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sábado, 5 de janeiro de 2019

Beijos

O Menino Jesus soltara-se das mãos e caiu ao chão, ficando a cabeça separada do corpo. Zenão conseguiu colar as peças com bastante sucesso, mas, de um dos lados, ficou-se a notar o traço da colagem. Este ano, bastantes Natais após o acidente, tentou esconder o defeito da imagem mudando-a de posição. Era costume colocá-la entre S. José e Nossa Senhora, voltada de frente para quem olha o Presépio; agora pô-la defronte para a Virgem Maria que parecia preparar-se para O tomar nos braços.

Foi esta confidência de Camila a inspiradora do tema de hoje. A sua imaginação (ao pensar nos momentos em que a jovem Maria tomaria em braços o seu Filho) poderá inspirar-nos em algum momento de oração natalícia.

Festejamos o nascimento do Salvador do mundo, isto é, do Salvador de todas as pessoas do mundo que fazem pecados. Camila explicou-me que considera existirem dois tipos de pessoas: os pecadores que se negam a reconhecer os seus pecados e, portanto, pouco ou nada acreditam na salvação, e aqueles que têm consciência do mal praticado e, arrependidos, se alegram por ter Jesus como seu Salvador. Estes pecadores são os que, seguindo os conselhos do Papa Francisco, se confessaram na quadra natalícia, limpando assim a sua alma no sacramento que Jesus deixou.

Camila também pensou, que Nossa Senhora e S. José devem ter dado muitos beijos ao Menino. Beijos verdadeiros, sinceros, cheios de ternura, beijos que consolam, que enxugam lágrimas, que curam feridas. Enfim, beijos tantos, em tão grande número que lhe ficariam na memória e o consolariam dos sofrimentos que Lhe estavam para acontecer. É em cada confissão que vamos dando beijos a Jesus, primeiro com a boca suja (e o coração talvez temeroso), mas cada vez mais limpa à medida que o mal vai sendo retirado. No final, a alma rejubila depois de ter atendido os conselhos do sacerdote e cumprido a penitência, sempre curta comparada com os pecados. Porém, se algum pecado fica escondido na confissão, esse beijo é como o de Judas, leva à Paixão de Jesus e ao suicídio do pecador.

As crianças gostam de dar beijinhos a Jesus, talvez ensinadas por seus pais e avós. Esses são beijos que encantam, talvez os beijos mais parecidos com os da Virgem pura e de S. José. Cada confissão, sobretudo se for frequente, torna-nos semelhantes às crianças: confiantes e de alma limpa.

Em cada novo ano, em 2019 também, esperam-se novas vidas – por nascimento ou por vocação – porque a esperança é a virtude de esperar o bem. E assim devem ser os beijos: puros, limpos, reservados apenas para o bem.

Isabel Vasco Costa



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