Além das guerras na Ucrânia,
Gaza, Haiti, Sudão, Kivu, Birmânia, Líbano, Arménia, Moçambique, Congo, Eritreia,
pululam conflitos difusos entre povos, em que o ódio, a ignorância e o egoísmo
complicam tudo. É doloroso que esses conflitos acesos tragam fome, sofrimento, violência
e morte; em culturas de individualismo, prazer egoísta, oposição, retaliação vingativa
impedindo a cooperação fraterna para o bem comum. Domina a inimizade e o jogo do
antes que nos prejudiquem ou matem, vamos nós prejudicar-vos e matar-vos. As
guerras apontam para esse desfecho: a vida de uns, morte dos outros em jogo de
antecipação: antes que nos matem, vamos matar-vos. Conhecer os preparativos do
outro precipita a tragédia. Será um exagero falar assim? Parece que em artigo
recente, Yuval Harari, em relação a Gaza e Israel, conclui que, de facto, há
exagero porque de um lado e do outro, felizmente, há um número, que pode
aumentar, que não alinha no «mato para não me matares», mas sim no «ajudo-vos
por que nos ajudas». Infelizmente, porém, e apesar das teorias dos jogos de
John von Newman, John Nash e outros, a regressão civilizacional de violência e das
«guerras aos pedaços» parece aumentar nas famílias, escolas, juventude,
negócios, partidos, relações internacionais e, com frequência, infiltra-se nas religiosidades
extremistas. Pessimismo de anti esperança ou realidade? Como falar de progresso
quando depois das civilizações de «olho por olho, dente por dente», vieram as
propostas de Nietzsche e Darwin para limpar
da sociedade do progresso os débeis, crianças e doentes e, hoje, alguns defendem
práticas semelhantes no Ocidente?
Cristo, com a seu exemplo e
palavras, propõe jogo humano de relações totalmente diferentes. Pede uma vida
de fazer o bem e amar a todos, os vivos; pede que gostemos que a vossa vida seja
fazer bem a uns e a outros. E propõe que fiquemos mais contentes quando sabemos
que a vida dos outros e a nossa se desenvolve no bem comum. E que gostemos de
saber que, para uns e outros, o bem comum é aquele que abrange a paz com
harmonia, colaboração e respeito da dignidade da pessoa; «dignidade infinita» de
seres criados á imagem e semelhança de Deus criador, e não porque uns têm mais
talentos, forças e saúde. Os opositores dos conflitos partidários e das guerras
só aceitam este jogo da vida humana quando cooperam em fazer o bem que favoreça
vida melhor a si mesmos e aos outros para que todos tenham vida melhor e não
morte. Só assim a comunidade social progredirá na vida temporal melhor para
todos em peregrinação para a vida feliz transcendente, eterna. Desde há 2 mil e
25 anos da redenção, somos convidados a ser «peregrinos da esperança», na
realização de medidas de ajuda e amor e não de retaliação, ódio e vingança contra
os inimigos.
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