É jesuíta e tem 75 anos
Há 8 anos, no último Conclave, foi o segundo cardeal mais votado depois de Joseph Ratzinger. É o primeiro jesuíta a chegar a Pontífice.
Actualizado 13 de Março de 2013
A. R. / ReL
Tem 76 anos e no seu país de origem, Argentina, é um verdadeiro líder moral que se forjou em tempos do famoso "corralito", na pior época de crise económica que padeceu o país sul-americano nas últimas décadas.
Em Buenos Aires costuma viajar de autocarro, e é comum vê-lo caminhar pela rua ou apanhar o metro como um cidadão comum, ainda que veste sempre de sotaina. Além disso, costuma cuidar pessoalmente de sacerdotes anciãos e enfermos da diocese de Buenos Aires. Ele muda-se para os seus domicílios ou hospital e os acompanha durante toda a noite.
Prova da sua austeridade pessoal é o facto de ter renunciado ao Palácio Arcebispal e viver num pequeno apartamento da capital argentina, acompanhado por outro presbítero.
O novo Papa Francisco I é um dos cinco filhos de um matrimónio italiano de classe média formado por Mario, empregado ferroviário, e Regina Sívori, dona de casa
Primeiro Papa jesuíta
Este jesuíta, o primeiro que ocupa o cargo, é conhecido pela sua seriedade, o seu carácter reservado e a escrupulosa coerência com o seu cargo.
Foi eleito cardeal em 2001, mas quando se organizava a viagem massiva de paroquianos a Roma para assistir à cerimónia parou-os e pediu-lhes que esse dinheiro da viagem fosse dedicado a obras de caridade.
Quem é o cardeal Jorge Mario Bergoglio?
Vocação tardia: padre aos 33 anos
O novo Papa nasceu em Buenos Aires em 17 de Dezembro de 1936. É químico e com estudos de filosofia e psicologia. Bergoglio fez-se padre tarde, com 33 anos.
Chegou a ser provincial da sua ordem de 1973 a 1980, período no qual se opôs à teologia da libertação.
Como provincial da Companhia de Jesus na Argentina "governou" com firmeza perante os vaivéns de alguns dos seus irmãos jesuítas. Essa contundência passou-lhe factura. Depois de deixar de ser o responsável máximo da ordem foi "desterrado" para Córdoba, assignando-lhe as tarefas de director espiritual e confessor deixando-o sem competências pastorais de primeira ordem.
Posteriormente, entre 1980 e 1986 foi Reitor do Colégio Máximo de São Miguel e das Faculdades de Filosofia e Teologia da mesma Casa.
João Paulo II nomeou-o bispo
O Papa João Paulo II recuperou-o do seu "desterro" e em 1992 nomeou-o bispo auxiliar de Buenos Aires.
Era papável desde 2003, apesar de ser jesuíta, e já só esta condição lhe resultava insofrível. Quando em 2005 Ratzinger se converteu em Bento XVI, Bergoglio ficou em segundo nas votações.
Adepto da equipa de futebol São Lourenço
É muito aficionado ao futebol e reconhecido adepto do São Lourenço de Almagro, uma grande equipa argentina.
O seu amor pelas cores azul e vermelho começou desde muito pequeno. O seu pai jogava basquetebol no clube e o levava a ver os jogos no Viejo Gasómetro. Desde então a paixão pelo Ciclón não diminuiu e até chegou a meter-se na vida do clube, informa o diário Clarín.
Contrário ao aborto, a eutanásia e a cultura da morte
Em 2 de Outubro de 2007, o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, afirmou taxativamente que "na Argentina se vive uma cultura do descarte pela qual se aplica a pena de morte mediante o aborto e a eutanásia de anciãos mediante o abandono".
"Esta cultura é como uma ´nova ilustração´ que se expressa num progressismo histórico, sem raízes e num terrorismo demográfico", advertiu o então presidente da conferência episcopal argentina.
