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quinta-feira, 23 de abril de 2020

Santos Populares I - S. João Baptista

No próximo dia 24 a Igreja comemora o nascimento deste grande santo que foi S. João Baptista. É o único santo, além da Virgem Maria, em que a Igreja celebra o dia do nascimento terreno e o dia do nascimento para a Vida Eterna. Habitualmente só é celebrado o dia da ida para o Céu.

Todos nós temos um papel único na História da humanidade e, por isso, temos uma grande responsabilidade na forma como aproveitamos o tempo, mas não há dúvida que alguns homens desempenharam um papel muito singular, como é o caso deste santo.


É maravilhosa (são todas…) aquela página do Santo Evangelho que relata a visita de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel. Segundo as palavras de Santa Isabel, ao saudar de Nossa Senhora, “O menino saltou” dentro do seio de Santa Isabel. Ainda não nasceu, e a sua missão já se inicia. Rejubila-se com a presença de Quem, como dirá mais tarde, não é digno de “…desatar a correia das sandálias…”. Ele não é a Luz, como escreve S. João, mas vem dar testemunho da Luz. Foi isso que aconteceu naquele singular momento. S. João dava testemunho à sua mãe de que entrara na sua casa o Salvador e Sua Mãe. Esta passagem por si só, é suficiente para mostrar o crime horrendo que é o aborto, mas não vou aqui reflectir sobre este assunto.

Mais tarde, S. João vai para o deserto alimentando -se de gafanhotos e mel silvestre. Longe do ruído com uma alimentação austera S. João vai robustecendo a sua personalidade para, como afirmou S. Paulo ao falar de si próprio, “Combater o bom combate”. Esta sobriedade contrasta com o estar em “bicos de pés”, com avidez do lucro que assolam os nossos dias. Ao analisarmos esta forma de viver de S. João podemos pensar que este não gostará muito dos festejos em alguns locais deste país, mas penso que não, desde que claro, não se entre em excessos. Pois essa alegria que se vive na noite de 23 para 24 é o despedir da “noite”, da “Escuridão”, da “morte”, pois a “Vida não tardará”. Ainda não é a Luz, mas Ela não tarda a vir. Mas, quando a Luz vier será que as trevas, que somos todos nós, vão continuar distraídas e não A recebem?


S. João, com o seu exemplo, faz eco das palavras de Isaías: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas; e toda a criatura verá a salvação de Deus”.

Só numa vida austera, é possível fazer frente aos grandes interesses do mundo e às suas pressões, por isso, S. João teve a coragem de denunciar o escândalo público que Herodes dava ao “andar” com a sua cunhada. Não se importa com uma possível represália, incluindo a própria morte. Antecipa-se ao que Jesus dirá mais tarde, Lc 12: 4-5 “não temais os que matam o corpo, mas não têm poder para matar a alma. Temei antes, Aquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo”.  Não se importando sofreu a consequência da sua audácia sendo decapitado. Esta atitude será louvada por Jesus: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Baptista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele”.

Neste momento da História em que somos assolados pelo relativismo, hedonismo e materialismo urge meditar sobre a mensagem deste Santo. Claro que não vamos para um deserto físico, mas sim, dar mais espaço ao silêncio, ao recolhimento interior pois é só aí que conseguimos ouvir Deus. Também não temos de comer gafanhotos, mas, isso sim, sermos mais sóbrio na comida, na bebida e de um modo geral, no uso dos bens materiais.


Maria Guimarães



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