cinco mil euros", diz a norma. "Se a conduta tem por objeto informações ou documentos relativos aos interesses fundamentais ou às relações diplomáticas da Santa Sé ou do Estado, aplica-se a pena de reclusão de quatro a oito anos".
A nota do padre Lombardi também cita dois livros anunciados para esta quinta-feira, 5 de novembro: "Avarizia" (“Avareza”), de Emiliano Fittipaldi, jornalista do diário L'Espresso, e "Via Crucis", de Gianluigi Nuzzi, autor também do livro "Sua Santidade", que recolhia os documentos secretos fornecidos por Paolo Gabriele. "Deve ficar claro que, mais uma vez, como no passado, [os livros] são fruto de uma grave traição da confiança do papa", disse o porta-voz do Vaticano.
O livro de Nuzzi, além de documentos e notícias, traz gravações de conversas privadas do papa sobre as atividades de limpeza e transparência financeira na Santa Sé, em particular no IOR.
Segundo o padre Lombardi, é "uma operação para tirar proveito da entrega ilícita de documentos confidenciais. Publicações deste tipo não contribuem de forma alguma para estabelecer a clareza e a verdade; antes, criam confusão e interpretações parciais e tendenciosas. Devemos absolutamente evitar o equívoco de pensar que esta é uma forma de ajudar na missão do papa".
"Surpresa e dor" foram manifestadas pelo Opus Dei, ao qual mons. Balda é vinculado. Em comunicado, a prelazia informa não ter qualquer informação sobre o caso: "Mons. Vallejo pertence à Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, associação de sacerdotes intrinsecamente unida ao Opus Dei, que não tem o direito de intervir no ministério pastoral nem no trabalho que os seus membros desempenham em suas dioceses ou na Santa Sé. A missão da associação é o acompanhamento espiritual dos seus membros". O Opus Dei declara ainda que "não interveio nem soube desta decisão até que foi tornada público: de fato, os únicos superiores de mons. Vallejo são os da Santa Sé e o bispo da diocese em que ele está incardinado (Astorga)".
Chaouqui falou da sua ligação com Balda em entrevistas de setembro de 2013, nas quais chamava o monsenhor de "o melhor ecónomo que a Igreja já teve no mundo", confirmou seu acesso "aos documentos mais confidenciais" da Santa Sé e manifestou frustração com a polémica a respeito da sua nomeação para o cargo na Cosea. As críticas apontavam, por exemplo, para alguns tweets imprudentes sobre Ratzinger e o cardeal Bertone. Chaouqui as atribuía a pessoas que queriam desacreditá-la aos olhos do Santo Padre.
(03 de Novembro de 2015) © Innovative Media Inc.
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