Também assinalou que "na Argentina há eutanásia encoberta. As obras sociais pagam até certo limite, se passas, morre, total SOS velho. Hoje descarta-se os velhos quando, na realidade, são a sé da sabedoria do povo", precisou, antes de lamentar a quotidianidade da prostituição infantil em certos âmbitos (inclusive como parte dos serviços de alguns hotéis).
Lamentou então o recente caso de uma jovem com incapacidade, vítima de uma violação, à qual se lhe praticou um aborto: "Sejamos conscientes de que com eufemismos não podemos tapar a cultura do descarte", pediu.
O aborto, o uso de preservativos ou as uniões civis de homossexuais "não entram no eixo fundamental do direito à vida pelo qual reclama Igreja", que consiste em "deixar viver e não matar; deixar crescer, alimentar, educar, curar e deixar morrer com dignidade. Não interferir manipuladoramente".
"Uma ternura especial com os pecadores"
Em Setembro de 2012 não teve reparos em chamar os seus próprios sacerdotes "hipócritas de hoje" por recusar-se a baptizar os filhos de mães solteiras "porque não foram concebidos na santidade do matrimónio".
Sucedeu durante um Encontro de Pastoral Urbana da Região Buenos Aires, no qual advertiu a necessidade de mostrar "uma ternura especial com os pecadores" e os mais afastados porque "Deus vive no meio deles". Por esta razão lamentou que alguns tenham "clericalizado a Igreja do Senhor".
Com delicadeza, mas com firmeza e claridade, o purpurado bonaerense denunciou que estes "enchem de preceitos e com dor o digo, e se parece uma denúncia ou uma ofensa, perdoem-me, mas na nossa região eclesiástica há presbíteros que não baptizam as crianças das mães solteiras porque não foram concebidos na santidade do matrimónio".
"Estes são os hipócritas de hoje. Os que clericalizaram a Igreja. Os que separam o povo de Deus da salvação. E essa pobre criança que, podendo ter mandado o seu filho ao remetente, teve a valentia de trazê-lo ao mundo, vai peregrinando de paróquia em paróquia para que o baptizem", acrescentou o hoje ocupante da cátedra de Pedro.
Tensa relação com os Kirchner
Com Néstor Kirchner, presidente da Argentina, a relação foi muito mais distante e conflitual que com a actual Presidente. O ex-presidente chegou a identificar o então cardeal como “o verdadeiro representante da oposição”. Naquele momento, Bergoglio queixou-se dos ditos de Kirchner.
Em Janeiro de 2007, o jornalista especializado de Clarín, Sergio Rubín, escreveu uma nota intitulada “Kirchner e Bergoglio, separados por questões de fundo”. Na mesma explicava que se havia proposto uma reunião entre as partes e que nem sequer a cúpula do Episcopado — que encabeça o próprio Bergoglio — conseguiu acordar uma visita protocolar às máximas autoridades do Congresso.
“Kirchner sente que o grosso dos bispos com Bergoglio à cabeça são um factor muito forte de questionamento" à sua gestão. A Casa Rosa queixou-se muitas vezes de que a Igreja nunca lhe reconheceu tudo o que fez o presidente para tirar o país de uma das piores crises da sua história”, explicou Rubin no texto.
Sem dúvida, quando o ex-Presidente morreu, Bergoglio reagiu rapidamente e em questão de horas decidiu oficiar uma missa pelo eterno descanso de Kichner. Fez-o na catedral metropolitana. “O povo tem que claudicar de todo o tipo de posição antagónica frente à morte de um homem ungido pelo povo para conduzi-lo e todo o país deve rezar por ele”, disse nessa oportunidade.
Além disso, nesse momento pediu que os cidadãos não sejam desagradecidos. “Seria uma ingratidão que este povo não se una em oração por um homem que carregou sobre o seu coração, sobre a sua consciência e sobre o seu nome a unção de um povo que lhe pediu que o conduzisse”, disse.
Com Cristina, o ponto de enfrentamento máximo chegou com a lei do matrimónio entre pessoas do mesmo sexo. Bergoglio foi a cara visível da marcha contra o casamento gay e opôs-se rotundamente ao projecto que mais à frente se transformou numa realidade.
