O amor humano é uma dinâmica,
pois a todo o momento se acrescenta algo, no sentido positivo, de bom, que
envolva e desenvolva mais afecto, harmonia e maturidade. Como em todas as fases
de qualquer crescimento, nem sempre este é feito de forma suave, por vezes
implica uma certa vontade e preocupação de estabelecer e favorecer alguns
pontos mais sensíveis, porém, é sempre mais sensato não quebrar a cana rachada…
No
matrimónio, fundamento da família, há uma relação de entrega e de inter-relação
entre todos os membros, direitos, deveres, afectividade, educação, interajuda,
partilha, porque todos formam uma realidade intrínseca, solidária, apaziguadora
e como pessoas são chamados à inevitável complementaridade. “Os cônjuges estão
reciprocamente vinculados pelos deveres de respeito, fidelidade, coabitação,
cooperação e assistência.” (Artigo 1672.º Código Civil - DIREITO DA
FAMÍLIA)
A direcção da família
pertence a ambos os cônjuges, que devem acordar sobre a orientação da vida em
comum tendo em conta o bem da família e os interesses de um e outro, pelo que
não há uma lista de deveres, mas uma relação na qual se devem dar uns aos
outros…
O amor
humano é uma consequência do amor divino, envolve o corpo e a alma, o casamento
é uma união e comunhão transcendente, logo tem de estar presente a igualdade de direitos e deveres
dos cônjuges, a integridade física, psíquica e moral, a unidade e a harmonia.
O homem e a mulher não são iguais, a não ser em dignidade.
Dum ponto ao outro do planeta a história da humanidade revela-nos que sempre existiram rituais próprios, religiosos
ou comunitários, de maior ou menor complexidade e duração, que antecederam a
união física e familiar estável de um homem e de uma mulher.
Em
tempos remotos, era dada a palavra
de honra nessas uniões e só isso chegava, a honestidade era um apanágio dos homens
e mulheres desses tempos. O casamento também já existia antes do cristianismo,
por isso Jesus também foi a um casamento, as bodas de Canaã.
Porém, parece que voltou a hora
de ser necessário lembrar ao
mundo o que é o Matrimónio, pois seguramente o seu significado
e conteúdo tem sido o mais vilipendiado nas sociedades ocidentais, com as
ideologias que surgiram e se foram implementado de mansinho nas últimas
décadas.
Foram
tantas as trocas e baldrocas que se inventaram para inverter este simples
sentido de união que vem do princípio dos princípios da humanidade, onde sempre
uma donzela se uniu a um varão, para poder conceber e dar à luz, realidade
física e fisiológica que ainda hoje se mantém.
Temos assistido
a um desmoronar deste e de outros princípios, desastres da humanidade que “legalmente”
foram abrindo facilidades para que alguns vivam egoisticamente as suas vidas e
os seus amores, ou desamores, negando a estabilidade e a complementaridade
familiar, a transmissão da vida e o amor aos filhos gerados, delapidando a
célula base social: a Família, composta normalmente por um homem, uma mulher, e
os filhos.
O matrimónio não é apenas uma instituição
social; não é um estado jurídico, civil e canónico, é o símbolo de uma nova
vida, a dois, a qual dará origem a uma nova família, fundamento duma sociedade
que se deseja sólida, unida, cooperante nas suas funções educativas, cívicas,
laborais e culturais, como forma de auto enriquecimento que naturalmente se
projecta em todos os recantos da humanidade.
Adilson Constâncio
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