Segurança de translado e exposição estão garantidas. Exposição deve receber 100 mil visitantes.
Brasília, 30 de Maio de 2014 (Zenit.org) Lilian da Paz
A imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, famosa pela
festa dedicada a esta devoção, no arquipélago de Açores (Portugal), vai
compor a exposição Esplendor e Glória, organizada pelo Museu Nacional de Arte Antiga do país.
Realizada em Lisboa, a exposição vai exibir mais quatro exemplares da joelharia portuguesa do período barroco entre os anos de 1756 e 1780:
Custódia da Patriarcal, Custódia da Bemposta, Venere das Cinco ordens de
D. João V e o Resplendor do Senhor dos Passos da Graça. São esperadas
100 mil pessoas de várias partes do mundo
A exposição vai acontecer entre Julho e Dezembro deste ano. A
organização pediu permissão, no mês de Janeiro, para levar a imagem à exposição por considerar esta obra sacra uma das mais importantes de
Portugal.
O Museu Nacional de Arte Antiga é reconhecido internacionalmente e
guarda vários tesouros nacionais. Mesmo assim, surgiu o receio da
Irmandade do Senhor do Santo Cristo, guardiã do Santo Cristo em Açores, e
da Câmara da cidade de Ponta Delgada, que manifestou preocupação com a
saída deste tesouro local do arquipélago.
Em contrapartida, o Serviço Diocesano de Bens Culturais da Igreja, da
diocese de Angra (responsável por Açores), ressaltou, em comunicado,
que a peça estará plenamente segura:
O senhor bispo de Angra, dom António de Sousa Braga, manifestou
desde logo a sua preocupação relativamente à segurança da peça e aos
requisitos técnicos necessários e exigíveis numa situação desta
natureza. Foi, por solicitação sua, enviado à Direcção do Museu Nacional
de Arte Antiga um documento com as condições técnicas exigíveis em caso
de empréstimo, nomeadamente: o tratamento documental da peça, estudo,
descrição e inventário, já realizado pelo professor Rui Galopim de
Carvalho, como especialista em gemologia; a contratação de seguro contra
todos os riscos, no valor da avaliação do bem (mantido em sigilo por
questões de segurança), válido para o transporte e para todo o tempo de
permanência; a celebração de um contrato de empréstimo contendo as
cláusulas relativas aos vários requisitos exigidos; o acompanhamento do
processo e do resplendor, por técnico especializado, com experiência em
transporte de bens culturais e por um representante da Diocese.
Em relação às condições de exposição, foi acautelada uma vitrina
de alta segurança, com sistema de alarme próprio, e condições ambientais
mantidas dentro dos limites definidos, bem como assegurado um sistema
de vigilância vídeo, permanente, com gravação e acesso remoto, para além
de vigilância presencial, por pessoal especializado.
Como contrapartidas da cedência temporária da peça, será
realizada a sua avaliação técnica e o seu estudo científico, por
especialistas da área, e executada uma limpeza por técnicos credenciados
do Laboratório José de Figueiredo, uma medida urgente e imprescindível à
conservação deste bem patrimonial.
O comunicado ainda lembrou que empréstimos de obras para exposições
temporárias e internacionais é algo comum. Exemplo disto é a exposição Herança do Sagrado: Obras-Primas do Vaticano e de Museus Italianos,
que passou pelo Rio de Janeiro (Brasil). Lá puderam ser apreciadas mais
de 100 obras dos famosos pintores Leonardo da Vinci, Michelangelo,
Ticiano e Caravaggio.
História da devoção
A grande preocupação em torno da imagem envolve a profunda devoção
popular da cidade de Ponta Delgada, localizada na Ilha de São Miguel, em
Açores. A devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres começou no século
XVIII com a irmã clarissa Teresa da Anunciada. Ela venerava a imagem
que encontrou abandonada há mais de cem anos nas dependências do
convento. Pela intercessão do Santo Cristo recebeu a graça de inúmeros
milagres.
A veneração da irmã, que morreu com fama de santidade, levou-a a
contemplar de forma mais profunda o sofrimento de Cristo. “Para Deus,
por mais que se faça, não é nada. Para o que Sua Majestade merece, tudo o
que Ele quiser, estou pronta", conta a irmã em uma autobiografia.
Em 1700, a devoção ganhou espaço em São Miguel depois que a imagem o
Senhor de Santo Cristo saiu em procissão do convento. Na ocasião os
nobres da cidade e a população pediram para que os fortes tremores de
terra cessassem.
De estilo barroco, a imagem tem o tamanho superior a de um homem e
representa a passagem bíblica em que Pôncio Pilatos pronuncia o Ecce
Homo (Eis o homem), ao apresentar Jesus perante os judeus logo após ter
sido açoitado e recebido a coroa de espinhos.
Resplendor, Cetro, Coroa de Espinhos, Relicário e Cordas, fazem parte
da composição da imagem. São peças da joelharia nacional do século
XVIII, cheias de representatividade teológica.
O cume da festividade do Santo Cristo acontece no quinto domingo
depois da Páscoa com a procissão nas ruas cobertas de flores da cidade,
revelando as profundas necessidades dos fieis peregrinos. Eles pedem por
intervenções na área material, mas, principalmente, na espiritual.
(30 de Maio de 2014) © Innovative Media Inc.
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