“Preocupa-me o tom que adquiriu discurso, coloca-se como uma questão de moral religiosa e atentatória da ordem natural, quando na realidade o que se está fazendo é olhar uma realidade que já está”, respondeu Cristina nessa oportunidade.
Igualmente, Bergoglio festejou várias vezes o tom conciliador com os que Cristina encarava os seus discursos – ainda que criticou quando o fez com belicosidade -, e apontou sempre ao mesmo: a unidade entre os argentinos.
Um químico e psicólogo
Estudou e se diplomou como técnico químico, mas ao decidir-se pelo sacerdócio ingressou no seminário de Villa Devoto. Em 11 de Março de 1958 passou ao noviciado da Companhia de Jesus, estudou humanidades no Chile, e em 1960, de regresso a Buenos Aires, obteve a licenciatura em Filosofia no Colégio Máximo São José, na localidade de São Miguel. Entre 1964 e 1965 foi professor de Literatura e Psicologia no Colégio da Imaculada de Santa Fé, e em 1966 ditou iguais matérias no Colégio do Salvador de Buenos Aires. De 1967 a 1970 cursou Teologia no Colégio Máximo de São Miguel, cuja licenciatura obteve.
Passou por Alcalá de Henares (Espanha)
Sacerdócio: Em 13 de Dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote. Em 1971 fez a terceira provação em Alcalá de Henares (Espanha), e em 22 de Abril de 1973, a sua profissão perpétua. Foi mestre de noviços na residência Villa Barilari, de São Miguel (anos 1972/73), professor na Faculdade de Teologia e Consultor da Província e Reitor do Colégio Máximo.
Episcopado: Em 20 de Maio de 1992, João Paulo II o designou Bispo Titular de Auca e Auxiliar de Buenos Aires. Em 27 de Junho do mesmo ano recebeu na Catedral primaz a ordenação episcopal, e foi promovido a Arcebispo Coadjutor de Buenos Aires em 3 de Junho de 1997. Da dita sede arcebispal é titular desde 28 de Fevereiro de 1998, quando se converteu no primeiro jesuíta que chegou a ser primaz da Argentina. Sucedeu no cargo ao Cardeal Antonio Quarracino.
Pastor dos fiéis do rito oriental
É Ordinário para os fiéis do rito oriental residentes na Argentina e que não contam com Ordinário do seu próprio rito. Na Conferência Episcopal Argentina foi vice-presidente (2002-2005); e como membro da Comissão Executiva foi membro da Comissão Permanente representando a Província Eclesiástica de Buenos Aires. Integrou, além disso, as comissões episcopais de Educação Católica e da Universidade Católica Argentina, da qual é Grande Chanceler.
Cardinalato: Criado Cardeal presbítero em 21 de Fevereiro de 2001; recebeu a barreta vermelha e o título de São Roberto Belarmino. Assistiu como Relator Geral Adjunto à X Assembleia Ordinária do Sínodo de Bispos, Cidade do Vaticano realizado de 30 de Setembro a 27 de Outubro de 2001. Na Santa Sé, forma parte da Congregação para o Culto Divino e a disciplina dos Sacramentos, a Congregação para o Clero, a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Mesmo assim, integra o Pontifício Conselho para a Família, a Comissão para a América Latina (CAL) e o Conselho Ordinário da Secretaria Geral para o Sínodo dos Bispos. Participou no conclave de 18 e 19 de Abril de 2005. Assistiu à XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, Cidade do Vaticano, 2 a 23 de Outubro de 2005. Membro do conselho pós-sinodal da XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Em 9 de Novembro de 2005 foi eleito Presidente da Conferência Episcopal Argentina, para o triénio 2005-2008.
Livros e escritos
Entre os sues escritos figuram Meditações para religiosos (1982), Reflexões sobre a vida apostólica (1986), Reflexões de esperança (1992).
Há 8 anos, no último Conclave, foi o segundo cardeal mais votado depois de Joseph Ratzinger. É o primeiro jesuíta a chegar a Pontífice.
