Sob um esplendoroso sol e
tendo como cenário envolvente a maravilhosa baía resplandecente dum azul ainda
mais celeste, aconteceu num sábado de Maio, pelas 15 horas, em São Martinho do
Porto, a reza do Terço ao vivo, com muita devoção e muita fé no coração.
Sobre a
origem mais remota do Santo Rosário, podemos dizer que nasceu no mistério da
Anunciação, com a saudação do arcanjo São Gabriel à Virgem de Nazaré: “Ave,
cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28). A oração tem a sua continuidade
nas palavras inspiradas pelo Espírito Santo que saíram da boca de Santa Isabel:
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1, 42).
A segunda parte
da Ave-Maria foi definida no Concílio de Éfeso, na Ásia Menor, no ano de 431,
pelo Papa São Celestino I. Primeiramente promulgou o dogma da maternidade
divina, ou seja, definiu como doutrina da Igreja Católica que “a Virgem
Santíssima é verdadeiramente a Mãe de Deus, por ser a Mãe de Jesus Cristo, que
é Deus”. Em memória desta solene definição, o Concílio juntou à Saudação
Angélica estas palavras simples, mas muito expressivas: “Santa Maria, Mãe de
Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”. O
Pai-nosso foi ensinado por Jesus Cristo, o próprio Verbo de Deus encarnado, a
pedido dos discípulos.
Segundo a
tradição, no século XIII, S. Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos
Dominicanos, recebeu o Terço das mãos da Virgem Maria, como uma arma para
vencer as heresias. Dessa forma, a Senhora do Rosário concedeu a São Domingos a
vitória sobre a heresia dos albigenses. Em 1365, foi feita uma combinação dos
quatro saltérios, dividindo as 150 Ave-Marias em 15 dezenas e colocando um
Pai-nosso no início de cada uma delas. Em 1500 ficou estabelecido, para cada
dezena a meditação de um episódio da vida de Jesus ou Maria, e assim surgiu o
Rosário de quinze mistérios. A então chamada Bíblia dos pobres.
O Papa São Pio V,
que era dominicano, recebeu de Nossa Senhora a revelação que venceria a batalha
contra os muçulmanos através do Santo Rosário. O Pontífice pediu então que toda
a Igreja, inclusive os que participariam das batalhas, que rezassem com fé e
devoção o Rosário. De facto, no dia 7 de outubro de 1571, venceram a memorável
batalha naval de Lepanto, na Grécia. Em honra desta vitória, instituiu nessa
data a festa de Nossa Senhora do Rosário e na Ladainha introduziu – “Rainha dos
Cristãos, Rogai por nós”.
O Rosário aparece
em múltiplos momentos da vida da Igreja. No fresco do Juízo Final, pintado por
Miguel Ângelo na Capela Sistina do Vaticano de 1536 a 1541, estão representadas
duas almas a serem puxadas para o céu por um Terço. São as almas de um africano
e de um asiático, mostrando a universalidade missionária desta oração.
A devoção
mariana cresceu ainda mais com a proclamação do dogma da Imaculada Conceição,
em 1854. O Dogma da Imaculada Conceição estabelece que
Maria foi concebida sem mancha de pecado original, foi proclamado pelo Papa Pio
IX, no dia 8 de dezembro de 1854, na Bula Ineffabilis Deus.
Em Lourdes,
na França, Nossa Senhora apareceu a Bernadette Soubirous, no ano de
1858, quatro anos depois, a própria Virgem Maria, em pessoa, quis confirmar
este dogma, e em 25 de março de 1858, na festa da Anunciação, revelou o Seu
Nome a Santa Bernadette nas aparições de Lourdes, dizendo-lhe: Eu sou a
Imaculada Conceição.
Outro grande
momento da divulgação do Terço é, sem dúvida, em Fátima, nas Aparições aos três
pastorinhos, em 1917, como é do conhecimento de todos nós, crentes ou não.
“Rezar o Terço todos os dias” é a única coisa que a Senhora mais brilhante que
o Sol referiu em todas as suas seis aparições.
