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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Um fim de semana na Vila de Mafra


Os Anjos Não Têm Costas… Quando Têm os Santos Atrás

Há dias em que parece que tudo se vai desmoronar. Depois, repentinamente, tudo muda e o sol brilha de novo reconfortando o nosso coração. Acordei assim, triste, sabendo contudo que a tristeza é aliada do inimigo. Mas pouco depois recebi um telefonema a convidar-me para passar o Dia de Reis na Vila de Mafra, com os meus sobrinhos. Enchi-me logo de projetos, de novas ideias, mesmo de entusiasmo. E eis-me a aguardar a sua boleia, tendo como ponto de encontro o Mercado da Ribeira. Afinal, não vale mesmo a pena estar triste. O mundo não gira à nossa volta. O sol continuará a nascer todos os dias depois de termos partido. O Mercado da Ribeira estava quase cheio. Havia muita alegria, um ambiente informal e descontraído. A maioria dos presentes era constituída por cidadãos estrangeiros. Senti-me feliz no meio de tantas famílias. Por ironia do destino, à minha frente tinha um restaurante denominado “Cozinha da Felicidade”. Alguém, entretanto, sentou-se na mesa em frente, ficando de costas. E ouvi a pessoa a quem pedi desculpa, amavelmente referir a frase que dá origem a este artigo: “Os anjos não têm costas… quando têm os santos atrás”.

Já a caminho da Vila de Mafra, considerei a possibilidade de visitar os presépios da vila, e escrever sobre eles. Se bem pensei, melhor o fiz. Comecei por admirar o lindíssimo presépio exposto no exterior, em frente à Basílica, onde entrei posteriormente para apreciar o seu presépio interior. A leitura do Evangelho do dia 5 de janeiro, referia: Deus deu-nos a vida eterna e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida. Quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Que bela leitura adequada à época que vivenciamos! O presépio era de uma grande beleza. Lá estavam os Reis Magos, (Melchior, Baltazar e Gaspar), a chegar com os seus presentes, (ouro, que significa o seu reinado na terra, incenso a sua divindade e mirra a sua morte) vindos do Oriente, a seguir uma estrela e para adorar o Menino Jesus. Perto deste Presépio, estava uma moldura, com o seguinte texto: “Eu hei-de ir ao Presépio; E assentar-me num cantinho; Pra ver como o Deus Menino; Nasceu tão pobrezinho”. No dia seguinte, Dia de Reis e da Solenidade da Epifania do Senhor, de manhã cedo fui visitar o Palácio Nacional de Mafra. Nada melhor para vivenciar este dia do que começar por visitar o nosso património cultural, o belíssimo Presépio deste palácio denominado “Natividade” datado de 1760 da autoria de José de Almeida, em escultura de madeira policromada. Nesta sublime representação, Nossa Senhora de mão estendida para o Menino Jesus que parecia querer dizer: “Adorem o Senhor os Reis da Terra. Sirvam o Senhor os Povos do Universo”. Fiquei feliz por ter tido a oportunidade de visualizar esta obra de arte num dia tão especial em que se concluem as celebrações de Natal deste ano.

Seguidamente, entrei na Real Basílica de Nossa Senhora e de Santo António, admirando mais uma vez, toda a sua grandiosidade, beleza e esplendor, com o objetivo de assistir à Missa. Voltei a admirar o seu Presépio, em particular o Menino Jesus e os Reis Magos. No final da missa, o sacerdote daria este Menino a beijar pela última vez, concluindo-se assim a Epifania, ou seja, a Manifestação (de Deus). Na homilia, que abordo de um modo resumido e segundo a minha modesta interpretação, o sacerdote referiu que “Mago” significa alguém que estuda as estrelas, ou seja, os astrólogos. Os Reis Magos vieram atrás de uma estrela. Nos Magos encontramo-nos todos representados para os que querem acolher a Deus, sendo que hoje em dia, por vários motivos, entre eles a falta de tempo, dar prioridade aos bens materiais, existe uma sociedade de pessoas indiferentes à salvação que vem de Deus, não havendo em alguns casos uma vida pautada pelos critérios de Jesus. Torna-se necessário desejar que Jesus seja acolhido pelo coração e pela vida de cada um de nós abrindo-lhe as portas de par em par.

Que bom ter podido usufruir de um dia tão especial, em família, na Vila de Mafra com um património artístico-cultural e religioso tão vasto e rico. Termino com a frase: “Iluminai Senhor a Terra inteira”. Santa Maria Rainha da Esperança, intercedei por todos nós neste ano de 2019.

Maria Helena Paes



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