Estudo do Pew Research Center ilustra a tendência
Roma, 29 de Maio de 2014 (Zenit.org) Jorge Henrique Mújica
A pergunta é respondida por um estudo do Pew Research Center
intitulado “Social Networking Popular Across Globe 2012”. Filmes e
música, temáticas da própria comunidade, desportos, política e religião
são os tópicos mais tratados pelos usuários do Facebook, do Twitter, do
Google+ e das outras principais redes sociais do planeta.
No quesito religioso, dos 21 países estudados, o Japão é o que
menos fala de religião (1%) e o Egipto e a Tunísia são os que mais falam
(63%). A lista é esta:
Egipto: 63%
Tunísia: 63%
Jordânia: 62%
Turquia: 53%
Brasil: 43%
Índia: 40%
Estados Unidos: 32%
Itália: 16%
México: 15%
Rússia: 15%
Espanha: 13%
Grécia: 13%
China: 10%
Polónia: 9%
República Checa: 9%
Grã-Bretanha: 8%
França: 8%
Líbano: 8%
Alemanha: 7%
Japão: 1%
Em termos gerais, o relatório indica que os utilizadores que mais falam dos
cinco temas têm de 18 a 29 anos, um indício de que a questão Deus é
relevante para pessoas de uma faixa etária normalmente não associada a
esses assuntos ou que não costuma tratá-los fora das redes sociais.
Um estudo feito pela Aleteia.org sobre os temas ético-religiosos e de
espiritualidade mais destacados na internet em 2012 traz resultados
complementares aos do Pew Research Center.
A análise quantitativa (onde, quanto e quando se fala de temas
ético-religiosos) mostra que 71% das menções vêm dos Estados Unidos. Em
seguida, México (14%), França (8%) e Itália (7%). Os canalizadores
dessas menções são as redes sociais (46%), seguidas pelas notícias,
blogs, fóruns e vídeos. Considerando-se que o estudo se baseia no
período de Novembro de 2011 a Novembro de 2012, a análise manifesta que o
volume de posts relativos ao universo ético-religioso apresenta pontos
de crescimento variáveis de acordo com os países. Nos Estados Unidos, os
meses de destaque foram Fevereiro, maio e outubro de 2012; no México, Março e Outubro de 2012; na França não se distinguiram momentos
especiais.
Na análise qualitativa (do que se fala nas menções e discussões
ético-religiosas), os três macrotemas mais abordados são fé, família e
bioética. Outros temas com menções relevantes vinculadas ao âmbito
ético-religioso são cultura e sociedade, sexualidade, ciência, história,
educação e viagens.
Estados Unidos, México, França e Itália recebem atenção especial por
serem os países de onde provêm maioritariamente as menções. Nos Estados
Unidos, por exemplo, a categoria “fé” envolve especialmente a
evangelização e o diálogo inter-religioso (59%); a categoria “família”
abrange o casamento e o debate sobre as novas uniões (45%); e a
categoria “bioética” está vinculada ao debate sobre aborto e eutanásia
(53%).
Outros dados gerais
O relatório do Pew Research destaca ainda a preponderância dos
dispositivos móveis (smartphones e tablets) como instrumentos
privilegiados de acesso às redes sociais. Praticamente em todos os
países, são os meios preferidos de participação nas conversas digitais.
Os telefones inteligentes ganharam muito terreno em países como a
Grã-Bretanha, Estados Unidos e Japão, onde pelo menos metade da
população que acede às redes sociais os utiliza, em particular os
jovens.
A procura de Deus na era digital
A análise do Pew Research não tematiza o tipo de conversa gerada em
torno à religião, mas é interessante destacar a capacidade da questão
Deus de continuar a despertar interesse mesmo em sociedades vastamente
laicas.
A possibilidade de recorrer à rede anonimamente oferece a muitos a
oportunidade de aprofundar em temas sobre os quais não falariam em
público. A religião e Deus estão entre eles. E os dispositivos móveis
são, actualmente, os principais meios através dos quais essas
inquietações se manifestam.
Nem todos se perguntam espontaneamente sobre Deus. O interesse de
muitos é despertado ao conhecerem, voluntária ou involuntariamente,
conteúdos que terceiros postam em seus próprios perfis nas redes
sociais. É neste contexto que deve ser entendida a afirmação de Bento
XVI, feita em 2012:
“Os motores de busca e as redes sociais são o ponto de partida na
comunicação para muitas pessoas que procuram conselhos, sugestões,
informações e respostas. Em nossos dias, a rede está se transformando
cada vez mais no lugar das perguntas e das respostas; mais ainda, o
homem contemporâneo é frequentemente bombardeado por respostas a
interrogações que ele nunca tinha se feito e a necessidades que
aparentemente ele não sentia”.
Não é exagerado afirmar que, no século XXI, muitos conhecerão a Deus graças a um telefone celular.
Para que esse conhecimento não seja de qualquer deus, mas do Deus
verdadeiro, revelado em Jesus Cristo, é preciso não só aplicar
estratégias de comunicação e pastoral digital, mas também são
necessários três outros factores:
1) Não perder de vista que “os bons frutos da partilha do
Evangelho devem-se mais à capacidade da Palavra de Deus de tocar os
corações do que a qualquer esforço nosso” (Bento XVI, Mensagem para a
Jornada Mundial das Comunicações Sociais 2013);
2) A adaptação ao tipo de comunicação das redes sociais,
considerando-se que o acesso maioritário passa hoje pelos smartphones. A actualização é necessária e o trabalho agora deve focar nos dispositivos
móveis e na web 2.0 (interacção entre as pessoas);
3) Convencer-se de que ser católico nas redes sociais não é
simplesmente estar conectado, postar imagens religiosas, compartilhar
artigos piedosos. É, antes, comunicar a própria vida com opções,
pareceres e preferências concordes com o Evangelho e que vão além das
telas: que aconteçam na vida real. Isto sim é ser um evangelizador 2.0.
(29 de Maio de 2014) © Innovative Media Inc.
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