A oração a
Maria e com Maria através do Rosário, de uma forma individual ou comunitária, é
uma boa maneira de aprofundar em nossa dimensão missionária de fé. O Papa Paulo
VI dizia que o Santo Terço "é uma síntese do Evangelho, é uma das orações
mais belas do cristianismo...é certamente a forma de oração mais importante
dedicada a Santíssima Virgem, uma escola de vida espiritual centrada no
Evangelho" (Marialis Cultus,
44). Na encíclica ‘Mês de Maio’, com data de 29 de Abril de 1965, Paulo
VI, em pleno concílio Vaticano II, indicava o mês de Maio como «o mês em que,
nos templos e entre as paredes de cada casa, mais férvida e mais afectuosa, se
eleva a Maria, do coração dos cristãos, a homenagem da sua oração e da sua veneração.
E é também o mês em que mais abundantes dons da sua misericórdia são espalhados
sobre nós».
O Papa João Paulo
II acrescentou-lhe os cinco mistérios luminosos. Mas a ligação do Papa a esta
oração é de sempre. «O Rosário é a minha oração predilecta. Oração maravilhosa!
Maravilhosa na simplicidade e na profundidade».
O Papa Francisco recordou-nos
que Maio é, por excelência, dedicado à Virgem Maria, a quem devemos rezar e pedir intercessão. “A
Mãe de Deus acompanha e protege os
cristãos no combate contra as forças do mal. Confiemo-nos a Ela e rezemos pela
Igreja e
pela paz no mundo”. O Terço é a arma mais
poderosa para proteger a Igreja dos
ataques do diabo
e das suas maléficas divisões. "É hora de defender a Igreja" do
Grande Acusador com a oração, disse em 27 de outubro no seu discurso de
encerramento do trabalho do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens,
propondo a oração diária do Terço.
“Nossa Senhora quer trazer também a nós, a
todos nós, a dádiva grandiosa que é Jesus; e com Ele traz-nos o seu amor, a sua
paz e a sua alegria. Assim a Igreja é como Maria: a Igreja não é uma loja, nem
uma agência humanitária; a Igreja não é uma ONG, mas é enviada a levar a todos
Cristo e o seu Evangelho; ela não se leva a si mesma — seja pequena, grande,
forte, ou frágil, a Igreja leva Jesus e deve ser como Maria, quando foi visitar
Isabel. O que lhe levava Maria? Jesus. A Igreja leva Jesus: este é o centro da
Igreja, levar Jesus! Se, por hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não
levasse Jesus, ela seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de
Jesus, o amor de Jesus.
Maria traz o Senhor, por isso – sublinha Francisco -
"Nossa Senhor não é uma opção: deve ser acolhida na vida". O Rosário
- disse ainda - "é uma síntese da Divina misericórdia", "a
oração que sempre acompanha a minha vida; é também a oração dos simples e dos
santos. É a oração do meu coração ".
O Terço é pois um
intercâmbio entre Deus e a humanidade, que se foi adaptando às necessidades de
cada época na salvação dos homens, mas sempre, sempre, por intercessão de
Maria.
Num país e com um
povo de tradições e devoções muito fortes, foi assim de terço na mão e com
muita fé no coração, que São Martinho do Porto se lançou nesta “epopeia mariana”
da reza do Rosário acompanhando os milhões e milhões de crentes que a todo o
momento e em todo o mundo, o rezam confiantes e cientes de que o Imaculado
Coração de Maria, por fim, triunfará.
Na época estival
que se aproxima, não seria uma boa e bonita forma de homenagear a Mãe do Céu, rezando
o Rosário à beira-mar? Com amigos, conhecidos, familiares, em fato de banho,
mas deixando que as ondas levem as nossas preces por esses mares adentro até ao
Infinito azul celestial.
Sonhai, rezai e
ficareis aquém, porque as bênçãos de Deus transcendem os nosso sonhos e excedem
em mercês as nossas humildes preces.
Tenha umas Férias
felizes e, se possível, inclua o Terço na sua bagagem e desfrute da suprema
felicidade de fazer um intercâmbio entre a terra e o Céu.
Maria Susana Mexia
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