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sábado, 26 de fevereiro de 2022

Papa: “A guerra é uma capitulação vergonhosa”

Ucrânia


 | 25 Fev 2022

Imagem de arquivo de exercícios militares anti-terrorismo na Ucrânia. Foto © Józef Wenskowicz


O Papa Francisco deslocou-se na manhã desta sexta-feira à embaixada russa junto da Santa Sé, na via della Conciliazione, em Roma, muito próximo da praça de São Pedro, para um encontro com o embaixador Alexander Avdeev. “O Papa quis manifestar a sua preocupação com a guerra na Ucrânia”, diz uma curta nota do Vatican News, o portal de notícias do Vaticano, sobre o gesto papal, cujo carácter inusitado revela o grau de preocupação do Papa com a situação que se vive desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. 

A reunião com o embaixador durou pouco mais de meia hora, segundo confirmou o director da Sala de Imprensa do Vaticano, Matteo Bruni.

Mais tarde, o Papa Francisco publicou um tweet em russo — “um facto raro”, segundo explicou o jornal La Croix — afirmando que a guerra “é uma capitulação vergonhosa” (ou “rendição”, na tradução em português dos serviços do Vaticano).

Francisco tem multiplicado os apelos à paz entre a Rússia e a Ucrânia, tendo proposto para o dia 2 de Março, Quarta-Feira de Cinzas, uma jornada de oração e jejum.

 

“Nada se perde com a paz, tudo pode ser perdido com a guerra”

Em Portugal, a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), da Igreja Católica, emitiu uma nota sobre a situação no Leste da Europa, na qual diz que assistimos neste momento “a uma guerra de agressão na Europa” que muitos descrevem “como a pior crise de segurança na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial”. 

Com o título “Nada se perde com a paz, tudo pode ser perdido com a guerra”, a nota começa por afirmar: “O que até há algum tempo parecia impensável aconteceu.” E acrescenta: “Parece que há quem não tenha ainda aprendido as lições da História. Tornam-se, por isso, oportunas e actuais as palavras do [Papa] Pio XII na sua radiomensagem de 24 de agosto de 1939, quando estava iminente o início” da Segunda Guerra Mundial: “É com a força da razão, não com a das armas, que a Justiça progride. E os impérios que não são fundados sobre a Justiça não são abençoados por Deus. A política emancipada da moral atraiçoa aqueles mesmos que a desejam. O perigo é iminente, mas ainda há tempo. Nada se perde com a paz. Tudo pode ser perdido com a guerra.”

A nota, cujo texto foi enviado ao 7MARGENS, acrescenta, comentando essa afirmação de Pio XII: “Na verdade, esta guerra vitima em especial o povo ucraniano, mas com ela todos perderão, até os que não estão directamente envolvidos no conflito.”

Perante a tragédia a que se assiste, a CNJP pretende, assim, fazer-se eco do “dramático apelo do secretário-geral das Nações Unidas, ‘em nome da humanidade’, para que o Governo russo cesse a agressão militar que iniciou e que atingirá vidas inocentes e provocará outros danos incalculáveis”, diz a nota. 

O texto termina com apelos e declarações: a “todos os actores políticos”, a Comissão pede que “não deixem de tentar vias diplomáticas que permitam uma solução pacífica do conflito no respeito do direito internacional” e que todos, governos e sociedades, se empenhem na ajuda humanitária às vítimas do conflito, nela incluindo o acolhimento de refugiados”. A nota expressa depois “solidariedade para com o povo ucraniano (a começar pelos imigrantes que muito têm contribuído para o progresso do nosso país) e a CNJP declara ainda a adesão ao apelo do Papa Francisco para o dia de jejum e oração. 

 

Um milhão de euros para emergência

Já a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) compromete-se a apoiar a Igreja na Ucrânia neste período difícil, prometendo enviar um milhão de euros como ajuda de emergência. “A AIS apoiou a Igreja na Ucrânia durante o passado e não a abandonará neste momento tão crítico e difícil”, declarou Thomas Heine-Geldern, presidente-executivo da Fundação AIS.

Em resposta à crise humanitária, provocada pela invasão russa na Ucrânia, aos apelos da Igreja ucraniana e às necessidades que se colocam às comunidades cristãs deste país, a Fundação AIS compromete-se a apoiar com uma ajuda de emergência os 4 879 padres e religiosos e 1 350 religiosas na Ucrânia, para lhes permitir continuar com as suas atividades, nomeadamente ao nível pastoral, lê-se na nota.

A instituição pontifícia vai prestar também ajuda de emergência às quatro dioceses greco-católicas e às duas dioceses latinas na Ucrânia Oriental, que abrangem Kharkiv, Zaporizhya, Donetsk, Odessa e Krym.

Um apelo à oração e à solidariedade é também secundado pela diretora do secretariado português da AIS. “Nestes dias negros em que a guerra atingiu o coração da Europa, é importante mostrarmos a nossa proximidade com os que mais sofrem, não só através da oração, como pela partilha, pela ajuda concreta às comunidades locais”, diz Catarina Martins de Bettencourt.



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