Línguas são faladas por nativos mexicanos. Em preparação, também a bíblia em náuatle, idioma falado por 1,5 milhão de pessoas e utilizado pela Virgem de Guadalupe
Roma, 30 de Outubro de 2013
Acaba de chegar de Roma a aprovação do papa Francisco para
as fórmulas sacramentais nas línguas tseltal e tsotsil, faladas por
povos nativos do México, para o baptismo, a confirmação, a missa, a
confissão, a unção dos enfermos, o matrimónio e a ordenação sacerdotal.
As fórmulas são as palavras centrais de cada sacramento, essenciais
para a sua validade. Por exemplo, a do baptismo é “Eu te baptizo em nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Para a consagração da eucaristia
na missa, é “Tomai e comei, este é o meu Corpo, que será entregue por
vós”.
O bispo Felipe Arizmendi Esquivel, de San Cristóbal de las Casas, no
sul do México, explica em uma nota enviada a ZENIT que "esta aprovação é
um reconhecimento do trabalho que fizemos para ter uma tradução
aprovada pela Igreja para o tseltal, idioma que só é usado na nossa
diocese, por quase meio milhão de pessoas, e para o tsotsil, que também é
falado aqui e na arquidiocese de Tuxtla Gutiérrez por mais de 350 mil
indígenas".
“Durante longos meses”, continua a declaração do bispo de San
Cristóbal de las Casas, “equipes de tradutores de ambas as dioceses
trabalharam intensamente na tradução dos textos litúrgicos para essas
línguas”.
Em três ocasiões, representantes da Conferência Episcopal Mexicana,
especialistas em bíblia, liturgia, doutrina da fé e cultura, revisaram
as traduções e a sua fidelidade ao texto oficial. Depois, os textos
foram apresentados e aprovados por unanimidade em assembleias plenárias
do episcopado. Finalmente, foram enviados para as Congregações do Culto
Divino e da Doutrina da Fé, em Roma, para o seu reconhecimento.
O bispo Arizmendi relata que "depois de todas estas revisões, a
última palavra era do papa, que deveria dar a aprovação definitiva. E o
papa Francisco aprovou. Isto é uma grande alegria e uma grande esperança
para os nossos povos originários, porque dá a eles a confiança de que o
seu idioma é reconhecido pela Igreja e pode ser usado nas celebrações
com toda a tranquilidade, tanto no doutrinal quanto no cultural. As
demais traduções do rito ordinário da missa e dos sacramentos estão
passando por um processo semelhante, mas para elas não será necessária a
aprovação do papa. Basta a aprovação da Congregação para o Culto
Divino, que já está estudando as traduções".
O bispo também conta que, na semana passada, coordenou a V Oficina de
Cultura Náuatle na paróquia de Naupan, na serra norte do Estado
mexicano de Puebla, com a participação de 42 pessoas, quase todas
falantes do náuatle, a maioria indígenas dessa etnia. "Em representação
do episcopado mexicano, eu coordenei as oficinas que têm como objectivo
traduzir a bíblia e os textos litúrgicos para esse idioma indígena, que é
o mais falado no país (um milhão e meio de pessoas) e que foi usado
pela Virgem de Guadalupe quando ela apareceu na colina do Tepeyac",
explica o prelado.
"Já traduziram o pai-nosso, a ave-maria, o credo e as respostas mais
comuns da missa. É um incentivo para os outros idiomas do país e do
nosso continente, porque o nosso povo tem o direito de viver as
celebrações litúrgicas na sua própria cultura e de esperar que a Palavra
de Deus chegue aos fiéis na sua própria língua".
Dom Arizmendi recorda que o papa Francisco, ao se dirigir ao
episcopado brasileiro, afirmou que é necessário “consolidar os
resultados conseguidos na área de formação de um clero autóctone, para
termos sacerdotes adaptados às condições locais e, por dizer assim,
fortalecer o ‘rosto amazónico’ da Igreja”.
A declaração destaca que "esse rosto amazónico requer tanto um clero
autóctone quanto traduções para os idiomas dos povos originários. Sem
este passo, não somos uma Igreja realmente católica, pois deixamos de
incluir muitos povos que Deus colocou nessas terras. Em Aparecida,
expressamos: ‘Como Igreja, que assume a causa dos pobres, encorajamos a
participação dos indígenas e dos afro-americanos na vida eclesial. Vemos
com esperança o processo de enculturação discernido à luz do
Magistério. É prioritário fazer traduções católicas da bíblia e dos
textos litúrgicos para os seus idiomas. É necessário, igualmente,
promover mais as vocações e os ministérios ordenados procedentes dessas
culturas” (DA 94).
Para finalizar, o bispo mexicano incentiva "quem presta o seu serviço
pastoral em comunidades aborígenes a se empenhar para que a bíblia e a
liturgia se tornem acessíveis nos idiomas originários".
in
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