Embora o país esteja sob o olhar da media por mais de três anos, ninguém sente a responsabilidade por essa terra histórica, tanto para o cristianismo quanto para o islamismo
Roma, 30 de Maio de 2014 (Zenit.org) Fadi Sotgiu Rahi, C.SS.R.
A República Árabe da Síria está no centro das atenções de
todos os meios de comunicação, nacionais e internacionais, há três anos.
Apesar disso, é possível afirmar que todos abandonaram a Síria a si
mesma. Talvez acabou a Guerra? Talvez caiu o regime? Não há terroristas
lá? Os refugiados sírios voltaram? Domina a paz e a tranquilidade agora?
Politicamente, o II Congresso de Genebra, realizado para estudar a
situação e resolver o problema sírio, não teve nenhum resultado. Há
alguns dias, Lakhdar Brahimi, enviado da ONU na Síria, organizador do
congresso, renunciou ao cargo. Os políticos, em primeiro lugar,
esqueceram a situação da Síria depois do acontecido entre Rússia e
Ucrânia.
Religiosamente, os cristãos são as vítimas desta guerra internacional
em solo sírio desde o início; por causa disso, mais de um milhão de
cristãos emigraram para o Líbano e a Europa. A maioria das igrejas,
especialmente as mais antigas, foram destruídas (Maalula, Saydanaya e
Saddad), os mosteiros tornaram-se quartéis para terroristas; os
primeiros ícones foram roubados; o sangue dos mártires regou o
território sírio e os missionários estrangeiros presentes na Síria há
mais de 30 anos, foram mortos por causa de sua fé (pensemos só no padre
holandês Frans Van der Lucht, S.J.).
Humanamente falando, como não podemos sentir o grito dos cidadãos que
permaneceram em Aleppo sem água por 20 dias? Como podemos aceitar que,
no século XXI, aldeias inteiras vivam sem electricidade e telefone? Como
12 milhões de refugiados podem voltar para a terra, sem nem saber onde
esteja a própria casa? Como podemos dormir ouvindo o lamento de um bebé
chorando por algumas gotas de leite? Como podemos jogar fora a comida,
sabendo que os sírios estão procurando um pedaço de pão?
Responsavelmente, o regime está tentando recuperar os territórios em
que os terroristas têm dominado: libertou Maalula, uma das aldeias que
ainda hoje fala o aramaico, a língua de Jesus; libertou a parte velha de
Aleppo e outras três regiões; prendeu alguns responsáveis dos grupos
terroristas e massacrou outros. Em várias partes da Síria, o conflito
entre os terroristas e os militares sírios continua com o apoio de
algumas nações árabes, que fornecem armas e financiam os terroristas.
É verdade que a situação na Síria não é tranquila. É verdade que a
paz não chegou sequer remotamente. É verdade que o presidente ainda é o
mesmo, embora no dia 3 de Junho haverá eleições para eleger um novo. É
verdade que o regime está recuperando uma grande parte do território
sírio. Mas hoje, ninguém olha para a Síria nem para o seu povo; ninguém
dos responsáveis tenta resolver a situação; ninguém sente a
responsabilidade para com esta terra histórica, seja para o cristianismo
que para o islamismo. Ninguém ajuda as pessoas que têm a mesma
dignidade humana e que são a imagem de Deus.
A Síria não grita somente a Deus, mas também, em primeiro, para os
políticos, para a humanidade e cada homem em particular, para que cada
um assuma a própria responsabilidade. Continuemos a orar pelos sírios e
pela paz na Síria, mas, antes de mais nada, pela consciência de cada
responsável político em todo o mundo. (Trad.TS)
(30 de Maio de 2014) © Innovative Media Inc.
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