O povo o aclama. Não-crentes, agnósticos, ateus, membros de outras religiões estão fascinados. Por que é tão popular?
Roma, 17 de Outubro de 2013
O Papa Francisco tem uma identidade forjada no Evangelho.
De acordo com padre Bergoglio “é preciso curar o enfermo mesmo
quando desperta repulsa”. "Tenho horror de ir à prisão – disse – porque o
que se vê é muito duro, mas ainda assim vou, porque o Senhor deseja que
me encontre com o necessitado, o pobre, o sofredor”.
É sabido que Bergoglio costumava ir nas piores áreas de Buenos Aires e que de lá conseguiu fazer brotar várias vocações.
Para os jovens reclusos que visitou na Quinta-feira Santa (28 de Março), ressaltou que com o gesto de lavar os pés o Senhor, que é o mais
importante, aquele que está mais alto, nos mostra que a maior tarefa é
aquela de servir os menores.
"Ajudar-se uns aos outros, - continuou o Papa Francisco - isto é o
que Jesus nos ensina e é isso que eu faço. Faço-o com o coração porque é
o meu dever. Como sacerdote e como bispo, devo estar ao vosso serviço.
Eu vos amo e amo fazê-lo porque o Senhor assim me ensinou, mas também
vocês ajudem-se sempre uns aos outros e assim ajudando-se praticaremos o
bem mutuamente”.
O pontífice tem uma ideia muito clara do que significa servir. Para
os 132 entre chefes de Estado e príncipes reinantes que vieram à Roma
para a sua eleição de Papa, disse que “o verdadeiro poder é o serviço”.
“Nunca nos esqueçamos que o verdadeiro poder é o serviço - disse - e que
até mesmo o Papa para exercer o poder tem que entrar sempre mais
naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz.
Antes de receber os representantes de trinta igrejas cristãs pediu
para retirar o trono papal e o substituiu por uma simples cadeira.
Recebeu-os como Bispo de Roma e apresentou-se como “servo dos servos”.
Em toda a sua vida padre Bergoglio lutou consigo mesmo para estar perto
de Jesus. Buscou-o no rosto dos pobres, dos enfermos, dos pecadores, dos
prisioneiros, dos distantes, dos desesperados. No encontro com o
sofrimento, com a dor, com o desespero, com a Cruz, padre Bergoglio
revive a paixão de Jesus e contemplando e curando as feridas, espera e
acredita que o sangue de Cristo continue a lavar os pecados de todos.
Uma espécie de Eucaristia vivida diariamente na compassiva cura dos
corpos e das almas.
A este respeito, domingo, 7 de Abril , Jornada da Misericórdia,
explicou: "Na minha vida pessoal vi muitas vezes o rosto misericordioso
de Deus, a sua paciência; vi também em muitas pessoas a coragem de
entrar nas chagas de Jesus dizendo-lhes: Senhor estou aqui, aceita a
minha pobreza, esconde nas tuas chagas o meu pecado, lave-o com o teu
sangue. E sempre vi que Deus o fez, acolheu, consolou, lavou, amou”.
Ao colégio dos cardeais, que encontrou no dia 15 de Março, o Papa
Francisco fez um convite para nunca "ceder ao pessimismo". "Nunca nos
deixemos levar pelo pessimismo e pelo desânimo, aquela amargura que o
Diabo nos oferece a cada dia”, destacou o Pontífice, porque “Temos a
certeza de que o Espírito Santo continua a obrar e procuramos novos
métodos para anunciar o Evangelho.
A humildade e a misericórdia
Outra palavra usada e testemunhada pelo Papa Francisco é a humildade.
No ensaio, publicado pela EMI, e intitulado "Humildade, caminho para
Deus”, Jorge Bergoglio escreveu “é Cristo que nos permite ter acesso ao
irmão a partir do nosso abaixar-se”. De acordo com o Papa Francisco “o
nosso caminhar no caminho do Senhor traz consigo assumir o abaixamento
da Cruz. Acusar-se é assumir o papel de réu, como o assumiu o Senhor
carregando as nossas culpas”, portanto, “o acesso ao irmão é realizado
pelo Cristo a partir do nosso abaixamento”.
