Alerta lançado na segunda conferência internacional organizada pelo Instituto Dignitatis Humanae
Roma, 09 de Julho de 2013
Existe um conflito entre as instituições europeias e as
políticas nacionais no tocante à família. Em particular, “alguns países e
certos grupos ideológicos e lobbies usam as instituições internacionais
para impor suas ideias, supostamente ‘avançadas’, com frequência em
nome da democracia”, opinou dom Piotr Mazurkiewicz, do Pontifício
Conselho para a Família, na segunda conferência internacional do
Instituto Dignitatis Humanae, cujo tema foi uma pergunta: "Esmagado
entre as legislações europeias e as constituições nacionais: resta
espaço para o cristianismo?".
Dom Mazurkiewicz acrescentou que, “conforme se lê na encíclica Centesimus Annus,
de João Paulo II, em seu número 46, ‘a história demonstra que uma
democracia sem valores se transforma facilmente num totalitarismo aberto
ou camuflado’. O papel dos tribunais internacionais está transformando a
democracia em juristocracia”, concluiu.
O evento aconteceu em 28 de Junho na sede da Academia Pontifícia das
Ciências Sociais, no Vaticano, e teve como convidado de honra o cardeal
Raymond Leo Burke, prefeito da Assinatura Apostólica.
O instituto nasceu no seio do Parlamento Europeu para promover a
protecção dos valores irrenunciáveis da dignidade humana e da vida, desde
a concepção até a morte, através da participação da fé cristã na vida
pública e em políticas de civilização, para o reconhecimento do homem
como criado à imagem e semelhança de Deus. O presidente honorário é o
cardeal Renato Raffaele Martino, presidente emérito do Pontifício
Conselho Justiça e Paz.
Dom Mazurkiewicz ressaltou que "o Direito Internacional nasceu com as
bases do direito natural, mas hoje assistimos ao que Bento XVI
chamou de dramática deriva do direito natural a uma concepção de puro funcionalismo positivista".
A ideologia de género é uma ideologia de poder, na qual o casamento e a família são considerados como estruturas de opressão.
“É necessária uma autêntica resposta cultural, uma nova síntese
humanística, baseada na antropologia cristã do amor, da comunhão e da
complementaridade”.
Mazurkiewicz incentivou também "a participação activa dos cristãos na
política e a elaboração de estratégias para promover com clareza as
posturas cristãs nos média e nas instituições, destrinchando o problema
nas suas múltiplas facetas".
"No caso do matrimónio, por exemplo, na questão dos direitos dos
menores, para a sua concepção ou para as adopções; a objecção de
consciência nos serviços de saúde, no sistema educacional e nas
administrações públicas; a discriminação dos casais heterossexuais com a
supressão de termos como "marido" e "mulher", ou "pai" e "mãe"; a
limitação da liberdade religiosa com a aprovação de leis equivocadas em
nome da laicidade”.
Convidando ainda à vigilância sobre as opções que condicionam a vida
dos povos e da humanidade, dom Mazurkiewicz recordou o que foi
profetizado pelo escritor Thomas Stearns Eliot: "O fim do mundo não virá
como uma explosão, mas como um salto". E concluiu: “Os bárbaros já
estão dentro das muralhas”.
in
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