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quarta-feira, 4 de junho de 2014

Francisco convida a promover a reintegração dos infratores na sociedade

O Santo Padre enviou uma carta ao Congresso da Associação Latino-Americana de Direito Penal e Criminologia


Roma, 03 de Junho de 2014 (Zenit.org)


O Papa Francisco compartilhou uma série de reflexões sobre o direito penal com magistrados e juristas, que “convidou a pensar na sua actividade oferecendo algumas chaves do magistério da Igreja”. Da mesma forma, lhes falou da “reparação do dano causado, a confissão e a contrição do homem que comete um delito e do amor misericordioso e curativo de Deus”.

A carta do Santo Padre, informa a agência AICA, com data do 30 de maio, foi lida no encontro de referentes judiciais no âmbito do XIX Congresso Internacional da Associação Internacional de Direito Penal e do III Congresso da Associação Latino-Americana de Direito Penal e Criminologia.

O Papa recorda, no começo da carta, que desde os primeiros tempos cristãos, os discípulos de Jesus se esforçaram por lidar com a fragilidade do coração humano, tantas vezes fraco. E explica que “de várias maneiras e com várias iniciativas, acompanharam e apoiaram aqueles que sucumbem sob o peso do pecado e do mal”, acrescentando que “apesar das mudanças históricas, três elementos foram constantes: a satisfação ou reparação do dano causado; a confissão, pela qual o homem expressa a sua conversão interior; e a contrição para chegar ao encontro com o amor misericordioso e curativo de Deus”.

Francisco indica que a doutrina cristã ensina uma "necessária assimetria" entre o delito e a pena, porque “um olho ou um dente quebrado não é reparado quebrando outro”. Além do mais, o Papa destaca que a confissão “é a atitude de quem reconhece e lamenta a sua culpa”, e afirma que “se o infractor não é ajudado suficientemente, não tem uma oportunidade para converter-se, acaba sendo vítima do sistema”.

"Temos que fazer justiça, mas a verdadeira justiça não se contenta em simplesmente punir o culpado: é preciso avançar e fazer todo o possível para corrigir, melhorar e educar o homem para amadurecer em todos os aspectos", observa.

Por outro lado, o Papa refere-se à contrição, indicando que “é a porta do arrependimento, é esse caminho privilegiado que conduz ao coração de Deus, que nos acolhe e nos oferece outra oportunidade, sempre que nos abramos à verdade da penitência e nos deixemos transformar pela sua misericórdia”.

Mais adiante, o Papa acrescenta que “a atitude de Deus, que dá preferência ao homem pecador oferecendo-lhe o seu perdão, apresenta-se assim como uma justiça superior, ao mesmo tempo equânime e compassiva, sem que exista contradição entre estes aspectos. O perdão, de fato, não elimina e nem diminui a exigência da rectificação, própria da justiça, nem prescinde da necessidade de conversão pessoal, mas vai além, buscando restaurar as relações e reintegrar as pessoas na sociedade”.

Em seguida, o Papa disse que a Igreja "propõe uma justiça que seja humanizadora, genuinamente reconciliadora, uma justiça que leve o infractor à sua reabilitação e reintegração na comunidade".

"Quão importante e bonito seria acolher este desafio, para que não caísse no esquecimento”, exclama o Papa na sua carta. Para finalizar, lhes pede para “irem adiante neste sentido, pois entendo que aqui está a diferença entre uma sociedade inclusiva e outra excludente, que não coloca no centro a pessoa humana e prescinde dos restos que já não lhe servem”. (Trad.TS)

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