Foto: Samuel Mendonça/Folha do Domingo |
Bispos portugueses antecipam publicação do documento pós-sinodal
Faro, 28 jan 2016 (Ecclesia) – Os bispos portugueses dizem que a
exortação apostólica do Papa sobre a Família vai chegar num momento
“muito oportuno” para a sociedade e para a Igreja Católica, tendo em
conta a situação difícil de muitas famílias.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo do Algarve sublinha a vontade
da Igreja em “fazer mais e melhor” no apoio às famílias, tanto as que
começam a ganhar forma como as “que veem a sua situação desfeita ou
refeita”, por várias circunstâncias.
A exortação apostólica do Papa Francisco, com publicação prevista até
março, deverá reforçar as ideias principais do último Sínodo dos Bispos
dedicado à Família, que decorreu em duas sessões, nos últimos dois anos.
Durante o evento em Roma, um dos temas em cima da mesa foi a atitude da
Igreja Católica perante os casais divorciados, recasados ou a viverem
em união de facto.
“Como já tantas vezes se afirmou, pelos Papas João Paulo II e Bento
XVI, agora também pelo Papa Francisco, é importante que estas famílias
não se considerem fora da Igreja, nem estranhas à Igreja”, sublinhou D.
Manuel Quintas.
Para isso, o prelado defendeu a necessidade de uma “convergência de atitudes e expressões” dentro da Igreja, a nível pastoral.
“Isso tem o seu caminho, não devemos pretender que de um momento para o
outro tudo muda, isto não é bem assim (…) quando se trata de mudar a
sensibilidade pessoal, e não estou a falar apenas dos bispos ou dos
padres, mas dos leigos em geral”, complementou.
Para o bispo de Setúbal, a exortação apostólica pós-sinodal vai seguir a
linha de um Papa que tem procurado fazer com que cada pessoa se sinta
“compreendida, escutada e atendida com fraternidade, com misericórdia”.
“E este Ano da Misericórdia veio exatamente ensinar-nos a abrirmos as
portas do coração a todas as situações que precisam de especial atenção e
não de especiais julgamentos”, considerou D. José Ornelas de Carvalho.
De acordo com o responsável católico, a acelerada mudança do mundo, ao
nível "da família, da situação económica, social, eclesial” exige um
novo modo de encarar “o processo de fé e colaboração” que a Igreja
Católica tem para oferecer.
Uma ideia partilhada por D. José Alves, arcebispo de Évora, que dá como
exemplos o sacramento do matrimónio e o conceito de família cristã,
hoje cada vez mais desvalorizados mas que têm muito a dizer a uma
sociedade em rutura.
“O próprio sentido do matrimónio é a estabilidade. Hoje sabemos que há
muitas outras situações que as pessoas vivem onde a estabilidade não é
norma comum. E daí também percebemos os múltiplos problemas que se
desencadeiam em relação dos cônjuges e também à prole, aos filhos”,
salientou.
Já o bispo de Beja, D. António Vitalino, considera que a Igreja
Católica tem de “tornar a família um bem desejável e apresentá-la como
algo de belo”, destacando a mais-valia da proposta cristã.
“A fé, a oração, os sacramentos, são um grande recurso que temos para
superar as dificuldades não contando só connosco, com as nossas
capacidades, mas com o poder de Deus, da oração, das comunidades, das
outras famílias”, concluiu.
JCP
in
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