78 mortos em Petrópolis
Os bispos do Brasil consideram que a tragédia que sucedeu a fortes chuvas em Petrópolis, na região serrana do estado do Rio de Janeiro, e que já provocou pelo menos 78 mortes, “toca” a fé cristã, impelindo “a agir solidariamente”. Numa mensagem da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgada nesta quarta-feira, 16 de Fevereiro, os bispos confessam-se envolvidos “em profunda tristeza” e escrevem: “Essa consternação toca a nossa fé cristã, impelindo-nos a agir solidariamente. Unamo-nos, em comunhão, a[o bispo local] dom Gregório Paixão e ao amado povo de Deus na diocese de Petrópolis. As nossas preces levam o nome de cada irmão e irmã, vítimas dessa tragédia, ao coração de Jesus.”
Pela razão descrita, a presidência da CNBB apela “a cada cristão católico, aos homens e mulheres de boa vontade, que se compadeçam daqueles que perderam o pouco que possuíam, vítimas da tragédia climática”. E concretiza: “Especialmente, levemos amparo às famílias enlutadas e desabrigadas. A nossa Igreja já se mobiliza para ajudar. Sigamos todos juntos”.
O bispo de Petrópolis, Gregório Paixão, pediu aos padres da diocese, especialmente das zonas mais afectadas, que abrissem as portas das igrejas para dar abrigo às pessoas que necessitassem de acolhimento. “Este é o momento de sermos todos solidários, ajudando aqueles que precisam acolher e fazendo doação do que for possível”, afirmou o bispo em mensagens divulgadas nos canais digitais da diocese.
O texto da presidência da CNBB acrescenta que o clamor das iniciativas de apoio às vítimas das enxurradas deve ser acolhido especialmente por governantes. “Trata-se de compromisso cristão e irrenunciável tarefa daqueles que ocupam cargos nas instâncias do poder. Petrópolis pede ajuda urgentemente!”, lê-se na mensagem.
A missiva é assinada pelo presidente da CNBB, Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte; pelos vice-presidentes Jaime Spnegler, arcebispo de Porto Alegre e Mário Antônio da Silva, de Roraima; e pelo secretário-geral, Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Que concluem, expressando um desejo: “Convictos de que somos corresponsáveis uns pelos outros, possamos exercer a amizade social, conforme sempre nos orienta o amado Papa Francisco. Assim, ainda mais firmemente, seguiremos os passos de nosso Mestre Jesus”.
Não é a primeira vez que os bispos brasileiros recordam os problemas ambientais ou a falta de planeamento como causas imediatas da destruição causada por catástrofes ambientais: ainda há um mês se registaram fortes chuvas e cheias que afectaram sobretudo o estado de Minas Gerais e deixaram mais de 30 mil pessoas sem casa.
E há três anos, uma ruptura na barragem do Brumadinho (estado de Minas Gerais) provocou pelo menos 60 mortos, além de centenas de desalojados. Na altura, o cardeal Cláudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazónica, alertava para as consequências da exploração mineira, dizendo que esta “carece de um marco regulatório que tire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do sacrifício humano e da depredação do meio ambiente com a consequente destruição da biodiversidade.” (ver 7MARGENS).
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