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segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Está confirmado: JMJ em Lisboa; falta saber quem será o Papa que vem

 | 27 Jan 2019 | DestaquesÚltimas

Portugueses no Panamá; em 2022, será a vez de Lisboa; foto Ecclesia

Está confirmado: será Lisboa. Na capital portuguesa, está escolhido o local para os actos centrais do acontecimento. Falta saber quem será o Papa que presidirá às Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), que decorrerão em Lisboa, no Verão de 2022. O próprio Francisco já disse várias vezes que o seu pontificado será breve (foi eleito em 2013) e por isso esse será o único factor que agora ficará em dúvida até à realização das JMJ em Portugal.

Eram exactamente 14h42 em Lisboa (9h42 no Panamá) quando, depois das palavras finais do Papa e de uma curta oração, o cardeal Kevin Joseph Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida – responsável pela organização das JMJ – anunciou: “Temos agora que sair daqui a pôr em prática tudo o que aprendemos. E a próxima Jornada Mundial da Juventude será em Portugal.”
Antes, o Papa Francisco dissera: “Já foi anunciado o local da próxima Jornada Mundial da Juventude. Peço-vos para não deixar resfriar o que vivestes nestes dias. Regressai às vossas paróquias e comunidades, às vossas famílias e aos vossos amigos, e transmiti esta experiência, para que outros possam vibrar com a força e o sonho que tendes em vós.”
No momento seguinte, um grupo de jovens portugueses munidos de bandeiras saltou para o centro do altar e, entre a multidão, ouviu-se em português “esta é a juventude do Papa” e alguns “viva Portugal”. 
O anúncio foi saudado efusivamente pelos 300 portugueses que estão no Panamá. Entre eles, o patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e outros cinco bispos, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, que levou consigo uma importante comitiva, bem como o pároco do Parque das Nações, padre Paulo Franco, e o padre Américo Aguiar, que coordenará a organização do acontecimento em Lisboa. Um vídeo realizado pela Câmara Municipal de Lisboa, em que participam o patriarca, o Presidente da República, o primeiro-ministro e o presidente da Câmara está já realizado para desejar as boas-vindas a Portugal aos jovens do mundo inteiro.
A convocatória do Papa, que tinha sido já previamente anunciada pelo 7MARGENS como decidida há vários meses, respondia assim positivamente ao interesse da hierarquia católica portuguesa em organizar este acontecimento no país: em 2011, nas JMJ de Madrid, o próprio patriarca de Lisboa assumira publicamente o interesse da hierarquia católica portuguesa em organizar este acontecimento.
Em 2011, quando os bispos portugueses assumiram publicamente o interesse em organizar as JMJ no país, era já possível prever que tal nunca poderia suceder antes de 2022, apesar de os bispos portugueses terem proposto ainda a possibilidade de Fátima, por altura do centenário. As edições internacionais das JMJ são realizadas, alternadamente, entre uma cidade da Europa e de outro continente e também procurando a alternância linguística. Depois de Madrid, em 2011 (presidida por Bento XVI, actual Papa emérito), foi a vez do Rio de Janeiro, em 2013 (antecipadas um ano em relação ao calendário normal, tendo em conta a realização do Mundial de Futebol no Brasil, em 2014). Foram essas as primeiras jornadas presididas pelo Papa Francisco, quatro meses depois de eleito.
Depois do Rio de Janeiro, não poderia ser Portugal (por causa da língua). A escolha para 2016 recaiu em Cracóvia (Polónia), a cidade onde o Papa João Paulo II, que teve a ideia de criar esta iniciativa, tinha sido padre e bispo. Em 2019, as JMJ teriam de ser de novo fora da Europa – e foi o Panamá, o pequeno país da América Central, o escolhido para as Jornadas que agora mesmo foram encerradas pelo Papa (falta o encontro com os voluntários, previsto para as 21h30 de Lisboa).
O vosso futuro é hoje
