Hoje fui a uma palestra doutrinal
proferida por um sacerdote. Referia ele: ”Somos seres em relação. O dom sincero
de relação com os outros. Não somos uma ilha. Somos criados à imagem de Deus
que é Amor. Quanto mais conhecemos a Deus mais O amamos. Mas isso envolve
igualmente um esforço da nossa parte”. O sacerdote continuou referindo que
Santo António de Lisboa para nós, para outros mais conhecido como Santo António
de Pádua, tinha sido um homem extremamente sábio. Empenhou-se profundamente em
conhecer a Deus, percebendo que a vida não fazia sentido sem Deus, valia muito
a pena entregar-se a Deus e através d´Ele ao serviço do próximo, à difusão da
fé, já que o conhecimento humano, se a pessoa é humilde, conduz ao conhecimento
de Deus, encontrando a felicidade fonte de vida interior para a nossa vida que
leva à salvação. Deus é Amor, é uma Família, ou seja, a Santíssima Trindade, o
mistério central da fé, (Pai, Filho e Espírito Santo), que passa a habitar na
nossa alma em graça. Recordei um Tweet
do Papa Francisco: “A fé, como a vida, sem o encantamento, torna-se cinzenta,
trivial”. A nossa alma vive inquieta, insatisfeita, com as alegrias provisórias
deste mundo. A alegria verdadeira será vivida no Céu. Temos de nos deixar
apaixonar por Deus. Escolhamos o caminho de Jesus. Trata-se de um caminho que
exige esforço, mas é o caminho que conduz à paz. Santa Maria, Mãe da Igreja,
ajuda-nos a entregarmo-nos plenamente a Jesus, a crer no Seu amor, especialmente
nos momentos mais tribulados da nossa vida, quando a nossa fé é colocada à
prova, em forma de cruz. Santo Agostinho referiu: “Fizeste-nos, Senhor, para ti
e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em ti”.
Tenho uma amiga que passou um
período de grande tribulação na sua vida. Admiro-a muito. A sua fé não só não
se desvaneceu, mas pelo contrário deu-lhe uma força enorme. Apareceu-lhe uma
doença cancerígena. Foi operada. Fez os tratamentos habituais. Quando se
encontrava a recuperar, faleceu o marido. Contudo, encontrou forças para
continuar o seu doutoramento, que viria a concluir. Há alguns dias
encontrámo-nos. Estava tão bem. Falou com entusiasmo dos seus projetos, do amor
à família, das peripécias com os netos e do seu amor a Deus. Dei graças a Deus
por ter uma amiga com um caráter tão forte que não se deixa abater com os
piores acontecimentos. Tem um carisma muito especial, sempre atenta aos outros
e às suas necessidades, sabendo ouvir, com enorme disponibilidade e atenção. Sentimo-nos
acolhidos e compreendidos. Coloca tudo nas mãos de Deus e de Sua Mãe Maria Santíssima.
Na verdade transmite uma paz enorme e recria a esperança, já que tem sempre uma
palavra amiga, compreensiva, consoladora e de incentivo, recriando a esperança
no futuro, fazendo recordar a conhecida frase de Jesus: “De graça recebestes,
de graça deveis dar”.
Voltemos a Santo António que
soube dizer sim a Deus. Sentindo que Deus lhe pedia mais, partiu para África.
Na cidade de Marrocos viria a adoecer. Depois partiu para Sicília, onde
conheceu S. Francisco de Assis, que se apoiou em Santo António, sal da terra e
luz do mundo. È sobejamente conhecida a lenda de Santo António que não tendo os
fiéis participado na sua homilia na Igreja, foi fazer o sermão aos peixes, que
o ouviram atentamente, com a cabeça brilhando fora da água. Os fiéis que se
aperceberam deste acontecimento extraordinário foram chamar os outros, e assim
Santo António, mestre eloquente, faria um milagre e colocaria a Deus no cume.
Jesus disse: ”E eu quando for levantado da terra atrairei todos a mim”. Na
verdade os santos eram homens enamorados, loucos de amor por Deus, que souberam
dizer sim no grande e no pequeno. S. Josemaria costumava dizer: “Quero que
estejais enamorados. Porque se estais, não tenho medo. Tudo vai para a frente”.
Quão importante se torna cuidar da nossa vida espiritual, não a relegando para
segundo plano. Fazê-lo por amor. Temos de proteger o nosso Amor. Alguém, uma
vez, referiu: “O amor é como o pão. Se não cuidarmos dele fica duro, logo, é
preciso mantê-lo vivo todos os dias, sermos almas contemplativas, profundamente
enamoradas, se não pode vir tudo abaixo, porque carecemos de purificação
contínua”. Interiormente, pensei quanta verdade há nestas palavras. Às vezes,
andamos tão absorvidos nas nossas lutas e preocupações diárias que nos
esquecemos do mais importante. Da nossa transcendência humana, de nos
santificarmos diariamente por amor a Deus, que respeita a nossa liberdade. Deus
conta connosco para ajudar a mudar o mundo”. S. Josemaria escreveu in Caminho: “Que a tua vida não seja
estéril. Sê útil. Deixa rasto. Ilumina com o resplendor da tua fé e do teu
amor. Apaga, com a tua vida de apóstolo, o rasto viscoso e sujo que deixaram os
semeadores impuros do ódio. E incendeia todos os caminhos da Terra com o fogo
de Cristo que levas no coração”.
Concluo este artigo no Dia da
Solenidade da Santíssima Trindade referindo um conto sobre Santo Agostinho que
se encontrava na praia a meditar sobre este Mistério. De repente, deparou-se
com uma criança que com uma conchinha na mão punha água do mar numa cova na
areia. Questionou a criança que respondeu: “Estou a colocar neste buraco toda a
água do mar”. O Santo respondeu: “Isso é impossível!” A criança retorquiu: “É
mais fácil colocar toda a água do oceano na cova do que compreender o Mistério
da Santíssima Trindade”. E neste dia ouso recordar a oração eterna: “Glória ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. Na verdade, o verdadeiro bálsamo para a
inquietação é o Amor. Santa Maria, filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, Esposa
de Deus, Espírito Santo, rogai por nós, para que sejamos dignos de alcançar as
promessas de Cristo.
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