Catequese para a família
Roma, 21 de Outubro de 2013
Nesta semana que estamos começando, o foco é a missão da
Igreja no mundo, com a Jornada Mundial pela Evangelização dos Povos
(Domund) e seu tema “Fé + Caridade = Missão”. O ponto de partida vem de
duas constatações da Palavra de Deus: a necessidade de orar sempre (Lc
18,1-8 e Ex 17,8-13) e de proclamar a palavra, insistindo e exortando
com toda a magnanimidade e de acordo com a doutrina (2 Tim 3,14-4,2).
Diz o papa Francisco, no nº 46 da encíclica Lumen Fidei, que os
quatro elementos que contêm o tesouro de memória transmitido a nós pela
Igreja são a confissão da fé, a celebração dos sacramentos, o caminho do
decálogo e a oração. Sobre a oração do Senhor, o pai-nosso, ele destaca
que o cristão aprende, através dela, a compartilhar a mesma experiência
espiritual de Cristo e a ver com os olhos de Cristo. A partir daquele
que é luz da luz, o Filho Unigénito do Pai, também nós conhecemos a Deus
e podemos acender nos outros o desejo de aproximar-se dele. O número 51
nos diz que as mãos da fé se alçam ao céu, mas, ao mesmo tempo,
edificam na caridade uma cidade construída sobre relações que têm como
fundamento o amor de Deus.
A nossa experiência, o nosso modo de presença no mundo, de cada dia,
em qualquer circunstância, está de acordo com Jesus Cristo? Somos
sustentados pela comoção perante o Seu olhar e a Sua voz que tanto nos
correspondem, abraçam e renovam?
Na assembleia plenária do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova
Evangelização, dizia também o papa Francisco que temos que “despertar
no coração e na mente dos nossos coetâneos a vida da fé. A fé é um dom
de Deus, mas é importante que nós, cristãos, mostremos que vivemos a fé
de modo concreto, através do amor, da concórdia, da alegria, do
sofrimento, porque isto suscita perguntas, como acontecia no começo da
vida da Igreja: por que eles vivem assim? O que os impulsiona? São
interrogações que apontam para o coração da evangelização, que é o
testemunho da fé e da caridade”.
Nesta semana também contamos com uma pessoa excepcional que ilumina
esse caminho da nossa tarefa missionária no mundo: o bispo Santo António
Maria Claret (1807-1870), cuja memória celebramos na quinta-feira, dia
24. No número 264 da sua Autobiografia, ele nos fala da oração como meio
do seu apostolado: “O primeiro meio de que sempre me vali e me valho é a
oração. Este é o meio máximo que considero necessário… Não só orava eu,
mas pedia ainda que orassem os outros”. Assim orava o sacerdote,
contemplativo na acção, com a consciência plena de um autêntico
missionário apostólico, ungido pelo Espírito, para falar aos pobres
anunciando a eles a Boa Nova. O pe. Claret, missionário apostólico, nos
mostra hoje que nós, ao ser ungidos como Cristo, devemos agir como ele,
sanando, curando, consolando, sendo anúncios vivos da urgência da
caridade do Senhor para cada um.
Assim, temos de aproveitar qualquer circunstância para comunicar o
evangelho aos homens de hoje, com as nossas palavras e gestos, partindo
das categorias que sejam inteligíveis, singelas, claras, de forma
significativa, que tenham a ver com as preocupações, interesses e
necessidades reais das pessoas. Porque só com a caridade, iluminada pela
luz da razão e da fé, é possível conseguir objectivos de desenvolvimento
com um carácter mais humano e humanizador (Caritas in veritate, 9).
Identificando-nos com Jesus Cristo, é preciso levar hoje, a todos, a Sua
presença, de uma experiência nova de afecto, apego real, a Ele,
realizando a comunhão urgente em caridade com Ele e entre nós. Esta é a
nossa missão.
in
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