Há já alguns anos que ouvimos falar do deficit, da dívida externa, empréstimos, juros, cortes nos rendimentos das pessoas e ajustamento.
Por causa da globalização, um problema económico ou financeiro que ocorra num país, tem consequências para os outros.
Geralmente associado aos problemas económicos vem o problema social. Há, na sociedade atual, uma parte da população que vive com muito baixos rendimentos e que as crises sucessivas têm tornado ainda mais frágeis.
Para colmatar situações muito difíceis, as entidades que se ocupam em obras sociais são cada vez mais solicitadas.
É certo que o que se torna mais visível é o que foi dito atrás, mas se formos ao fundo da questão, se procurarmos as causas primeiras encontramo-nos sempre com o mesmo problema - problemas de ordem moral.
Temos conhecimento de grandes financeiros que, em vez de porem os seus talentos e saber ao serviço do desenvolvimento de meios que criem riqueza para todos, constroem esquemas, por vezes fraudulentos, para o enriquecimento rápido de alguns poucos.
Muitos governantes são imprudentes utilizando mal os recursos de que dispõem e contraindo dívidas. Não em bem de investimentos que, com o decorrer do tempo se pagam a si próprios e geram riqueza para o país, mas em obras vultosas não necessárias e que criam encargos pesados para as novas gerações.
Atividades, como a bancária, que se baseiam essencialmente na confiança entre os diversos intervenientes, veem essa confiança traída por operação ruinosa.
Estes procedimentos resultam de haver uma ignorância por parte de todos, do que é o procedimento moral. As ações de que falei são possíveis porque quem as faz dispõe de meios mas não se interroga se deve ou não tomar essas decisões.
Como sabemos todas as coisas têm o anverso e o reverso. Uma coisa boa em si, se for mal utilizada pode conduzir a fracassos. Basta recordar que Alfredo Nobel fabricou a dinamite para que fosse usada pelos operários que trabalhavam nas minas, poupando-lhes muito esforço e um mais rápido resultado; todavia, a maior aplicação que os homens lhe deram foi como arma bélica.
A indiferença religiosa que grassa no mundo e, em especial, na velha Europa, vem dar corpo à falta de sentido moral. Este facto repercute-se nos costumes e na convivência entre as pessoas.
O homem tornou-se o centro de tudo, fazendo o que lhe apetece, seja bem ou mal, lutando para obter não apenas o necessário mas também o supérfluo. Todos os meios lícitos ou ilícitos são utilizados na reverência prestada ao deus que adoram- o dinheiro.
Há no Evangelho uma passagem em que expressamente se diz que “ não podes servir a Deus e ao dinheiro”. Significa isto que, já no tempo em que Jesus esteve na terra, havia aqueles que escolhiam o dinheiro como seu farol.
O dinheiro é necessário e todos devemos fazer o possível para, através do nosso trabalho, obter o suficiente para nos mantermos e à nossa família com dignidade; todavia, hoje encontramos uma forma consumista que é insaciável.
Em contraste com estes há aqueles que possuindo alguns bens, por vezes poucos, repartem com os outros, ajudando-os a minorar as suas dificuldades.
Este procedimento acontece quando vemos no outro um irmão ou até o próprio Cristo.
Alguém afirmou que “Estas crises são crises de Santos”. É verdade. Se cada um de nós sair do seu egoísmo e se abrir aos outros, será melhor para todos.
Margarida Raimond - Professora
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