As perfídias do anjo de luz

“Uma coisa é o que o diabo parece oferecer, outra, o objectivo secreto que tem em vista” S. Tomás de Aquino

O diabo existe e está bem vivinho da costa, embora algumas teorias ou correntes nos procurem convencer do contrário, o que também é uma consequência da estratégia manhosa deste anjo rebelde e sedutor, que não abdica de todas as perfídias manhosas, habilidades, artimanhas e astúcias.

Uma das suas técnicas preferidas é a de semear cizânia no campo do Reino de Deus, a Igreja, de maneira a tornar difícil distinguir o trigo do joio, tal como nos diz a parábola – (Mt 13, 36-43.

“Com efeito tudo o que leva à desorientação dos cristãos e atenta contra a unidade da Igreja é, no fundo, obra do poder das trevas, sobretudo se o joio semeado proceder de agentes que julgam prestar um serviço a Deus e que, gozando de autoridade, nela se apoiam para sustentar meias verdades, mais nocivas que a mentira descarada. Este foi o mecanismo usado em todas as heresias e cismas na história da Igreja, e igualmente nas ideologias que proliferam nos nossos tempos”. (…)

“Primeiro, as sementes da teoria do amor livre, lançadas por meio de pensadores iluministas; depois, a sentimentalização do amor, reduzido primeiro a mera paixão pelos escritores românticos, e a fase seguinte, a da sua sexualização pelos chamados naturalistas. Em harmonia com esta guerra ideológica, o avanço simultâneo e muito bem orquestrado na fase jurídica: primeiro, pela ponta de lança do divórcio para casos excepcionais, em que a convivência entre marido e mulher se tornava realmente impossível e ameaçava a formação dos filhos; a seguir, a cunha que ampliava a brecha, estendendo cada vez mais as causas do divórcio até chegar ao divórcio por mero consentimento dos cônjuges, isto é, sem causa nenhuma; por fim, a destruição prática da instituição do casamento, equiparado ao concubinato, às uniões entre gays, etc.

Tudo isso, sob o fogo de barragem incessante das revistas femininas e masculinas e depois da televisão, que passaram gradualmente da frivolidade ao erotismo light, do erotismo light ao hard, depois à pornografia pura e simples e por fim à degradação aberta. E sem esquecer, é claro, os ministros da propaganda infernal, que acobertaram e acobertam ao máximo a situação, travestindo-a de liberdade individual, direito à felicidade, controle de natalidade, como garantia contra a superpopulação e o fantasma da fome (precisamente numa sociedade que faz gala do consumismo, do desperdício e da ostentação!), etc, etc.”*

Assim se infiltrou o diabo nas sociedades cristãs, desestabilizando a família, semeando a solidão e o desespero, lançando milhões de jovens na vida da rua, na droga, no aborto, e seguindo o seu programa de morte com a eutanásia. Tudo com pezinhos de lã, palavras sedutoras e manhas melífluas.

Foi no fim do século XIX, no Vaticano que o Papa Leão XIII ao olhar fixamente para o altar, acima do tabernáculo, se apercebeu duma nuvem de demónios que se lançavam contra a Cidade Eterna para atacá-la. Imediatamente recolheu aos seus aposentos e escreveu uma oração ao Arcanjo São Miguel, a qual mandou imprimir e enviar a todos os bispos do mundo.

Porém não há que ter medo, pois por muito mal que esta criatura queira fazer e faça, temos sempre Deus connosco que lhe é infinitamente superior, todavia convém não nos aproximarmos muito dele nem deixar que nos atraia.

Com Maria, o nosso Anjo da Guarda e São Miguel, estamos protegidos das investidas deste animal maligno e também do seu séquito alargada que vagueia e procura dominar no mundo.

*in - O Diabo, hoje, de Georges Huber

Maria d´Oliveira