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segunda-feira, 17 de março de 2014

A Igreja luterana da Suécia, muito «progre», já não baptiza nem metade dos bebés do país

Eram 95% do país; hoje 66%, e só 2% praticante 

Uma pastora sueca no baptismo de um bebé
- fica bonito na foto, mas não atrai fiéis à igreja
Actualizado 16 de Março de 2014

Pablo J. Ginés/ReL

Não tinha sucedido nunca desde que o rei Gustavo I da Suécia criou a sua própria igreja nacional luterana, em 1526, a Svenska Kyrkan, confiscando as propriedades católicas: os bebés nascidos em 2013 que foram baptizados nesta "Igreja da Suécia" não chegaram a metade do total.

Mais ainda: nesta igreja produzem-se mais falecimentos que novos ingressos. E, além disso, dezenas de milhares de adultos desistem cada ano.

É um dado mais na queda sustentada de uma igreja que costuma recordar que é "a maior igreja luterana do mundo" e que era absolutamente hegemónica há 40 anos.

Agora (com bispas lésbicas desde 2009), teologia liberal e uma ética do ´quase tudo vale´- está de capa caída.

Uns 2% de praticantes
Em 1972, a Svenska Kyrkan implicava 95% da população do país. Hoje não pertencem a ela nem 66% da população: não chegam aos 6,4 milhões de pessoas. Deles, só uns 2% vão aos ofícios religiosos com regularidade. (Em Espanha, uns 20% dos católicos vai à missa ao menos um par de vezes por mês).

A "Igreja da Suécia" foi durante tempos no século XX uma igreja nacional só de "casamentos, baptismos e confirmações" (a confirmação, como rito social adolescente, é importante no luteranismo sueco). Mas agora já não há quase nem baptismos.

Segundo a revista evangélica Varlden Idag, não só em 2013 as crianças suecas baptizadas na "Igreja da Suécia" não chegaram nem a metade do total, mas sim que 71.693 pessoas deixaram oficialmente esta igreja, segundo as suas detalhadas estatísticas. Em 2009 (o ano que se consagrou bispa a activista lésbica Eva Brunne) foram-se 73.000 pessoas; em 2012 algo mais de 53.000.

Os analistas dizem que em anos eleitorais e de censos mais gente se aborrece em comunicar a sua marcha oficial.

A "repesca" da confirmação
Jonas Bromander, responsável de estatísticas da "Igreja da Suécia" assinala que os pais não baptizam os seus filhos, em parte, porque ninguém o propõe. Disse que há paróquias onde se consegue que logo estas famílias quase nada praticantes ao menos tragam os rapazes e raparigas para a confirmação luterana, de forma similar (ainda que em muito menor escala) à que famílias católicas não praticantes em Espanha se deixam cair pelas paróquias para a primeira (e última) comunhão. 

Aborto e ideologia gay
A Svenska Kyrkan não condena nem combate o aborto. É um país com aborto livre e gratuito desde 1975 e uma educação sexual obrigatória e sistemática que não impediram que as adolescentes suecas sejam das que mais abortam na Europa (22,5 casos cada mil raparigas de 15 a 19 anos em 2009). De 2000 a 2010 o aborto passou de 30.000 a 38.000 casos anuais.

A Svenska Kyrkan tampouco evangeliza. Ordena mulheres como sacerdotisas porque assim o impôs o Parlamento da Suécia em 1960, as suas 13 dioceses estão encabeçadas pela arcebispa de Uppsala e foi a Igreja oficial do Estado sueco até o ano 2000.

Faz cerimónias de uniões gay desde 2007, e bodas gays religiosas desde 2009.

E nada disso atraiu os suecos à sua igreja "de toda a vida" (desde o Rei Gustavo, entende-se) mas que já não ensina a doutrina "de toda a vida". 

Pôr colarinhos clericais às pastoras e usar vestimentas litúrgicas não atraiu as pessoas às igrejas: só 2% dos luteranos suecos são praticantes

As maiores igrejas luteranas

Com 6,4 milhões de seguidores oficiais, a "Igreja da Suécia" não poderá presumir muito tempo de ser a maior igreja luterana do mundo. Seguem-se a Igreja Evangélica Luterana da Tanzânia (uns 5,5 milhões de fiéis) e a Igreja Mekane Yesus da Etiópia (outros 5,5 milhões), que crescem a ritmo da demografia africana, e, por suposto, não casam gays nem aceitam o aborto.

Os vizinhos escandinavos, as igrejas luteranas da Dinamarca e Finlândia, igualmente liberais, tampouco crescem: estão estancadas nuns 4,5 milhões de fiéis cada uma, e em queda. E na Alemanha, desde 2009 há mais católicos que luteranos, não porque o catolicismo cresça espectacularmente (mantém-se nuns 25 milhões de fiéis), mas sim porque o luteranismo perde fiéis por demografia (falecimentos) e desinteresse.

Suecos que se fazem pentecostais ou católicos
Os suecos que deixam a Svenska Kyrkan, na sua maioria, simplesmente ficam em casa. Outros, os que procuram uma fé viva, vão a igrejas evangélicas e pentecostais como Livets Ord, fundada pelo pastor Ulf Ekman (antes de fazer-se católico!).

Outros, como Lars Ekblad, que foi pastor luterano 40 anos, fazem-se católicos. Não foram muitos até agora, mas poderia mudar. "Eu conheço muitos ministros da Igreja da Suécia que fizeram católicos e virão mais ainda. Cada um tem o seu próprio caminho", declarava Lars Ekblad a ReL há umas semanas.


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