Actualizado 13 de Março de 2013
A. R. / ReL
Tem 76 anos e no seu país de origem, Argentina, é um verdadeiro líder moral que se forjou em tempos do famoso "corralito", na pior época de crise económica que padeceu o país sul-americano nas últimas décadas.
Em Buenos Aires costuma viajar de autocarro, e é comum vê-lo caminhar pela rua ou apanhar o metro como um cidadão comum, ainda que veste sempre de sotaina. Além disso, costuma cuidar pessoalmente de sacerdotes anciãos e enfermos da diocese de Buenos Aires. Ele muda-se para os seus domicílios ou hospital e os acompanha durante toda a noite.
Prova da sua austeridade pessoal é o facto de ter renunciado ao Palácio Arcebispal e viver num pequeno apartamento da capital argentina, acompanhado por outro presbítero.
O novo Papa Francisco I é um dos cinco filhos de um matrimónio italiano de classe média formado por Mario, empregado ferroviário, e Regina Sívori, dona de casa
Primeiro Papa jesuíta
Este jesuíta, o primeiro que ocupa o cargo, é conhecido pela sua seriedade, o seu carácter reservado e a escrupulosa coerência com o seu cargo.
Foi eleito cardeal em 2001, mas quando se organizava a viagem massiva de paroquianos a Roma para assistir à cerimónia parou-os e pediu-lhes que esse dinheiro da viagem fosse dedicado a obras de caridade.
Quem é o cardeal Jorge Mario Bergoglio?
Vocação tardia: padre aos 33 anos
O novo Papa nasceu em Buenos Aires em 17 de Dezembro de 1936. É químico e com estudos de filosofia e psicologia. Bergoglio fez-se padre tarde, com 33 anos.
Chegou a ser provincial da sua ordem de 1973 a 1980, período no qual se opôs à teologia da libertação.
Como provincial da Companhia de Jesus na Argentina "governou" com firmeza perante os vaivéns de alguns dos seus irmãos jesuítas. Essa contundência passou-lhe factura. Depois de deixar de ser o responsável máximo da ordem foi "desterrado" para Córdoba, assignando-lhe as tarefas de director espiritual e confessor deixando-o sem competências pastorais de primeira ordem.
Posteriormente, entre 1980 e 1986 foi Reitor do Colégio Máximo de São Miguel e das Faculdades de Filosofia e Teologia da mesma Casa.
João Paulo II nomeou-o bispo
O Papa João Paulo II recuperou-o do seu "desterro" e em 1992 nomeou-o bispo auxiliar de Buenos Aires.
Era papável desde 2003, apesar de ser jesuíta, e já só esta condição lhe resultava insofrível. Quando em 2005 Ratzinger se converteu em Bento XVI, Bergoglio ficou em segundo nas votações.
Adepto da equipa de futebol São Lourenço
É muito aficionado ao futebol e reconhecido adepto do São Lourenço de Almagro, uma grande equipa argentina.
O seu amor pelas cores azul e vermelho começou desde muito pequeno. O seu pai jogava basquetebol no clube e o levava a ver os jogos no Viejo Gasómetro. Desde então a paixão pelo Ciclón não diminuiu e até chegou a meter-se na vida do clube, informa o diário Clarín.
Contrário ao aborto, a eutanásia e a cultura da morte
Em 2 de Outubro de 2007, o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, afirmou taxativamente que "na Argentina se vive uma cultura do descarte pela qual se aplica a pena de morte mediante o aborto e a eutanásia de anciãos mediante o abandono".
"Esta cultura é como uma ´nova ilustração´ que se expressa num progressismo histórico, sem raízes e num terrorismo demográfico", advertiu o então presidente da conferência episcopal argentina.
Também assinalou que "na Argentina há eutanásia encoberta. As obras sociais pagam até certo limite, se passas, morre, total SOS velho. Hoje descarta-se os velhos quando, na realidade, são a sé da sabedoria do povo", precisou, antes de lamentar a quotidianidade da prostituição infantil em certos âmbitos (inclusive como parte dos serviços de alguns hotéis).
