Nas
circunstâncias actuais, todos tivemos de voltar a aprender uma “sabedoria” que
parece fácil, mas não o é tanto: ficar em casa.
“Ficar em
casa” não pode ser visto nunca como algo meramente passivo. Caso contrário,
corremos o risco de tornar a vida daqueles que nos rodeiam num verdadeiro
inferno.
É bom não
esquecer que as interações sociais mais importantes são aquelas que temos na
nossa casa. Por isso, devemos estar atentos às falhas no convívio diário que
podem estragar a nossa vida familiar: discussões sem motivo, frieza, egoísmo,
orgulho ferido, mau uso da língua.
Todos temos
de nos esforçar por cuidar o convívio mútuo em casa. Sermos delicados, sem cair
em modos pouco naturais. Acostumarmo-nos a não falar num tom dogmático de quem
deseja ter sempre a última palavra. Ou de quem pensa que sabe tudo e, por isso,
não tem nada de novo a aprender.
Já reparámos
que a grande maioria das discussões dentro do lar se devem a motivos fúteis que
o orgulho agiganta? E que nos levam a falar num tom de voz que ofende?
Não há maior
fonte de conflitos num lar do que o mau uso da língua.
Muitos neste
mundo morreram ao fio da espada. Mas muitos mais lares se desmoronaram devido
ao mau uso da língua: “espada afiada” que pode matar, porque possui uma grande
capacidade de humilhar.
Já diz São
Tiago na sua epístola: “a religião de quem não domina a sua língua é vã” (Tg 1,
26). É interessante meditarmos com calma – agora que temos mais tempo para isso
– na estreita relação que existe entre o amor a Deus e o esforço real por não
ofender os outros com as nossas palavras.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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