Na Itália, discutem a lei penal sobre o negacionismo. Priebke recebido por lefebristas termina sem funeral. Semeraro reafirma que Fraternidade S. Pio X está fora da Igreja
Roma, 16 de Outubro de 2013
Um dos judeus que sobreviveu ao campo de concentração de
Auschwitz, Enzo Camerino, participou esta manhã da missa com o Papa
Francisco missa na capela da residência de Santa Marta. É um dos 16
sobreviventes dos 1.021 judeus deportados para Auswitch de Roma durante a
ocupação alemã da Segunda Guerra Mundial.
Às 5h15 da manhã do 16 de Outubro de 1943, as SS cercaram o bairro
judeu, o Gueto de Roma e revistaram todas as casas. Somente uma mulher e
quinze homens sobreviveram. Das duzentas crianças levadas pelos
nazistas para os campos de concentração, nenhuma retornou.
O jornal do Vaticano, o L’Osservatore Romano, indica que Camerino
“quis unir-se hoje aos participantes da solene comemoração que vê
reunidos em Roma diversos componentes da sociedade civil e religiosa. A
começar pelo Papa Francisco”.
O jornal da Santa Sé define como "uma presença significativa em um
dia significativo" no aniversário do "pente fino" do Ghetto de Roma.
A Itália, onde a data é profundamente sentida – até mesmo porque
existem muitos que viveram esse terrível momento e dão o seu testemunho –
viu no Senado a proposta de um decreto para castigar penalmente aqueles
que neguem o extermínio dos judeus provocado por nazistas na segunda
guerra mundial e conhecido com a palavra shoah . A proposta de hoje não
foi aprovada e o debate vai continuar.
O presidente italiano, Giorgio Napolitano, ao deixar a cerimónia de
comemoração realizada esta manhã na sinagoga considerou que o crime de
negacionismo "será aprovado pelo Parlamento, dando exemplo também aos
outros países”.
Enquanto isso, a proposta de punir com prisão aqueles que neguem os
fatos históricos, encontra resistência entre vários juristas e
intelectuais, que consideram que é muito mais oportuno responder com as
armas da cultura do que com um castigo, o que colocaria em discussão a
liberdade de opinião. Em particular dando a conhecer a história às
gerações mais jovens, e promovendo iniciativas como as visitas aos
campos de concentração das delegações de escolares.
Por outro lado, ontem à tarde foi suspenso o funeral do ex oficial
das SS Eric Priebke, que morreu no dia 11 deste mês. O oficial nazista
foi responsável pelo massacre de 335 italianos em uma repressão pela
morte de 33 soldados alemães. Priebke foi condenado à prisão perpétua,
mas por causa de sua idade, como diz a lei italiana, permaneceu em
prisão domiciliar. A diocese de Roma negou o funeral público, Argentina e
Alemanha não quiseram nem saber de recebe-lo. Pelo contrário a
fraternidade lefebrista em Albano, situada a poucos quilómetros de Roma,
aceitou acolher o defunto para os ritos fúnebres.
Por causa dos tumultos que foram gerados fora da mansão da
Fraternidade São Pio X, o funeral foi suspenso e o caixão com os restos
mortais levado a um quartel militar. Será a família que terá que decidir
o destino do corpo do seu parente.
O bispo de Albano, Marcello Semerano , disse que "os lefebvristas tem
uma sede aqui em Albano desde a época do cisma”, e tal comunidade “não
depende de mim: não são da Igreja Católica”.
Monsenhor Semerano, alguém muito próximo ao Papa Francisco e
secretário do Conselho dos oito cardeais, reiterou em uma entrevista
publicada pelo jornal italiano Corriere della Sera, que os lefebristas
não estão em comunhão com a Igreja Católica. Apesar de se ter levantado a
excomunhão dos quatro bispos lefebvrianos, e apesar das tentativas de
Bento XVI de que se aproximasse da Igreja, a Fraternidade de São Pio X
continua sem aceitar o Concílio Vaticano II. "Eles não estão em comunhão
com o sucessor de Pedro, suas acções foram e continuam sendo ilegítimas,
como é a suspensão a divinis”, disse.
O Bispo de Albano também explica que o Vicariato não tinha excluído a
oração de sufrágio, de forma discreta e priva, “mas a lei canónica
proíbe o funeral, que é um ato litúrgico público, aos pecadores
‘manifestos’ que não tenham dado sinais de arrependimento”.
in
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