O povo o aclama. Não-crentes, agnósticos, ateus, membros de outras religiões estão fascinados. Por que é tão popular?
Roma, 16 de Outubro de 2013
Todos os papas são únicos, mas Francisco é realmente um Papa extraordinário, incrível. Ele nos surpreende a cada dia mais.
Executa acções surpreendentes. Mora em um quarto de hotel. Viaja com
carros comuns. Onde pode dispensa a escolta. Veste-se sobriamente.
Calçando botas ortopédicas, com muitas lombas. Tem uma cruz peitoral de
prata e até o anel tiveram que insistir para dourar.
Visita, consola e confessa prisioneiros, enfermos com AIDS, pessoas
com problemas psiquiátricos, não houve nem sequer uma Quinta-Feira Santa
que tenha celebrado na diocese, mas sempre nas prisões, hospitais, manicómios, hospitais psiquiátricos, orfanatos, nas favelas, nos bairros
mais pobres e infames. Vê-lo caminhar entre as pessoas é uma
experiência única.
Conforta e acalma os enfermos e os deficientes, pega no ar os terços
que lhe jogam, coloca a chupeta nas crianças que choram; escreveu no
gesso de uma adolescente com a perna engessada, cumprimenta e abraça a
todos, abençoa, dialoga intensamente com as pessoas, convida-lhes a
responder as suas perguntas, invoca orações comuns, às vezes em
silêncio. Muitos se comovem.
E depois telefona em primeira pessoa. É ele que procura as ovelhas
perdidas, compartilha os sofrimentos, as chama pelo nome, tranquiliza,
encontra soluções, um verdadeiro pai que não deixa faltar a sua presença
e que leva de volta para Deus tantas ovelhas perdidas.
Suscita um entusiasmo incrível.
Com 10 milhões de seguidores no Twitter, o Papa foi recentemente
premiado com o Oscar da Web, como Personalidade do Ano no Blogfest de
2013, batendo a concorrência de estrelas da Internet.
No Vaticano chegam uma média de duas mil cartas por dia dirigidas a ele.
O Angelus e a audiência da quarta-feira com mais de cem mil pessoas,
são números que vão muito além dos recordes de todos os pontífices
anteriores.
Testemunhos de párocos falam de pessoas que desde que o Papa
Francisco chegou fazem fila no confessionário, nunca se viu tanta gente
querendo se confessar.
Na Polónia, me disseram que nos últimos sete meses têm crescido fortemente os pedidos para entrar no seminário.
Um levantamento feito na Rússia, revelou que 71 % da população quer que o Papa Francisco vá para Moscovo.
De acordo com outro levantamento feito com quase mil jovens do
Instituto Toniolo foi revelado que o 83,6 % disseram que as palavras
escolhidas são adequadas ao mundo contemporâneo, capazes de atingir o
coração das pessoas. O 91,5% simpatiza com o Papa. De todos os
entrevistados o 81% disse que é capaz de aumentar a coerência moral
entre os comportamentos e os valores afirmados.
Qual é o seu segredo?
Do ponto de vista da doutrina não existe nenhuma diferença com os seus antecessores, mas mudou a abordagem.
Papa Francisco não esperava ser criticado, nunca responde o mal com o
mal, e não aceita alimentar polémicas, pelo contrário, como São
Francisco se dirige aos inimigos e tenta abraça-los, explica-lhes o
sacrifício de Cristo e lhes convida a abaixar juntos sob a Cruz, fazendo
da fraqueza a arma para encontrar a paz.
A esse respeito disse aos redactores da Civiltá Cattolica no dia 14 de Junho no 163 º aniversário da revista.
"É verdade que a Igreja precisa ser dura contra a hipocrisia, fruto
de um coração fechado, mas a tarefa principal não é construir muros, mas
pontes, é o de estabelecer um diálogo com todos os homens, também com
aqueles que não compartilham a fé cristã, mas cultuam os altos valores
humanos, e até mesmo “com aqueles que se opõem à Igreja e a perseguem de
diversos modos”. Essa última frase é tirada da Gaudium et spes, número
92).
"Dialogar significa estar convencido de que o outro tem algo bom para
dizer, dar lugar ao seu ponto de vista, à sua opinião, às suas
propostas, sem cair, obviamente, no relativismo. E para dialogar é
preciso abaixar as defesas e abrir as portas".
Acrescentou o Papa Francisco: “São tantas as questões humanas a serem
discutidas e compartilhadas, e no diálogo é sempre possível
aproximar-se da verdade, que é dom de Deus, e enriquece mutuamente”.
O Papa Bergoglio recordou a afirmação de Santo Inácio de que "devemos buscar e encontrar a Deus em todas as coisas".
Em uma entrevista com a Civilta cattolica explicou “Eu tenho uma
certeza dogmática: Deus está na vida de cada pessoa, Deus está na vida
de cada um. Ainda que a vida de uma pessoa tenha sido um desastre, se
foi destruída pelos vícios, pela droga ou por qualquer outra coisa, Deus
está na sua vida. Pode-se e deve-se busca-lo em cada vida humana. Ainda
que a vida de uma pessoa seja um terreno cheio de espinhas e ervas
daninhas , há sempre um espaço em que a boa semente pode crescer. É
preciso confiar em Deus".
Neste contexto, sobre a propagação da fé escreveu no n.34 da
Encíclica Lumen fidei: “Torna-se claro que a fé não é intransigente, mas
cresce na convivência que respeita o outro. O crente não é arrogante;
pelo contrário, a verdade o faz humilde, sabendo que, mais do que
possuí-la nós, é ela que nos abraça e nos possui. Longe de
enrijecer-nos, a segurança da fé nos coloca a caminho, e torna possível o
testemunho e o diálogo com todos".
Na sua relação contra os que atacam ou perseguem a Igreja o Papa
Francisco responde como respondeu o beato croata Miroslav Buleić: "A
minha vingança é o perdão!" explicando que "o martírio é amor, e é a
vitória sobre todo tipo de ódio".
Até mesmo o beato Jerzy Popieluszko, mártir polaco, ressaltou que a
tarefa dos cristãos é combater "o mal e não as suas vítimas".
Claro ensinamento de São Paulo que na Carta aos Romanos escreveu:
"Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem" (12, 21).
O mal não pode ser derrotado com o mal: nesse caminho, de fato, mais do que vencer o mal, se é vencido por ele.
A este respeito o Papa, antes do Angelus de 15 de Setembro ,
explicou que a justiça humana é muito limitada para nos salvar e se
praticarmos o "olho por olho, dente por dente", jamais sairemos da
espiral do mal.
Diferente é a justiça de Deus que em face dos pecados e do mal aceitou a Cruz e deu sua vida por nós.
Para um maior aprofundamento: "Um ciclone di nome Francisco”
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