Prossegue a reforma para encontrar "uma melhor harmonização" do Instituto "com a missão da Igreja"
Roma,
11 de Julho de 2013
Papa Francisco recebeu ontem a comissão instruída para fazer
uma radiografia do Instituto para as Obras de Religião (IOR). Estava
presente o presidente do Instituto, o alemão Ernest von Freyberg.
A notícia divulgada pela agência de notícias Ansa demonstra o
interesse do Santo Padre em continuar na linha da transparência e o
desejo de uma futura reforma do Instituto. Apesar de a Europa estar no
período das férias de verão, o Santo Padre decidiu ficar no Vaticano e
não ir para a residência estiva em Castel Gandolfo, onde poderia
continuar trabalhando em um clima mais fresco e descontraído.
A comissão criada há menos de um mês, em 24 de Junho, não é de
vigilância, mas tem a missão de colectar informações detalhadas para
actualizar o papa Francisco sobre tudo o que acontece no IOR para assim
prosseguir a reforma que permitirá, como mostrado na carta assinada pelo
Papa ao criá-la, encontrar "uma melhor harmonização" do Instituto "com a
missão da Igreja".
Esta é composta pelo cardeal Raffaele Farina; o cardeal Jean Louis
Tauran, que foi membro do Colégio dos Cardeais do IOR; o coordenador
espanhol, dom Juan Ignacio Arrieta, membro do Opus Dei e pessoa
altamente competente em matéria de legislação; o secretário Peter Bryan
Wells; e a ex-embaixatriz dos EUA, Mary Gendon.
A linha da transparência tomada firmemente pelo papa emérito Bento
XVI levou a Instituição a dar passos importantes, ao ponto de receber o
"amplamente conforme" de Moneyval, agência da Comissão Europeia contra a
lavagem de dinheiro, mesmo com algumas indicações de tarefas pendentes.
Na Itália, o caso mais recente é o do Monsenhor Nunzio Scarano,
suspenso há mais de um mês de seu cargo na Administração do Património
da Sé Apostólica. O caso é investigado pelos tribunais italianos pela
tentativa de deixar entrar na Itália fundos da Suíça, como favor de
amigos, evitando assim o pagamento dos impostos devidos.
Embora não necessariamente relacionado com o caso citado, o director
do Instituto Paolo Cipriani e o vice Massimo Tulli, pediram demissão no
dia 1 de Julho. Desde então, as funções de director geral foram assumidas
"ad interim" pelo presidente do Conselho de Superintendência, Von
Freygerb.
Dom Odilo Scherer, membro do Conselho dos cardeais para o Estudo dos
problemas organizativos da Santa Sé, em entrevista ao jornal romano 'Il
Messaggero', afirma que "onde há pessoas também podem ocorrer erros, até
mesmo graves” e destaca que “nem sempre nas estruturas trabalham anjos.
“As tentações, por vezes, nos levam a cometer erros graves. Então, é
preciso vigiar. Neste sentido, talvez, devemos fazer mais” - afirmou -.
O cardeal brasileiro recorda que o IOR não é um banco, mas "um
instituto com finalidades especificas de serviço". E sobre a
possibilidade de fechar o IOR, como desejado por alguns cardeais, Dom
Odilo diz: "Acredito que a Igreja precisa ter bens temporais"- e
acrescenta - "não creio que a Igreja possa pensar em não ter uma
organização administrativa que torne factível a sua missão”.
“A questão não está tanto em ter, em possuir meios, mas na forma como
são geridos. Decoro, honestidade, transparência, serviço” - destaca o
cardeal -.
in
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