Relatório revela graves problemas
Roma, 27 de Maio de 2014 (Zenit.org)
Um relatório publicado recentemente sobre o estado das
famílias na Espanha revelou deficiências estruturais graves e falta de
apoio do governo.
O Instituto Espanhol de Política Familiar divulgou um estudo de
2014 sobre o desenvolvimento da família na Espanha, por ocasião do Dia
Internacional da Família, 15 de Maio.
Tudo começou ao notar o baixo índice de natalidade no país. O número
de bebés nascidos a cada ano diminuiu em 116 mil em relação a 1980 e
teria caído ainda mais se não fosse por um número significativo de
nascimentos de mães imigrantes - cerca de 87 mil em 2012.
O número médio de nascimentos por mulher na Espanha é de apenas 1,32,
bem abaixo do nível necessário (de 2,1) para garantir uma estabilidade
populacional. Isso coloca a Espanha abaixo da média da União Europeia -
1,58 - é o terceiro mais baixo da UE, à frente apenas de Portugal (1,28)
e da Polónia (1,30).
Se o nível actual de fertilidade continuar sem alterações até 2050,
quase um terço - 32,1% - da população da Espanha terá a idade de 65 anos
ou mais.
O relatório observou que existem diferenças regionais significativas
no nível de fertilidade, variando entre 1,5 e 1 filhos por mulher em
algumas áreas, com Astúrias, Ilhas Canárias e Galiza.
A idade média das mulheres, no nascimento de seu primeiro filho,
continua a subir e já atingiu 31,56 anos de idade. É a maior idade de
toda a União Europeia e seria ainda maior se não fosse a média de mães
não- espanholas, que é de 28,9.
Outra mudança notável nas últimas décadas é um aumento na percentagem
de nascimentos que ocorrem fora do casamento, chegando a 38,9% em 2012.
Abaixo do nível de 39,3 % da UE. No entanto, o crescimento dos
nascimentos fora do casamento na Espanha foi maior em relação a taxa de
crescimento da UE.
Aborto
Sobre o aborto, o relatório do instituto afirma que no período
1992-2012 houve um aumento de 150 %, passando de 44.962 para 112.390
abortos. O aborto é hoje uma das principais causas de morte em Espanha,
sobre o número total de abortos desde 1985, quando foi legalizado, e
agora pouco mais de 1,8 milhões.
Em números absolutos a Espanha está em terceiro lugar na UE no número
de abortos, a França em primeiro lugar, seguido pelo Reino Unido.
Cerca de 20% de todas as gestações em Espanha terminam em um aborto, e
36,2 % deles foram realizados em mulheres que já haviam cometido um
aborto.
No que diz respeito à família e casamento, o relatório constatou que o
número de casamentos continua a diminuir, passando de 220.533 em 1990
para 168.556 em 2012. Teria caído ainda mais se não fosse o alto nível
de casamentos com um cônjuge não- espanhol, em 18,2% do total de 2012.
Não surpreendentemente, a idade média do primeiro casamento aumentou para 36,3 anos para os homens e 33,3 para as mulheres.
O número daqueles casados apenas no civil e não uma cerimónia da Igreja, chega a 61,8% do total.
Divórcio
O divórcio também aumentou, e combinado com o número de separações, o total nos últimos anos, é de cerca de 110.000 por ano.
Outros assuntos analisados no relatório foram as leis trabalhistas em
relação a licença a maternidade e o apoio social para a família.
Apenas um em cada nove mulheres tem a possibilidade de horários
flexíveis no trabalho. Somente Portugal dentre os 28 países da UE tem
uma situação pior. Além disso, o número de pessoas que se beneficiam da
licença maternidade está em declínio.
O relatório conclui comentando que a combinação de baixo nível de
nascimentos, e altos níveis de aborto e divórcio, ameaça a vida
familiar.
As consequências dessas tendências incluem o aumento das despesas do governo na saúde e nas pensões, o aumento do número de pessoas que vivem sozinhas, e maior instabilidade na vida familiar.
A situação tem sido agravada nos últimos anos, devido às
circunstâncias económicas difíceis, com altos níveis de desemprego e
queda da renda familiar.
O relatório terminou com um olhar para o quão pouco o governo está
fazendo para apoiar as famílias em comparação com outros países
europeus. As famílias são discriminadas na Espanha em comparação com o
resto da Europa, declarou o instituto.
Um debate sobre o aborto está em andamento na Espanha, com a decisão
do governo do Partido Popular que propõe um projecto de lei para
restringir o aborto, cumprindo assim uma promessa eleitoral de 2011. A
redução do número de abortos seria um passo a frente, mas apenas um dos
muitos necessários para fortalecer a vida familiar na Espanha.
(Trad.:MEM)
(27 de Maio de 2014) © Innovative Media Inc.
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