O comentário do arcebispo de Buenos Aires, é inspirado em alguns
escritos de Doroteu de Gaza, um abade monge e eremita do século VI.
Escreveu Doroteu de Gaza: “Acredite que tudo o que nos acontece, até
mesmo os menores detalhes, é pela Providência de Deus, e assim
suportarás sem impaciência tudo o que vier. ( ... ) Acredite que o
desprezo e os insultos são remédios contra o orgulho da sua alma e ore
por aqueles que te tratam mal , considerando-os como médicos".
E, novamente, não tente conhecer o mal do teu próximo, e não alimente
suspeitas contra ele. E se a nossa malícia os faz nascer, procure
transformá-los em pensamentos bons”.
Conta-se que Abba Zózimo, um dos mestres de Doroteu de Gaza, dizia
que é preciso pensar daqueles que fazem o mal “como sendo um médico
enviado por Cristo”, como um “benfeitor”, porque “tudo é um apelo para a
conversão, para retornar a si mesmo e para descobrir solidariedade com
os pecadores”.
A questão da moral
Como muitos notaram, a verdadeira novidade do Papa Francisco, mais do
que a nível doutrinal, é a nível de atitude: “A primeira reforma – ele
disse – deve ser a da atitude. Os ministros do Evangelho devem ser
pessoas capazes de aquecer o coração das pessoas, de caminhar na noite
com eles, de saber dialogar e também de descer na suas noites, nas suas
escuridões sem perder-se. O povo de Deus quer pastores e não
funcionários ou clérigos do Estado”.
"Eu sonho – acrescenta – com uma Igreja Mãe e Pastora. Os ministros
da Igreja devem ser misericordiosos, cuidar das pessoas, acompanhado-as
como o bom samaritano que lava, limpa, levanta o seu próximo. Isso é
Evangelho puro. Deus é maior do que o pecado. As reformas organizativas e
estruturais são secundárias, ou seja, vêm depois”.
É verdade que alguns se sentem órfãos de Bento XVI e de João Paulo II
dizendo que não se acham nas palavras do Papa Francisco, principalmente
em temas morais.
No entanto, o padre Bergoglio na sua prática de Arcebispo sempre foi leal e fiel à doutrina.
Sobre a acolhida dos divorciados, sobre a prática da
homossexualidade, sobre as pessoas que escolheram a interrupção
voluntária da gravidez, sobre o celibato, etc, papa Francisco não
apresenta nenhuma novidade doutrinal, é fidelíssimo a tudo o que está
escrito no Catecismo da Igreja Católica.
Na entrevista à Civilta Cattolica disse: "Nós não podemos insistir
somente nas questões relacionadas ao aborto, ao matrimónio homossexual e
uso dos métodos contraceptivos. Isso não é possível. Eu não tenho
falado muito sobre esses temas, e fui repreendido. Mas quando se fala, é
preciso que se fale em um contexto. O parecer da Igreja, além disso, é
conhecido, e eu sou filho da Igreja, mas não é necessário falar sobre
isso o tempo todo".
"Eu vejo claramente que a coisa que a Igreja mais precisa hoje é a
capacidade de curar as feridas e aquecer os corações dos fiéis, a
proximidade , o companheirismo. Eu vejo a Igreja como um hospital de
campanha depois de uma batalha. É inútil perguntar a um ferido grave se
tem o colesterol ou o açúcar altos! É preciso curar as suas feridas.
Depois poderemos falar de tudo isso. Curar as feridas, cuidar as
feridas... E é preciso começar de baixo".
No angelus do 7 de Abril, o Papa recordou as palavras de Jesus:
"Pedro, não tenha medo da sua fraqueza, confie em mim", e Pedro
compreende, sente o olhar de amor de Jesus e chora. Que bom é este olhar
de Jesus – quanta ternura! Irmãos e irmãs, nunca percamos a confiança
na misericórdia paciente de Deus!"
Para um maior aprofundamento veja: “Un ciclone di nome Francisco” http://www.amazon.it/gp/product/0615824226/ref=as_li_qf_sp_asin_il_tl?
in
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