O primeiro-ministro Netanyahu acusa Ban Ki-moon de incentivar o terrorismo
O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon disse nesta terça-feira que
compreende por que os palestinianos estão perdendo a esperança na paz,
depois de 50 anos de ocupação e décadas sem cumprir os Acordos de Oslo.
Em uma reunião do Comité para o Exercício dos Direitos Inalienáveis
do Povo Palestino, Ban Ki-moon subscreveu a posição da ONU de que os
assentamentos israelitas são ilegais, violam o direito internacional e
ameaçam destruir a solução de dois Estados.
Também pediu ao governo israelita que cumpra com os acordos prévios,
para melhorar a vida dos palestinianos e fortalecer as instituições a fim
de optimizar a estabilidade e a segurança de ambos povos.
O líder da ONU também sublinhou a necessidade de que os líderes
palestinianos se expressem contra o incitamento, melhorem a governabilidade
e reconciliem Gaza e Cisjordânia sob uma autoridade legítima.
No entanto, garantiu que compreende que os palestinianos que vivem essa
realidade no local e escutaram o mesmo no passado, ignorem esse apelo.
“Os jovens, especialmente, é que estão perdendo a esperança na paz.
Estão chateados com as sufocantes políticas de ocupação. Estão
frustrados com as restrições nas suas vidas diárias. Observam como os colonatos israelitas na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental,
continuam expandindo-se”, disse Ban Ki-moon.
E acrescentou que os jovens estão perdendo a fé em seus próprios
líderes, para que se chegue a uma reconciliação nacional e possa
fazer-se realidade o sonho de um Estado palestino soberano, independente
e próximo de Israel.
No seu discurso, o chefe da ONU disse que nada justifica os actos de
terrorismo, nem os ataques às pessoas inocentes e reiterou a sua
condenação categórica a esses factos. Mas indicou que para acabar com a
violência, as medidas de segurança não serão suficientes porque não
abordarão a frustração subjacente e o fracasso para conseguir uma
solução política.
Por sua parte, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acusou Ban
Ki-moon de incentivar o terrorismo após essa conversa de frustração
palestiniana perante a ocupação israelita. “Os comentários do
Secretário-Geral da ONU incentivam o terrorismo”, disse Netanyahu em um
comunicado.
“Não há justificativa para o terrorismo. Os assassinos palestinianos não
querem construir um Estado, querem destruir um Estado”, afirmou o
primeiro-ministro israelita.
O Comité para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo
Palestiniano foi estabelecido em 1975 pela Assembleia Geral das Nações
Unidas, a fim de recomendar um programa destinado a permitir o povo
palestino de exercer os seus direitos inalienáveis, definidos pela
Assembleia Geral como o direito à livre determinação, a independência e a
soberania; e o direito dos palestinianos a voltar aos seus lares e
recuperar os seus bens.
Desde 1991, o Comité tem apoiado sistematicamente o processo de paz.
Ao mesmo tempo, expressou a sua profunda preocupação com os numerosos
obstáculos e atrasos nas negociações, a anexação ilegal de Jerusalém
Oriental, a contínua expansão dos assentamentos e a crescente rede de
postos de controle e bloqueios nas estradas no Território Palestino
Ocupado, a construção do muro de separação e a grave deterioração da
situação económica da Palestina devido aos prolongados encerramentos
militares. Ademais, condenou repetidamente os actos de violência
cometidos por extremistas. E ressaltou que a ocupação israelita
continua a ser a causa fundamental do conflito israelita-palestiniano.
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