Lamentou então o recente caso de uma jovem com incapacidade, vítima de uma violação, à qual se lhe praticou um aborto: "Sejamos conscientes de que com eufemismos não podemos tapar a cultura do descarte", pediu.
O aborto, o uso de preservativos ou as uniões civis de homossexuais "não entram no eixo fundamental do direito à vida pelo qual reclama Igreja", que consiste em "deixar viver e não matar; deixar crescer, alimentar, educar, curar e deixar morrer com dignidade. Não interferir manipuladoramente".
"Uma ternura especial com os pecadores"
Em Setembro de 2012 não teve reparos em chamar os seus próprios sacerdotes "hipócritas de hoje" por recusar-se a baptizar os filhos de mães solteiras "porque não foram concebidos na santidade do matrimónio".
Sucedeu durante um Encontro de Pastoral Urbana da Região Buenos Aires, no qual advertiu a necessidade de mostrar "uma ternura especial com os pecadores" e os mais afastados porque "Deus vive no meio deles". Por esta razão lamentou que alguns tenham "clericalizado a Igreja do Senhor".
Com delicadeza, mas com firmeza e claridade, o purpurado bonaerense denunciou que estes "enchem de preceitos e com dor o digo, e se parece uma denúncia ou uma ofensa, perdoem-me, mas na nossa região eclesiástica há presbíteros que não baptizam as crianças das mães solteiras porque não foram concebidos na santidade do matrimónio".
"Estes são os hipócritas de hoje. Os que clericalizaram a Igreja. Os que separam o povo de Deus da salvação. E essa pobre criança que, podendo ter mandado o seu filho ao remetente, teve a valentia de trazê-lo ao mundo, vai peregrinando de paróquia em paróquia para que o baptizem", acrescentou o hoje ocupante da cátedra de Pedro.
Tensa relação com os Kirchner
Com Néstor Kirchner, presidente da Argentina, a relação foi muito mais distante e conflitual que com a actual Presidente. O ex-presidente chegou a identificar o então cardeal como “o verdadeiro representante da oposição”. Naquele momento, Bergoglio queixou-se dos ditos de Kirchner.
Em Janeiro de 2007, o jornalista especializado de Clarín, Sergio Rubín, escreveu uma nota intitulada “Kirchner e Bergoglio, separados por questões de fundo”. Na mesma explicava que se havia proposto uma reunião entre as partes e que nem sequer a cúpula do Episcopado — que encabeça o próprio Bergoglio — conseguiu acordar uma visita protocolar às máximas autoridades do Congresso.
“Kirchner sente que o grosso dos bispos com Bergoglio à cabeça são um factor muito forte de questionamento" à sua gestão. A Casa Rosa queixou-se muitas vezes de que a Igreja nunca lhe reconheceu tudo o que fez o presidente para tirar o país de uma das piores crises da sua história”, explicou Rubin no texto.
Sem dúvida, quando o ex-Presidente morreu, Bergoglio reagiu rapidamente e em questão de horas decidiu oficiar uma missa pelo eterno descanso de Kichner. Fez-o na catedral metropolitana. “O povo tem que claudicar de todo o tipo de posição antagónica frente à morte de um homem ungido pelo povo para conduzi-lo e todo o país deve rezar por ele”, disse nessa oportunidade.
Além disso, nesse momento pediu que os cidadãos não sejam desagradecidos. “Seria uma ingratidão que este povo não se una em oração por um homem que carregou sobre o seu coração, sobre a sua consciência e sobre o seu nome a unção de um povo que lhe pediu que o conduzisse”, disse.
Com Cristina, o ponto de enfrentamento máximo chegou com a lei do matrimónio entre pessoas do mesmo sexo. Bergoglio foi a cara visível da marcha contra o casamento gay e opôs-se rotundamente ao projecto que mais à frente se transformou numa realidade.
“Preocupa-me o tom que adquiriu discurso, coloca-se como uma questão de moral religiosa e atentatória da ordem natural, quando na realidade o que se está fazendo é olhar uma realidade que já está”, respondeu Cristina nessa oportunidade.
