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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O que significa ser mulher?

Conferência no Vaticano comemora o 25º aniversário da Mulieris dignitatem


Roma, 15 de Outubro de 2013


“Deus confia o ser humano à mulher” é o título da conferência internacional realizada pelo Vaticano por ocasião do 25º aniversário da carta apostólica Mulieris dignitatem, do papa João Paulo II.

A conferência de três dias foi organizada pelo Conselho Pontifício para os Leigos. Seu título é uma citação do documento escrito após o sínodo de 1987 sobre o papel e a vocação dos leigos na Igreja.

Um sentido mais completo do título é sugerido na passagem da qual o trecho foi tirado: "A força moral da mulher, a sua força espiritual, se combina com a consciência de que Deus lhe confia de modo especial o homem, o ser humano. É claro que Deus confia cada ser humano a todos e a cada um. No entanto, essa tarefa é confiada de modo peculiar às mulheres, devido à sua feminilidade, um particular que decide a sua vocação" (cf. Mulieris dignitatem, 30).

Com este ponto de partida, o objectivo da conferência foi analisar a evolução histórica da percepção das mulheres, quais elementos costumam levá-las a abandonar o seu papel e, finalmente, os muitos aspectos que surgiram como consequência da crise cultural actual. "A conferência reuniu um grupo incrível de mulheres talentosas que servem à Igreja", disse a ZENIT a Dra. Vicki Thorne.

Thorne, que foi uma das palestrantes do encontro, é a fundadora do Projecto Rachel, que presta suporte e assistência a mães e pais que sofrem após um aborto, e é directora-executiva do Escritório Nacional de Reconciliação e Cuidados Pós-Aborto.

Ela observa que estas reuniões são cruciais para as mulheres que se sentem desencorajadas no seu ministério, ajudando-as a encontrar outras pessoas que trabalham para a Igreja de forma similar. "Estar no mesmo lugar juntos é um grande presente, pois você conhece outras mulheres na mesma situação". A fundadora do Projecto Rachel acrescenta que "a oportunidade de networking é realmente importante, especialmente porque temos tantos países representados, para descobrir o que os outros estão fazendo e o que podemos fazer em nossos países".

Thorne contou como fez a sua "experiência de contacto com jovens e idosos, com abordagens diferentes na discussão da sexualidade, de acordo com a ciência da Humanae Vitae e da Teologia do Corpo". Afirma ela: "A minha experiência é que as pessoas são muito abertas para ouvir este assunto, até porque quase ninguém fala disso".

A palestrante afirma ainda que homens e mulheres têm sido condicionados a pensar que são "uma espécie de animais sexuais" sem auto-controle, e por esta razão, simplesmente equipados com o necessário para prevenir doenças sexualmente transmissíveis. O que não é ensinado às mulheres e aos homens é "a consciência de como somos feitos".

Thorne explicou, por exemplo, que "as mulheres mantêm em si as células dos seus filhos pelo resto da vida, e as passam depois aos filhos sucessivos; além disso, nós mesmos temos células das nossas mães". A doutora também falou sobre "o que acontece quando as pílulas anticoncepcionais induzem a mulher a escolher o parceiro biologicamente errado, e depois a se divorciar”, e sobre as “mudanças que ocorrem no cérebro das mulheres, nomeadamente o fato de que o seu cérebro cresce de modo similar ao de um homem quando elas tomam pílulas. São questões críticas, mas é ciência".

Citando suas próprias experiências com mulheres que abortaram, a pesquisadora observou o quanto elas são receptivas à sua mensagem. "As feridas ainda estão abertas, mas elas só sabem disso até certo ponto. Elas não são capazes de processar plenamente o que aconteceu com elas", diz Thorne.

Meg McDonnell trabalhou para o Instituto Chiaroscuro, uma organização sem fins lucrativos que tem como objectivo apoiar o casamento e o bem-estar dos filhos, especialmente nas classes menos abastadas. Colega da também expoente Helen Alvare, McDonnell ressaltou que a presença internacional na conferência demonstra as semelhanças e diferenças entre as mulheres de diferentes nações.

"O que mais me impressionou é a capacidade de perceber as semelhanças e as diferenças e ver que a Igreja consegue tecer, através dos seus princípios, uma abordagem que pode ser aplicada nas diferenças extremas, de uma forma que compreende o que significa ser mulher: como a mulher coopera com o homem, como homem coopera com a mulher e como a família continua a ser a célula fundamental de cada sociedade".

Falando sobre a aplicação dos princípios da Mulieris dignitatem ao seu trabalho, McDonnell afirmou que "ninguém entre nós pode ensinar nada sem dar testemunho".

"No nível pessoal, há muito da minha reflexão, quando se fala de Maria e das virtudes das mulheres".

Ela observou que, nos Estados Unidos, uma questão frequentemente discutida é a do modelo das mulheres que trabalham, contraposto ao da dona de casa. Para as mulheres católicas, o contraste "é identificado como suave, mas forte, como percebemos em Maria: o génio das mulheres, a busca de maternidade, a aplicação das suas habilidades, dos seus talentos na vida profissional".

McDonnell fala do desafio de articular esses princípios no âmbito profissional para que um público leigo “possa captar a substância” do assunto. "Como posso falar do modo de ser de Maria e das virtudes que ela manifesta, da sua força, da sua humildade, do seu sim radical?".

A conferência, segundo ela, oferece uma reflexão sobre a forma de trazer esses princípios "àqueles que não compartilham dos ensinamentos da Igreja. Nós podemos estar ao lado deles com base na lei natural e num entendimento natural da pessoa humana".


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