O comité da Convenção contra a Tortura elogia os esforços e a boa fé da Igreja para evitar novos casos e punir os responsáveis pelos crimes de pedofilia
Cidade do Vaticano, 23 de Maio de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
O comité da Convenção contra a Tortura (CAT), da ONU,
publicou um relatório com as suas observações finais sobre o Informe
Inicial da Santa Sé apresentado em 5 e 6 de Maio pela delegação
vaticana. É um procedimento ordinário seguido por todos os 155 países
signatários da convenção. O Estado da Cidade do Vaticano aderiu a ela em
2002.
A Convenção contra a Tortura condena os tratamentos cruéis,
humilhantes e desumanos e considera que os abusos sexuais fazem parte
desses tratamentos. A delegação da Santa Sé apontou os esforços que tem
realizado para evitar os abusos e informou que afastou 848 sacerdotes do
ministério, puniu 2.572 clérigos que cometeram abusos e está
investigando 3.420 casos denunciados à Congregação para a Doutrina da
Fé.
O comité da ONU reconheceu os esforços e a boa vontade da Santa Sé em
prevenir os abusos sexuais e em facilitar a atenção às vítimas, além de
reconhecer que a Santa Sé está fazendo reformas sérias e substanciais
para permitir o desenvolvimento dos princípios e objectivos da CAT.
Muitas dioceses e ordens religiosas fizeram acordos financeiros para indemnizar as vítimas de abusos sexuais, valoriza a comissão.
As conclusões admitiram que os esforços da Igreja para proteger os bebés ainda não nascidos não constituem formas de tortura psicológica
contra as mulheres; portanto, reconhecem o direito humano fundamental à
liberdade de crença e de opinião, bem como à protecção e à promoção da
vida humana.
Dom Silvano Maria Tomasi, observador permanente do Vaticano junto à
ONU em Genebra, destacou alguns aspectos do relatório em entrevista à
Rádio Vaticano. As observações conclusivas, diz o prelado, indicam o
grande trabalho de prevenção feito pela Igreja contra os abusos sexuais.
"O comité da ONU apreciou o diálogo construtivo que a delegação vem
mantendo com os especialistas desta comissão, bem como as palavras e
actos do papa Francisco em defesa dos direitos humanos".
Tomasi observa ainda que este informe da ONU "é mais profissional e
mais jurídico que o relatório de Janeiro passado, sobre a Convenção dos
Direitos das Crianças", que acusava a Igreja de “tortura psicológica
contra as mulheres” por defender a vida dos nascituros e condenar,
portanto, o aborto.
O observador vaticano afirma que há um reconhecimento de "que não se
trata só de bons desejos, mas de decisões firmes já tomadas. A comissão
notou isso". É o caso, por exemplo, das punições aos sacerdotes que
cometeram abusos.
Tomasi afirma que ainda "há críticas que se referem a procedimentos
do passado, além de pedidos de informações que a Santa Sé levará em
consideração e responderá até o próximo encontro".
"A comissão pede total independência para os responsáveis por
investigar as acusações de pedofilia: é uma observação que certamente
será levada em séria consideração".
O prelado afirma também que o caminho de compromisso cada vez maior
contra os abusos "será reforçado ainda mais. Há uma nova cultura dentro
da Igreja, não só por parte das autoridades, mas no sentimento comum dos
católicos, de fazer todo o possível para responder ao dano cometido e
evitar que ele se repita. Queremos deixar para trás este capítulo
triste, que é o comportamento de algumas pessoas unidas à Igreja, e
renovar o serviço pastoral e a evangelização para que haja uma
fidelidade mais clara à mensagem do Evangelho".
(23 de Maio de 2014) © Innovative Media Inc.
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