Se bem me lembro,
minha primeira incursão no universo das esquerdas foi a leitura de “O cavaleiro da esperança”, livro
apologético em que Jorge Amado incensa a figura de Luís Carlos Prestes. Muita
água já rolara sob a ponte do século XX quando os tenentes deram o ar da graça
no episódio conhecido como os 18 do Forte, em 1922, do qual saíram vivos
Eduardo Gomes e Siqueira Campos. Depois viria a Coluna Prestes, em 1924, com a
marcha de guerrilha por mais de vinte mil quilómetros, com entreveros rápidos e
a febre amarela como inimigo constante.
Prestes, como os
demais revolucionários, não tinha inclinação marxista, que só abraçará depois
de internar-se na Bolívia e fixar-se na Argentina. Mais tarde o país será
surpreendido por uma tentativa de tomada do poder conhecida como Intentona
Comunista. “Memórias do Cárcere”, de
Graciliano Ramos, me ajudou a entender um pouco melhor a confusão daquela época.
Seu corte intelectual é diverso dos tenentes e, se a memória não me trai, até
se irrita com os militares com os quais dividirá a experiência da prisão,
quando recebeu influência comunista.
Por mais
miserável que sempre tenha sido, o povo brasileiro nunca aderiu às ideias
comunistas, que permaneceram adstritas a um contingente pequeno de pensadores e
militantes. Outras tentativas sobreviriam, comandadas por Marighela, depois por
Lamarca e mais recentemente por Osvaldão, na guerrilha do Araguaia. Embora
armados e fortemente ideológicos, tais movimentos tinham em comum a ausência de
senso de oportunidade histórica. Nasceram condenados ao fracasso porque
imaginavam que o povo, o povo miserável, mostraria massiva adesão. Uma vez mais
a leitura estava errada: o comunismo pode ser implantado através do
descontentamento de um povo, cavalo encilhado pela desídia e crueldade do poder
que será apeado, mas sempre pela força, não pela romântica adesão dos
desvalidos. Pelo menos até Gramsci era assim.
Mal saídos de um
processo eleitoral digno da Idade da Pedra, com bordunas e tacapes, sobram
ressentimentos entre amigos e familiares, demonstrando insuspeita imaturidade,
pelo menos em sua dimensão. O período teve o dom de revelar que não estamos
preparados para debate algum, o que não surpreende num povo que vive sob o medo.
Por outro lado ficou transparente nos últimos anos que as ideias de Marcuse e
demais integrantes da Escola de Frankfurt e sobretudo de Gramsci estão muito
presentes no ideário e nas ações da esquerda.
Seja como for, o comunismo
falhou, ainda que os mais renitentes jurem que o sucesso não veio porque não
foi socialismo de verdade. Duro de engolir, afinal se nem mesmo com a hegemonia
de que gozaram Stalin, Hoxha e Honecker, e a violência que praticaram, a coisa desandou,
há que admitir que a história mostrou que o comunismo não tem traços humanos. Forçar
um povo a viver sob o comunismo é como tentar fazer um gato latir ou corvos cantarem.
Não é o caminho.
Em meio ao
tiroteio eleitoral, ressurgiu um decálogo atribuído a Lenin: “1.
Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual; 2. Infiltre e depois controle
todos os veículos de comunicação de massa; 3. Divida a população em grupos antagónicos, incitando-os a discussões
sobre assuntos sociais; 4. Destrua a confiança do povo em seus líderes; 5. Fale
sempre sobre Democracia e em Estado de Direito, mas, tão logo haja
oportunidade, assuma o Poder sem nenhum escrúpulo; 6. Colabore para o
esbanjamento do dinheiro público; coloque em descrédito a imagem do País,
especialmente no exterior e provoque o pânico e o desassossego na população por
meio da inflação; 7. Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do
País; 8. Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas
não as coíbam; 9. Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade
e da crença nas promessas dos governantes. Nossos parlamentares infiltrados nos
partidos democráticos devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sem pena de
expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa
socialista;10. Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para
que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer
resistência à causa”.
Convenhamos
que estas linhas têm assinatura demoníaca, mas seria o decálogo verdadeiro? Imagino
que não, que seja apócrifo e que talvez tenha sido redigido há pouco tempo. O que
preocupa, entretanto, é constatar que muitos dos pontos estão visivelmente implantados.
Isto assume tal gravidade que até perde importância a descoberta do autor.
Importa descobrir quem vem implantando tais descaminhos no Brasil. Quem seria
capaz de algo tão hediondo?
J. B. Teixeira |
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