Uma reflexão feita 27 anos depois da histórica peregrinação de João Paulo II
Assis, 28 de Outubro de 2013
Numa segunda-feira, 27 de Outubro de 1986, o papa João Paulo
II convocou em Assis um dia de peregrinação, jejum e oração pela paz,
para o qual foram convidados os representantes de todas as religiões.
Aquele evento deu início a um movimento de reflexão, encontros e
trabalhos que viram a própria confirmação e aprofundamento no encontro
organizado pelo papa Bento XVI, vinte e cinco anos mais tarde, em 27 de Outubro de 2011.
Embora a origem desses diálogos e dessa missão seja recente, em
especial a partir do concílio Vaticano II, importantes elementos deste
processo remontam a São Francisco de Assis, como fica evidenciado, por
exemplo, na regra franciscana que indica o modo de comportar-se quando
se está entre os muçulmanos: "Os frades que estiverem em meio aos
infiéis podem se comportar espiritualmente de duas maneiras. Uma é
evitar as brigas e disputas, sujeitando-se a toda criatura humana por
amor de Deus e confessando-se cristãos. A outra maneira é, quando virem
que é de agrado de nosso Senhor, proclamar a palavra de Deus para que
eles acreditem em Deus Todo-Poderoso Pai, Filho e Espírito Santo,
criador de todas as coisas, e no Filho Redentor e Salvador, e sejam baptizados e se tornem cristãos, porque, se não se nascer da água e do
Espírito, não se poderá entrar no reino de Deus" (Fontes Franciscanas,
43).
Ao contrário do que se costuma afirmar, não há em São Francisco
nenhum "cristianismo anónimo", porque, no primeiro modo, os frades devem
confessar-se cristãos; nem há renúncia à missão, porque o Pobre de
Assis afirma também que "se alguém não nascer da água e do Espírito, não
poderá entrar no reino de Deus".
A este respeito, escreve pe. Charles Paolazzi: "Os dois modos são
evangélicos, histórica e teologicamente proporcionais ao mundo dos
crentes muçulmanos: em contraste com a violência desnecessária das
cruzadas, o estilo de mansidão e o testemunho cristão; complementando o
monoteísmo comum, derivado da fé de Abraão, eis o anúncio do mistério
trinitário e da redenção no Verbo encarnado, através dos sacramentos
confiados à Igreja".
in
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