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sábado, 13 de dezembro de 2014

O Natal já espreita

O Natal já espreita, a cor e as luzes enfeitiçam as ruas da cidade; o frio recém-chegado veio em força ajudando a empurrar as pessoas para os grandes centros comerciais à procura das prendas, da prenda ideal.

Apesar da crise as grandes superfícies estão a abarrotar e as pessoas, como de costume, apressadas, acotovelam-se cheias de sacos entrando “religiosamente” nas lojas mais conhecidas...

Presépios já poucos se vêem mas não faltam pais natais de todos os tamanhos e feitios... As tradicionais músicas de Natal mal se ouvem, abafadas pelo ruído de fundo das multidões robotizadas... E eu pergunto-me, onde está o espírito do Natal? Não creio que esta febre consumista o possa representar...

Vivemos a aparência, a festa, o deslumbramento das cores e das luzes, e nesta ilusão que a tantos alicia, esquecemo-nos do essencial. Em vez de aproveitarmos esta quadra para parar um pouco, pensarmos sobre quem somos, como poderemos ser felizes e fazer mais felizes aqueles com quem nos damos, corremos para as compras numa espécie de fuga...

Mas o que será que leva o Homem a afastar-se do que é realmente essencial e a enganar-se a si e aos outros? Não será que tudo isto se deve ao egoísmo, tão cultivado na nossa sociedade? Se repararmos bem embrulhos cada vez maiores tentam curar vazios que crescem, crescem e minam os corações de tantos…

Consome-se, consome-se, consome-se na ânsia de matar a sede de verdade. Porém esta faz-se cada vez mais sentir e desespera por ser encontrada e vivida… E este apelo, saído do mais íntimo de nós é um sinal de Esperança: há já muitos que dizem não às prendas “grandes” e optam pelas pequeninas que cabem no sapatinho, como nos tempos da minha avó em que o Menino Jesus descia pela chaminé, trazendo prendas valiosas porque cheias de sentido...

Então, neste tempo de Natal, vamos tentar ser mais simples, pois a simplicidade, a verdade e a felicidade desde sempre cresceram juntas e como tal juntas terão de ser cultivadas. E ao sermos simples e genuínos nasce o desejo de dar, de oferecer o nosso tempo, um poema, uma visita, um telefonema ou simplesmente um sorriso…

Estas são as melhores prendas de Natal, tão pequeninas, tão sinceras, tão ansiadas por tantos e tão precisas para todos…

A propósito, o Natal já espreita, já as ofereceu?

Sara Meireles


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