É deveras importante refletir sobre este tema, nestes
tempos em que a dignidade e tantas questões morais dependem de critérios
totalmente arbitrários ou relativistas. Não sendo um documento inovador em
termos da teoria da dignidade humana, é pertinente na medida em que ousa ir “contra
a corrente”, fiel à missão da Igreja, que S. João Paulo II assinalou em "Veritatis
Splendor.
O texto, para além de todos os fundamentos que
apresenta, considera que a dignidade humana está muito acima do que poderíamos
pensar graças a três convicções: todos somos criados à imagem de Deus, Cristo
elevou essa dignidade e a vocação à plenitude que temos, de sermos chamados à
comunhão com Deus, algo que não se pode dizer de nenhuma outra criatura.
Neste sentido, a declaração apresenta uma primeira
parte (os três primeiros capítulos) que procura lançar as bases da dignidade
humana, apoiando-se no magistério de São João Paulo II, Bento XVI e Francisco.
Este último deu importantes contributos no quarto capítulo, onde é apresentada
uma lista de graves violações da dignidade humana com temas como o aborto, a ideologia de género e a maternidade de
substituição, entre outros.
Outro ponto a salientar é a distinção que faz entre
dignidade ontológica, dignidade moral, dignidade social e dignidade
existencial.
O quarto capítulo oferece-nos uma lista, que não é
exaustiva nem fechada, das graves violações que podemos encontrar no nosso
tempo, muitas delas já conhecidas e outras violações mais recentes, presentes
na sociedade contemporânea e que estão a ser gradualmente normalizadas ou são
pouco faladas.
Antes da publicação da tão esperada declaração, havia
dúvidas sobre se ela abordaria a ideologia de género, uma vez que o Papa
Francisco tinha declarado recentemente que "O perigo mais feio é a
ideologia de género, que anula as diferenças". (Audiência do Papa
Francisco com os participantes da conferência "Homem-Mulher Imagem de
Deus. Por uma antropologia das vocações"). De facto, o texto aponta a
teoria do género como uma das graves violações porque tem a "pretensão de negar a maior diferença
possível entre os seres vivos: a diferença sexual. Esta diferença constitutiva
não é apenas a maior que se pode imaginar, mas também a mais bela e a mais
poderosa: ela realiza, no casal homem-mulher, a mais admirável reciprocidade e
é, portanto, a fonte desse milagre que não para de nos surpreender, que é a
chegada de novos seres humanos ao mundo".
Dignidade infinita é um
contributo da Igreja para esta luta que, como sublinha o Papa Francisco, nunca
acaba e nunca deve acabar quando se trata de direitos humanos e de dignidade
humana, ao mesmo tempo que nos adverte
contra a tentação de eliminar a dignidade humana como fundamento dos direitos
humanos, para que estes sejam deixados ao sabor das ideologias e dos interesses
dos mais fortes.
No passado dia 8 de abril, foi publicada este documento do Dicastério para a Doutrina da Fé sobre a Dignidade Infinita, o qual faz memória do 75º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Fruto de um trabalho que durou cinco anos apresenta uma lista algumas graves violações da dignidade humana que ainda existem no nosso mundo em 2024.
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