No entanto há pessoas que trilham os
caminhos deste mundo duma forma mais elevada, semeando a beleza e a
fraternidade. Fazem silêncio de si próprios, na humildade de quem não está à
espera de aplausos. A sua meta é amar e servir, esvaziando-se de si para ter
espaço aberto, no coração, e acolher todos, sejam eles de perto ou de longe.
Era assim o Sr. Padre José Moreira Martinho – coração e braços abertos, sempre,
para quem dele se abeirava ou para quem ele suspeitasse que precisava de ajuda.
Mas porquê?
Porque, para ele, todos eram irmãos,
não se importando com diferenças sociais ou religiosas. A entrega aos outros
era a ordem do dia.
Todo o seu percurso teve uma marca
profunda em que a dimensão humana foi sempre relevante, não só a nível pastoral
mas também no âmbito da promoção social e cultural, das famílias e das
comunidades. Era aquele que no “aqui e agora”, ao longo de muitos anos, estava
presente junto das pessoas, nas paróquias e nas freguesias onde trabalhou, nas
obras que desenvolveu.
Podemos afirmar, sem exagero, que
para ele era sempre “dia santo”, porque era dia de amar os outros e construir
um mundo mais justo e mais belo.
Nascido a 27 de Outubro de 1925, em
Lisboa, foi depois para Parada do Côa, do Concelho de Almeida.
Em 1937 entrou no Seminário do Fundão
percorrendo com muito êxito os anos de formação, até ser ordenado em 15 de
Agosto de 1945. Nunca mais parou de construir, de promover a Paz e o Bem, por
onde foi passando.
Particularmente em S. Romão, onde
esteve como pároco de 1950 a 2018, tivemos oportunidade de o conhecer melhor,
de muito aprender com ele e de crescermos nos valores humanos e cristãos. Fomos
ouvindo testemunhos de muitas pessoas que falavam de quantas vezes ele lhes
acudia em situações de privação, de crianças e jovens que para ele corriam para
sentirem o seu carinho paternal, acolher um conselho oportuno, ou um apoio para
a sua vida familiar e profissional.
Quando completou 90 anos registámos
uma afirmação que nos deixou cheios de alegria:
– «Sou um padre muito feliz e o dedo
de Deus esteve presente no momento em que optei por ir para o Seminário».
Partiu agora, a 18 de Janeiro de
2022, com os seus 96 anos, para a tal viagem que, no infinito, se desenha o
eterno. Fica-nos muita saudade, mas muita gratidão, por termos conhecido e
vivido momentos tão ricos, ao lado de um HOMEM, com letra maiúscula, inteiro,
reto e generoso sem limite, que soube gastar a vida e, por isso, viveu e partiu
feliz!
Casal Nuno e Maria Helena Osório
Gonçalves
Nota:
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