Igualmente, Bergoglio festejou várias vezes o tom conciliador com os que Cristina encarava os seus discursos – ainda que criticou quando o fez com belicosidade -, e apontou sempre ao mesmo: a unidade entre os argentinos.
Um químico e psicólogo
Estudou e se diplomou como técnico químico, mas ao decidir-se pelo sacerdócio ingressou no seminário de Villa Devoto. Em 11 de Março de 1958 passou ao noviciado da Companhia de Jesus, estudou humanidades no Chile, e em 1960, de regresso a Buenos Aires, obteve a licenciatura em Filosofia no Colégio Máximo São José, na localidade de São Miguel. Entre 1964 e 1965 foi professor de Literatura e Psicologia no Colégio da Imaculada de Santa Fé, e em 1966 ditou iguais matérias no Colégio do Salvador de Buenos Aires. De 1967 a 1970 cursou Teologia no Colégio Máximo de São Miguel, cuja licenciatura obteve.
Passou por Alcalá de Henares (Espanha)
Sacerdócio: Em 13 de Dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote. Em 1971 fez a terceira provação em Alcalá de Henares (Espanha), e em 22 de Abril de 1973, a sua profissão perpétua. Foi mestre de noviços na residência Villa Barilari, de São Miguel (anos 1972/73), professor na Faculdade de Teologia e Consultor da Província e Reitor do Colégio Máximo.
Episcopado: Em 20 de Maio de 1992, João Paulo II o designou Bispo Titular de Auca e Auxiliar de Buenos Aires. Em 27 de Junho do mesmo ano recebeu na Catedral primaz a ordenação episcopal, e foi promovido a Arcebispo Coadjutor de Buenos Aires em 3 de Junho de 1997. Da dita sede arcebispal é titular desde 28 de Fevereiro de 1998, quando se converteu no primeiro jesuíta que chegou a ser primaz da Argentina. Sucedeu no cargo ao Cardeal Antonio Quarracino.
Pastor dos fiéis do rito oriental
É Ordinário para os fiéis do rito oriental residentes na Argentina e que não contam com Ordinário do seu próprio rito. Na Conferência Episcopal Argentina foi vice-presidente (2002-2005); e como membro da Comissão Executiva foi membro da Comissão Permanente representando a Província Eclesiástica de Buenos Aires. Integrou, além disso, as comissões episcopais de Educação Católica e da Universidade Católica Argentina, da qual é Grande Chanceler.
Cardinalato: Criado Cardeal presbítero em 21 de Fevereiro de 2001; recebeu a barreta vermelha e o título de São Roberto Belarmino. Assistiu como Relator Geral Adjunto à X Assembleia Ordinária do Sínodo de Bispos, Cidade do Vaticano realizado de 30 de Setembro a 27 de Outubro de 2001. Na Santa Sé, forma parte da Congregação para o Culto Divino e a disciplina dos Sacramentos, a Congregação para o Clero, a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Mesmo assim, integra o Pontifício Conselho para a Família, a Comissão para a América Latina (CAL) e o Conselho Ordinário da Secretaria Geral para o Sínodo dos Bispos. Participou no conclave de 18 e 19 de Abril de 2005. Assistiu à XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, Cidade do Vaticano, 2 a 23 de Outubro de 2005. Membro do conselho pós-sinodal da XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Em 9 de Novembro de 2005 foi eleito Presidente da Conferência Episcopal Argentina, para o triénio 2005-2008.
Livros e escritos
Entre os sues escritos figuram Meditações para religiosos (1982), Reflexões sobre a vida apostólica (1986), Reflexões de esperança (1992).
in
Todas as bençãos do Mundo e dos Céus para o novo Papa. Certo que não poderá fazer tudo o que a Igreja necessita sozinho. Já em anterior comentário referi algumas das tarefas que penso serem urgentes, sendo que têm de ter o concurso de leigos como de eclesiásticos, para que tenhamos sucesso e voltemos a ter uma Igreja de pescadores que se fazem ao mar e amparam a barca uns dos outros.
ResponderEliminarGabriel Coelho