Os Anjos Não Têm
Costas… Quando Têm os Santos Atrás
Há dias em que parece que tudo se
vai desmoronar. Depois, repentinamente, tudo muda e o sol brilha de novo
reconfortando o nosso coração. Acordei assim, triste, sabendo contudo que a
tristeza é aliada do inimigo. Mas pouco depois recebi um telefonema a
convidar-me para passar o Dia de Reis na Vila de Mafra, com os meus sobrinhos.
Enchi-me logo de projetos, de novas ideias, mesmo de entusiasmo. E eis-me a
aguardar a sua boleia, tendo como ponto de encontro o Mercado da Ribeira. Afinal,
não vale mesmo a pena estar triste. O mundo não gira à nossa volta. O sol continuará
a nascer todos os dias depois de termos partido. O Mercado da Ribeira estava
quase cheio. Havia muita alegria, um ambiente informal e descontraído. A
maioria dos presentes era constituída por cidadãos estrangeiros. Senti-me feliz
no meio de tantas famílias. Por ironia do destino, à minha frente tinha um
restaurante denominado “Cozinha da Felicidade”. Alguém, entretanto, sentou-se
na mesa em frente, ficando de costas. E ouvi a pessoa a quem pedi desculpa,
amavelmente referir a frase que dá origem a este artigo: “Os anjos não têm
costas… quando têm os santos atrás”.
Já a caminho da Vila de Mafra,
considerei a possibilidade de visitar os presépios da vila, e escrever sobre eles.
Se bem pensei, melhor o fiz. Comecei por admirar o lindíssimo presépio exposto
no exterior, em frente à Basílica, onde entrei posteriormente para apreciar o
seu presépio interior. A leitura do Evangelho do dia 5 de janeiro, referia: Deus deu-nos a vida eterna e esta vida está
em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida. Quem não tem o Filho de Deus não tem
a vida. Que bela leitura adequada à época que vivenciamos! O presépio era
de uma grande beleza. Lá estavam os Reis Magos, (Melchior, Baltazar e Gaspar),
a chegar com os seus presentes, (ouro, que significa o seu reinado na terra,
incenso a sua divindade e mirra a sua morte) vindos do Oriente, a seguir uma
estrela e para adorar o Menino Jesus. Perto deste Presépio, estava uma moldura,
com o seguinte texto: “Eu hei-de ir ao
Presépio; E assentar-me num cantinho; Pra ver como o Deus Menino; Nasceu tão
pobrezinho”. No dia seguinte, Dia de Reis e da Solenidade da Epifania do
Senhor, de manhã cedo fui visitar o Palácio Nacional de Mafra. Nada melhor para
vivenciar este dia do que começar por visitar o nosso património cultural, o
belíssimo Presépio deste palácio denominado “Natividade” datado de 1760 da
autoria de José de Almeida, em escultura de madeira policromada. Nesta sublime
representação, Nossa Senhora de mão estendida para o Menino Jesus que parecia
querer dizer: “Adorem o Senhor os Reis da Terra. Sirvam o Senhor os Povos do
Universo”. Fiquei feliz por ter tido a oportunidade de visualizar esta obra de
arte num dia tão especial em que se concluem as celebrações de Natal deste ano.
Seguidamente, entrei na Real
Basílica de Nossa Senhora e de Santo António, admirando mais uma vez, toda a
sua grandiosidade, beleza e esplendor, com o objetivo de assistir à Missa. Voltei
a admirar o seu Presépio, em particular o Menino Jesus e os Reis Magos. No
final da missa, o sacerdote daria este Menino a beijar pela última vez,
concluindo-se assim a Epifania, ou seja, a Manifestação (de Deus). Na homilia,
que abordo de um modo resumido e segundo a minha modesta interpretação, o
sacerdote referiu que “Mago” significa alguém que estuda as estrelas, ou seja,
os astrólogos. Os Reis Magos vieram atrás de uma estrela. Nos Magos
encontramo-nos todos representados para os que querem acolher a Deus, sendo que
hoje em dia, por vários motivos, entre eles a falta de tempo, dar prioridade
aos bens materiais, existe uma sociedade de pessoas indiferentes à salvação que
vem de Deus, não havendo em alguns casos uma vida pautada pelos critérios de
Jesus. Torna-se necessário desejar que Jesus seja acolhido pelo coração e pela
vida de cada um de nós abrindo-lhe as portas de par em par.
Que bom ter podido usufruir de um
dia tão especial, em família, na Vila de Mafra com um património
artístico-cultural e religioso tão vasto e rico. Termino com a frase: “Iluminai
Senhor a Terra inteira”. Santa Maria Rainha da Esperança, intercedei por todos
nós neste ano de 2019.
Maria Helena Paes |
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