D. Manuel Clemente presidiu à missa de Quarta-feira de Cinzas
Lisboa, 06 Mar 2014 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa, D.
Manuel Clemente, pediu que os católicos deixem ser “espectadores” e
intervenham na sociedade sendo mais solidários e humanos, durante a
missa de Quarta-feira de Cinzas na Sé da capital.
“Urge passar de espectador a autor, com papel definido e argumento
sólido (…) não nos paralise a complexidade dos grandes problemas, que
tanto desafiam as previsões dos entendidos e mais exigem a sua
contribuição empenhada, comecemos onde estamos e com quem estamos, com
quem nos procura ou procuremos nós”, desafiou o patriarca de Lisboa...
Durante a homilia, D. Manuel Clemente denunciou a muita “miséria
alheia ou própria” e a “tanta dificuldade acrescida por falta de
solidariedade autêntica, por tanta perda do sentido humano e humanizante
que a economia, a política e a cultura haviam de ter” apelando aos
cristãos que não assistam de fora, “como quem adia resoluções ou esquece
responsabilidades”.
“O alheamento em que ficamos é também a alienação contemporânea em
relação ao que devíamos levar muito a sério e mais a fundo, muito a
sério, porque séria é a vida e as dificuldades em que se encontra por
esse mundo além e aquém, do internacional ao local e mais a fundo, pois
tratando-se da vida, própria ou alheia, tocamos sempre na raiz das
coisas, indispensável de tomar”, disse.
No dia em que se iniciou a Quaresma, o patriarca de Lisboa lembrou
que este é um “caminho que Deus abre em Cristo e no seguimento de
Cristo”, algo que “só acontece com os outros e pelos outros,
ultrapassando o egoísmo alheado pelo apoio concreto a quem precisa de
acolhimento, companhia e ajuda”.
“Só estaremos com Deus, quando estivermos como Cristo, que de todos
se abeirou para deixar claro e claríssimo, por palavras e obras, que
tudo recomeça quando fazemos nossas as carências dos outros e aí mesmo
retomamos uma convivência que salva a eles e a nós”, acrescentou.
Partindo da análise das leituras do dia D. Manuel Clemente afirmou
que as “recomendações evangélicas” não devem ser vistas “como
espiritualismo utópico que alguém julgue inadequadas para uma situação
social tão árdua” como a que Portugal vive actualmente onde se vê “tanta
vida mal garantida, tanta desigualdade crescente, tanto desemprego
ainda, tanto abandono de idosos”.
“Tem a política e tem a economia o seu campo de incidência e estudo,
como chamadas são todas as ciências e humanidades, neste momento difícil
que o nosso mundo tem de superar, rumo a um futuro mais justo e mais
integrador de aspirações, povos e culturas. Certamente que assim é e
deve ser. Mas nada se resolverá sem solucionarmos aquilo a que o Papa
Francisco chama, muito certeiramente, a crise do compromisso
comunitário”, sublinhou o patriarca de Lisboa.
MD
in
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