Na homilia da missa de encerramento das jornadas, celebrada a partir das 8h da manhã (13h em Lisboa), o Papa falou de novo do futuro dos jovens, mas afirmando que eles são o “agora de Deus”. “Ninguém te pode prometer um dia para amanhã, a tua vida é hoje”, afirmou, num acrescento à homilia que tinha sido preparada.
 Referindo-se ao texto do evangelho que acabara de ser lido na missa, e que falava da missão de Jesus, o Papa disse: “Jesus revela o agora de Deus, que vem ao nosso encontro para nos chamar, também a nós, a tomar parte no seu agora” que significa “‘anunciar a Boa-Nova aos pobres’, ‘proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos a recuperação da vista’, ‘mandar em liberdade os oprimidos’ e ‘proclamar um ano favorável da parte do Senhor’”.
Jesus, acrescentou ainda o Papa, faz-se um “rosto, carne, amor de misericórdia que não espera situações ideais ou perfeitas para a sua manifestação, nem aceita desculpas para a sua não-realização”. Pelo contrário: “Ele é o tempo de Deus que torna justos e oportunos todos os espaços e situações. Em Jesus, começa e faz-se vida o futuro prometido.”
Por isso, os jovens, não podem ceder à tentação de tantos, de “querer domesticar a palavra de Deus”. Ser jovem não pode ser um sinónimo de “sala de espera”, à esperar da chegada de sua vez. “Enquanto esta não chega, inventam para vós ou vós próprios inventais um futuro higienicamente bem embalado e sem consequências, bem construído e garantido com tudo ‘bem assegurado’”, disse Francisco, dirigindo-se à multidão que deve ter chegado a cerca de meio milhão de pessoas, muito mais que os 100 mil inscritos para participar nas jornadas (na vigília de sábado à noite, as autoridades do Panamá e a organização calcularam em 600 mil o número de pessoas presentes).
Esse futuro assim embrulhado é uma “ficção da alegria”. E assumindo-se como adulto e mais velho, o Papa acrescentou: “Assim vos ‘tranquilizamos’ e adormecemos para não fazerdes barulho, para não colocardes perguntas a vós mesmos e aos outros, para não vos pordes em discussão a vós próprios e aos outros; e ‘entretanto’ os vossos sonhos perdem altitude, começam a adormecer-se e tornam-se ‘ilusões’ rasteiras, pequenas e tristes, só porque consideramos ou considerais que o vosso agora ainda não chegou; que sois demasiado jovens para vos envolverdes no sonho e construção do amanhã.”
Bandeiras dos 156 países presentes nas JMJ do Panamá; foto JMJ 2019
A maior influencer da história
Esse agora implica um compromisso imediato e concreto, pediu Francisco: “Ele convoca-vos e chama-vos, nas vossas comunidades e cidades, para irdes à procura dos avós, dos mais velhos; para vos erguerdes de pé e, juntamente com eles, tomar a palavra e realizar o sonho com que o Senhor vos sonhou.” E, concluindo, disse que esse compromisso não é apenas “uma jornada mundial de juventude”, mas antes toda a vida e caminho.  
Já na vigília da noite, marcada por música e testemunhos de jovens que enfrentaram situações difíceis – um casal com uma filha deficiente ou um ex-toxicodependente, por exemplo – para, usando as referencias do mundo digital, apelas aos jovens a que sejam como Maria de Nazaré, mãe de Jesus: ela “não aprecia nas ‘redes sociais’ da sua época, não era uma influencer, mas sem querer nem procura-lo, tornou-se a mulher que mais influenciou a história”.
Maria “era decidida”, deu um “sim” a Deus, sem hesitações. Por isso os jovens devem fazer igual. E disse que os jovens não podem aceitar situações que não garantem a sua vida digna: “Resumo-as em quatro ‘sem’ que deixam a nossa vida sem raízes e seca: sem trabalho, sem educação, sem comunidade e sem família. Quer dizer, vidas sem raízes. Estes quatro ‘sem’ matam.”
Qualquer pessoa, concluiu o Papa, “pelo facto de ser deficiente ou frágil, é digno de amor”, uma pessoa com deficiência ou frágil é digna de amor e alguém “pelo facto de ser estrangeiro, ter errado, encontrar-se doente ou numa prisão” também é digno de amor”.




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