Populações com ritos ancestrais: bispo de San Cristóbal de las Casas reflecte sobre como oferecer a elas a plenitude que Jesus nos trouxe
San Cristóbal de las Casas, 24 de Outubro de 2013
Um grupo de assessores do CELAM está reunido em Bogotá para
tratar de um tema delicado da pastoral, que é a teologia indígena.
Estamos preparando o nosso V Simpósio, a realizar-se na Bolívia em maio
próximo, com o objectivo de prosseguir no caminho do aprofundamento a
propósito dos conteúdos doutrinais dessa teologia, para avançar no seu
esclarecimento à luz da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja.
Preocupa-nos que alguns menosprezem e satanizem as culturas
originárias sem conhecê-las a fundo; gostariam, esses, que tudo o que é
indígena desaparecesse da história social e eclesial. Nestes simpósios
tenta-se discernir, em costumes, ritos e mitos indígenas, o que o amor
do Pai semeou neles por meio do seu Espírito, para oferecer a eles a
plenitude que Jesus nos trouxe.
Em paralelo, ainda existem resistências ao uso do termo “Igreja
autóctone”, como se implicasse um apartar-se da eclesiologia do concílio
Vaticano II, quando em realidade é um esforço, certamente fronteiriço,
de se viver o que o Espírito disse e diz a este respeito às Igrejas. É o
que entendemos quando falamos de Igreja inculturada nas culturas
indígenas, mestiças, urbanas e modernas.
O decreto Ad gentes, do Vaticano II, ordena: “Devem crescer
da semente da Palavra de Deus em todo o mundo Igrejas particulares
autóctones suficientemente fundamentadas e dotadas de energias próprias e
maduras, que, providas suficientemente de hierarquia própria, unida ao
povo fiel, e de meios adequados para viver uma vida plenamente cristã,
contribuam, conforme lhes corresponde, para o bem de toda a Igreja. O
meio principal para esta plantação é a pregação do evangelho de Cristo.
Para anunciá-lo, o Senhor enviou os seus discípulos ao mundo todo, a fim
de que os homens, renascidos pela Palavra de Deus, ingressem pelo baptismo na Igreja, a qual, como corpo do Verbo Encarnado que é, se
alimenta e vive da Palavra de Deus e do pão eucarístico” (6). Isto, que o
Espírito pede, é o que procuramos viver.
Segundo João Paulo II, a inculturação é “a encarnação do evangelho
nas culturas autóctones e, ao mesmo tempo, a introdução dessas culturas
na vida da Igreja” (Slavorum Apostoli, 21). “Ao entrar em contacto com as
culturas, a Igreja deve acolher tudo o que, nas tradições dos povos, é
compatível com o evangelho, a fim de lhes comunicar as riquezas de
Cristo e enriquecer a si mesma da sabedoria multiforme das nações da
terra” (Ao Pontifício Conselho para a Cultura, 17 de Janeiro de 1987).
Diz o concílio que a penetração do evangelho num determinado meio
sócio-cultural, por um lado, “fecunda a partir de dentro as qualidades
espirituais e os próprios valores de cada povo..., os consolida, os
aperfeiçoa e os restaura em Cristo” (GS 58); por outro, a Igreja
assimila esses valores, na medida em que compatíveis com o evangelho,
“para aprofundar melhor a mensagem de Cristo e expressá-la mais
perfeitamente na celebração litúrgica e na vida da multiforme comunidade
de fiéis” (Ibid).
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