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sábado, 26 de outubro de 2013

Dezassete profecias de Chesterton que se cumpriram, além da palavra Google!

Tudo sobre o grande apologeta católico do século XX 
Chesterton: o gigante feliz que quase nunca sorria para a câmara.
Actualizado 19 de Outubro de 2013

C.L. / ReL

Será possível que a palavra Google figure numa obra de G.K. Chesterton (1874-1936)? Sim, “e, supostamente, casou-se com uma mulher chamada Blogg”, comenta com humor Dale Ahlquist (presidente da American Chesterton Society e um dos grandes especialistas mundiais na obra do escritor inglês), para sugerir que predisse a internet.

Mas que o comente com humor não significa que seja uma brincadeira. Blogg era o apelido de solteira da sua esposa, Frances, e, com efeito, em 9 de Agosto de 1930 Chesterton escreveu no Illustrated London News que a palavra Google “não é menos científica por ser grotesca”.

“Nunca me arrogou o dom divino da profecia”, proclamava nessa mesma revista em 10 de Maio de 1930. Mas há umas quantas que, se não profecias no sentido estrito, se são antecipações de uma mente visionária sobre a evolução de um mundo teimando em afastar-se das ideias cristãs para enfeudar-se em “ideias cristãs que se tornaram loucas”, como definia o escritor inglês as que caracterizam o mundo moderno.

“Chesterton profético” é o trabalho de Ahlquist a respeito, que forma parte do volume Chesterton de pé. Acaba de publicá-lo CEU Ediciones debaixo da coordenação de Pablo Gutiérrez Carreras e María Isabel Abradelo de Usera, e recolhe as 28 contribuições ao congresso que organizou em Fevereiro de 2012 a Universidade San Pablo CEU ao cumprir-se 75 anos do nascimento do génio londrinense.

Surpreendentes antecipações
E quais são essas profecias? Atenção, porque são numerosas e variadas.

- Chegará um dia no qual existirá uma forma barata de transmitir informação a um grande número de pessoas. “Não sei como funcionará”, dizia, “mas esse dia The Times irá por detrás do tempo”: todos os problemas actuais da imprensa em papel estão aí!

- Em 1905 predize a revolução russa, e em 1919 (dois anos depois dessa Revolução), que se extinguiria depois de algumas gerações, porque não poderia suster-se: se converteria num império... E logo se desmembraria em pequenas nacionalidades. Justo o que sucedeu a partir de 1991.

- Predisse em 1933 a Segunda Guerra Mundial, e um ano antes, em 1932, antecipou que “provavelmente começará na fronteira polaca”.

- Susteve que o islão seria sempre “uma constante ameaça”, algo impensável nos princípios do século XX.

- Em 1935 antecipou que o poder económico se mudaria de Londres para Nova Iorque, e logo de Nova Iorque a Pequim.

- O homem chegará à Lua (1930)... ainda que não se sinta capaz de responder que se nos á perdido ali.

- Quando ainda não se havia popularizado o automóvel individual, privilégio de minorias em estradas desertas, em 1926 apontou que “o mundo moderno é uma multidão de velozes carros de corrida que se encontram bloqueados num congestionamento”.

- Em 1914 lamentava que as pessoas tenham cada vez mais animais domésticos e cada vez menos bebés, e em 1929 “o empenho por ter quartos de banho e de não ter bebés”.

- Também em 1929 disse que “a verdadeira religião actual não se preocupa com dogmas nem doutrinas. Preocupa-se quase unicamente com a dieta”.

- E em 1930 escreveu uma frase que bem valeria para as recargadas cerimónias de inauguração dos Jogos Olímpicos: “O materialismo moderno é solene com os desportos porque não tem outros ritos que solenizar”.

- Em 1926 advertiu sobre a revolução sexual, ainda que se equivocou de costa, e foi do oeste (a Califórnia de 1967) a este: “A seguinte grande heresia será simplesmente o ataque à moral: e especialmente à moral sexual... A loucura de manhã não estará tanto em Moscovo como em Manhattan”.

- E a actual aversão à moral cristã? “Um fanatismo estranho enche o nosso tempo: o ódio fanático à moral, especialmente à moral cristã” (1909).

- Sobre o aborto e a manipulação genética, em 1937: “Permitir-se-á ao governo e aos especialistas, sem juízo ou discussão, dispor das gerações de não nascidos com a ligeireza dos deuses pagãos”.

- Que teria dito do divórcio expresso introduzido por José Luis Rodríguez Zapatero? “O efeito óbvio de um divórcio frívolo é o matrimónio frívolo”.

- E da ideologia do género e o feminismo? “Cada sexo está tentando ser os dois sexos à vez; e o resultado é uma confusão mais falsa que qualquer convenção”.

- Também critica a grande hipocrisia social: “O mundo ao nosso redor aceitou um sistema social que nega a família. Ajudará às vezes à criança, em vez da família; à mãe, em lugar da família; ao avô, em lugar da família. Não ajudará a família” (1930).

- E aprofundando no que “a tendência actual da reforma social parece que consiste em destruir todo o rasto dos pais”: “Apagarão a antiga autoridade parental. O seu lugar não o vai ocupar a liberdade nem a licença, mas sim a autoridade muito mais supressora e destrutiva do estado” (1928).

Um volume muito completo e rico
Além do citado trabalho de Ahlquist, em Chesterton de pé encontramos colaborações de outros especialistas internacionais como o seu biógrafo Joseph Pearce, ou Aidan Mackey, fundador do G.K. Study Centre, assim como de uma plêiade de estudiosos espanhóis que, junto aos anteriores, abordam pontos concretos da vida e obra de Gilbert Keith.

Entre outros, Emilio Domínguez Díaz explica, por exemplo, as razões pessoais que atrasaram durante pelo menos vinte anos a conversão de Chesterton ao catolicismo, que não se produziu até 1922 e que continua sendo um dos pontos mais debatidos na biografia do mestre. Belén Rincón García recorda as três vezes que esteve em Espanha (1926, 1928 e 1935) e analisa a primeira, um périplo por Madrid onde foi apresentado por Ramiro de Maeztu e a uma de cujas conferências assistiu a rainha Vitória Eugenia. Ou Juan Pablo Serra analisa Manalive [O homem vivo], da qual haverá logo adaptação cinematográfica, na perspectiva da conversão pelo assombro, quer dizer, a visão mística de Chesterton sobre o mundo e o seu impacto no carácter, o conhecimento e a moral.

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